sexta-feira, agosto 17, 2007

Me deixa tomar cerveja em paz.

He heh heh, enfim, seis meses passaram rápido nem me lembro mais de como cheguei aqui. Só sei que com alegria escuto o guarda fechar a tranca das gradese deixo para trás o cheiro de mofo e carceragem que adquiri neste lugar.
Ao atravessar o portão principal tenho a visão que me fez aguentar quieto estes seis meses, não tem mulheres ,nao tem parentes, ninguém que venha me encher o saco dizendo que sabe como é passar um tempo vivendo como um sabiá enjaulado. Mas está lá, tudo que pedi ao Clóvis, meu advogado. A minha moto, a minha velha jaqueta preta e a mala com a grana que pedi pra ele deixar na porta do presidio.
Atravesso a rua sentindo o sol de outono recarregar minhas baterias e pensando que direção tomar. Resolvo conferir se a grana realmente está na mochila, confio no Clóvis, mas ele é advogado né, e pra essa raça nao é bom dar 100% de crédito. Dessa vez ele foi além do combinado deixou a grana e um maço de malboro. Noto que ele está a uns dois quarteiroes na frente só observando, olho pra ele e aceno ligeiramente com a cabeça. Ele acelera com força o velho Camaro 69 que restauramos juntos.
Esses sinais, para outras pessoas nao significam nada, mas para nós é algo como uma grande reunião e e demonstração maior de afeto e agradecimento que podemos ter.
Monto na minha Shadow 750 dou duas aceleradas grandes olhando o camaro e resolvo seguir para o sul.
Com o dinheiro que tenho da pra chegar com calma e bem até Mendonza e acertar algumas contas com os caras que me fizeram passar seis meses vendo o sol nascer quadrado.
Oito horas e mil quilometros mais tarde estou num bar sujo numa quase cidade no interior do paraná tentando tirar a poeira vermelha da minha garganta com uma cerveja gelada qunado entra ela.
Linda, como se fosse uma personagem de um filme do Tim Burton, branca como a lua cheia, de cabelos negros como a noite e um corpo de quebrar maldições. Ela passa os olhos pelo bar, como se estivesse procurando alguém, e para justamente em mim. Joga um mochila na mesa me dá um beijo cinematográfico e diz:
-Guarde pra mim.
Depois sai correndo pelos fundos como se estivesse figindo da morte, não entendo nada e continuo com minha cerveja.
Um minuto depois entram no bar quatro manés mal-encarados segurando facas e pedaços de pau , me olham como se eu fosse um ET me parguntam sobre a garota. Digo que nao sei de nada, mas um idiota (sempre tem um idiota) derruba minha cerveja e me dá um soco no peito.
Olho para o lado e alcanço um taco de bilhar com o qual num movimento unico derrubo dois dos brucutos e olho no fundo dos olhos do cara que parece ser o chefe da gangue.....



Continua.......

terça-feira, julho 10, 2007

Como é legal encontrar velhos amigos.

hã?!?!?
Ele se surpreende ao ouvir uma voz conhecida chamar pelo seu apelido, afinal faz alguns meses que não encontra ninguém do seu convivio, talvez pelo fato de estar na Bolivia, ou talvez pelo fato de nao estar usando mais cocaína. Tanto faz, o importante é que ao olhar para trás lá está ela, envergando a velha camiseta do The doors ( me pergunto se ela sabe o nome de algum integrante alem do Jim...) com o cabelo solto e uma garrafa de budweiser na mão.
-Puta que o pariu, o que vc tá fazendo aqui cara ??
- Fugindo de pessoas iguai a você! - eu penso- estou viajando de férias - respondo.
Porra quanto mais eu fujo, mais as vida da qual eu estou tentando me livrar mais surgem restos dela escapando pelas frestas.
Andamos até o bar mais sujo à nossa vista e ela me diz algo sobre viagem espiritual, peyote, e transcendencia mistica. Tomo um gole de cerveja, e balbucio algumas palavras sobre como ela esta bonita (mentira, mas acho que um tarde de sexo com uma louquinha na primavera boliviana vai cair bem nas minhas memorias).
Menos de trinta minutos depois estamos a caminho de um hotel barato em Puerto Quijarro, eu com minha velha mochila preta apenas com coisas de uso pessoal e ela com uma mochila estilo hippie abarrotada de grande parte das drogas ilicitas conhecidas.
Bom, só me lembro de quatro dias depois to numa ressaca desgraçada num quarto de hotel imundo com pilhras de garrafas long neck de budweiser num canto, pontas espalhadas
e uma calcinha com um bilhete agradecendo por eu ter ajudado a descobrir o animal interior dela!?!
Bom pelo menos acho que nao acho mais nenhum conhecido aqui

sábado, junho 23, 2007

Dinovo

Como um mestre ninja velho, calçando sandálias sujas e sorrindo sem dentes para a morte. Aquecendo minhas mãos geladas nos bolsos da velha roupa doada palo imperador, que após várias doses de rum, distribuía ouro negro. O rum, essa merda, trazidas pelos estrangeiros é o demoônio engarrafado e faz com que cavalheiros cordiais se portem como bandidos brutais. Mata um homem e come. Também estou. baby.
a Velha poeira vermelha do noroeste de sp me deixa como um velho carro norte-americano

10 mãos

Enquanto tudo parece certo, quem perde ganha. Após verificar a garrafa de vodka vazia, saiu a passos tortos.

Frases

Parabéns, cara!
Pode beber agora. Limpou a cinza do cigarro que havia caído na calça jeans e deu mais um trago.Com movimentos lentos, levou a mão ao copo e o copo a boca, e fechou os olhos. Agora lembrava-se.
Ouvindo os novos jazz bombando no velho continente com minha garota e meus bons brothes, sinto meu corpo flutuar, como se fosse um balao de hidrogenio, e penso:
- Garças não são animais tão sem-graça
, mas a vida é mesmo engraçada, pois sempre que pensando que estamos indo, na verdade estamos vindo...
Bem, na verdade estávamnos "muto loucos!
A idéia foi minha:
- Então vamos?
- Eu não sei... Mas acho...


Estou mudando muito, acreditando mais, passando por mudanças que sempre achei impossiveis de acontecer em minha vida...agora,estou cercada de pessoas que fazem parte, e que jamais poderei esquecer...afinal...apredendo cada dia mais com cada um!
São pessoas que me ensinaram a cobrar menos de mim, a sorrir dos meus erros...e a acreditar que tudo é possivel!
várias geladas depois..... to vendo tudo em sistema dual video ( td duplo!).... porra ! Eles estão desrespeitando o velhoNat Wilder
Hoje todo eles estão rindo de cada coisa que faço, chego até me sentir ridicula por isso, mais acredito que eles estão se divertindo como eu!!
Mais eu me divirto muito mais com eles...fazem com que eu esqueça o quão dificil é estar nessa vida insossa que levamos..sendo oq não somos e o q não queremos ser para sermos um pouco dignos dessa sociedade que impõe que a gente faça sempre o ridiculo de não sermor oq somos!!!
Depois de horas, desperta. Crê que tudo é correto e faz sentido. Bobagem.....acende um cigarro, vai cambaleando até a geladeira, onde uma garrafa de água gelada o aguarda. Abre e logo desiste, não resisitindo a tentação de uma cerveja que lhe sorri da prateleira de cima. Fecha a geladeira e num movimento brusco vira-se, pisando no rabo do cachorro. Merda, nunca percebia a judiação que causava em quem mais gostava.
Brisa?
Vai saber.
Nessas horas ninguém tem certeza.
Disse um literato: "...a Viver é uma coisa perigosa...".
Sempre preferi Clarisse: Ambos em museus... Já imaginou, alguém que você não conhece, um texto qualquer - igual esse -, algo tipo uma: ... Uma brisa? Será que nesse universo:
- Seus sentimentos são só seus?
Poderá um dia viver junto dos ditos "normais".
Sente que após fechar os olhos tudo fica estranho. Acorda sobressaltado e respira fundo, fugindo de mapas não riscados, que levam a todo e qualquer lugar.
Finge-se de sério e veste-se à risca. Toma uma pinga, sorri e acena para o padre, que na porta da igreja procura as criancinhas mais belas para arrebanhar. Então esquece-se de comprar o jornal, caminha mais alguns passos e encara a metrópole. Covarde, não percebe o quanto tem de ter atitude. Não sabe ao certo se a melhor solução é aquela que lhe parece honesta. Repara então aquela garota de olhos claros e sombra negra nas pálpebras, calça de couro colada ao corpo e decote provocante. Por um momento, vai para outra brisa;
Sendo assim, prefiro o paraíso pelo clima e o inferno pela companhia.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

A caixa - por Rodrigo Pinto

Almet caminhava pelo deserto, suando e com um cajado na mão direita, apoiando-se nos cactos e pedras no caminho. Era meio-dia e o sol castigava seus olhos e a boca seca. Parou e procurou o cantil amarrado na cintura. Levou-o a boca e tomou alguns poucos goles, economizando o precioso líquido. Faltavam seis quilômetros para a vila, uma boa caminhada para um homem que já havia percorrido mais de 15, desde o nascer do sol. Tinha ido com uma missão até a casa de Rafath, no vilarejo vizinho, buscar especiarias e mantimentos. Por isso, vinha com uma grande mochila nas costas, e também a responsabilidade de alimentar os quatro filhos que o aguardavam com sua esposa, Ramef. Depois de tantas horas de caminhada, Almet já não pensava com clareza. Vinha com a vista turva, as mãos calejadas, e as pernas doendo. Foi quando tropeçou em alguma coisa, e foi ao chão. Preguejou com raiva e foi ver o que o havia derrubado. Observou com atenção e seus olhos brilharam ao perceber uma caixa de madeira, toda entalhada com símbolos que ele nunca havia visto. A caixa era pequena, então Almet apanhou-a e guardou num canto da mochila. Continuou sua caminhada mais tranquilo, e a mochila lhe pareceu mais leve. Não tinha mais dores nem sede, então rapidamente chegou a sua casa. Ficou muito contente em rever a família, e foi para seu quarto descansar. Observou sua mochila encostada num canto, e lembrou-se da estranha caixa. Pegou-a e examinou minunciosamente, cada símbolo, cada detalhe da caixa. Então resolveu abri-la. Decepcionou-se. Havia apenas um pedaço de pergaminho enrolado. Contrariado, desenrolou-o e leu : " Esta é a caixa de Menfarej. Deposite aqui sua dor, e nunca mais a verá. Entretanto, cuidado. O que lhe parece doloroso, pode ser seu maior tesouro." Com essa nota enigmática, Almet fechou-a novamente e foi dormir.
No dia seguinte, Almet é surpreendido com a notícia da morte de seu velho pai. Al-Elmet estava doente havia muitos meses, e já era sabido que cedo ou tarde, ele padeceria. Mas mesmo assim, Almet sofre demais. Chorava o tempo todo, e durante o funeral, não conseguia se controlar. Chegando em casa, lemrou-se da caixinha e foi até onde ela estava guardada. Abriu-a e não encontrou o pergaminho. A caixa parecia esperar que ele depositasse algo ali. Então ele concentrou-se firmemente, pediu paz e que aceitasse a morte de seu pai. No instante seguinte, Almet sorria. A caixa mostrou-lhe seu pai entre anjos, saudável e sorridente, no paraíso. Almet olhava para o fundo da caixa e assistia aquilo como um filme. Estava feliz. Quando fechou-a, sentiu uma sensação de paz invadi-lo. Conforto. Então Almet soube que tinha encontrado uma caixa mágica, com certeza. Assim, Almet foi vivendo sua vida, sem preocupar-se com o que viesse de ruim. Confiava na caixinha. Quando seu filho mais novo adoeceu, Almet não quis saber de médicos ou hospitais. Almet correu à caixa. Abriu-a e mentalizou seu filho doente. O quanto ele estava sofrendo por ver seu filho moribundo.
A história termina com Almet procurando desesperadamente seu filho que havia desaparecido misteriosamente do berço.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

O que é importante pra mim - por Rodrigo Pinto

Atenção : este texto não foi revisado, não é baseado em fatos reias e não tem patrocínio de nenhuma das empresas citadas.


Aristides acordou cedo na quinta-feira. Levantou-se com dificuldade, culpa das doses de vodka que ingeriu na noite anterior. Meio trôpego, caminhou lentamente até o banheiro, e o contato do azulejo frio na sola dos pés fez com que despertasse um pouco mais. Vagarosamente abriu o chuveiro, e tomou um rápido banho. Alguns minutos depois, já barbeado e vestido, saiu de casa atento. A cabeça doía, então passou numa farmácia pra tomar alguma droga pós-ressaca. Martigando um trident de menta, correu até o ponto de ônibus, e ainda ajeitando a gravata, sentou-se na janela. Era um dia importante, não podia chegar amarrotado. O trânsito estava péssimo, e Aristides cochilou. Capotou, melhor dizendo. Aristides babava na camisa limpa e sonhava. Via prateleiras de doces e garotas de biquíni. Via um céu estrelado e também uma estrada de areia que levava a uma cachoeira.... Sonhava e sorria. Quando despertou, sentiu a camisa encharcada de baba e fedendo álcool. Praguejou contra a própria vacilada, e num rápido olhar pela janela, percebeu que havia passado do ponto. E muito. Com raiva, levantou-se desesperado, e nem percebeu sua carteira caindo do bolso. Deu sinal e desceu do coletivo lotado, sendo xingado por velhotas e office-boys de calça larga. Desceu numa rua comercial, e entrou numa loja afim de comprar uma camisa. Era um compromisso importante, droga! O dia mais importante de sua vida, talvez. Não podia chegar com baba de bêbado na camisa. A camisa tinha uma rodela amarelada de baba, ele tinha que jogar no lixo aquela porcaria, então começou a experimentar uma parecida que estava pendurada perto da vitrine. Valeska, a vendedora, aproximou-se com um sorriso, oferecendo-lhe seus serviços. Aristides mal respondeu, disse que já havia escolhido, e ia pagar. Valeska, solícita como deve se esperar de uma vendedora, foi tirar a tal da nota fiscal, para que ele pudesse pagar no caixa. Nesse meio tempo, Aristides percebeu que estava sem a carteira. Puto da vida, utilizou de sua esperteza, e rapidamente, pendurou sua camisa nojenta, babada e suada, no lugar da outra que estava vestido. Quando Valeska voltou, ele já tinha ido embora, mas ela nem notou a troca, acreditando que o homem desistira da compra. A passos largos, Aristides olhava o relógio de pulso e ia perdendo o controle. Não podia chegar atrasado, era um compromisso importante demais. Começava a ficar descontrolado. Na onda de pânico, avistou uma mulher carregando pacotes teve uma idéia. Se ofereceu para ajudar. Esta aceitou, e jogou os pacotes nos braços de Aristides, que ajudou a levar até o carro. Isso, um carro. Era o que ele precisava. Quando a mulher abriu o porta malas do automóvel, Aristides arremessou os pacotes no rosto dela, e apoderando-se da chave, saltou para dentro do veículo, ligando e acelerando com violência. A arrancada foi perfeita, e logo ele dirigia-se a toda velocidade pela avenida Rebouças para seu compromisso. Um sorriso perpassou seu rosto, ele não acreditava, ia dar tempo! Gênio! Roubar um carro para ir até o compromisso. Não era ladrão, oras. Mas tinha que tomar alguma atitude. Roubou uma camisa também. Não era ladrão, oras. Mas tinha que tomar alguma atitude. Enquanto pensava nas justificativas para seu comportamento, avistou a sua frente um comando policial. Merda! Com habilidade, virou a primeira a direita, mas não percebeu que era contra-mão. A batida foi inevitável. Chocou-se de frente com um caminhão da Coca-Cola, que derrubou caixas de lata e garrafas pela pista. Aristides sacudiu a cabeça, espalhando caco de vidro. Levantou-se e se afastou do carro, deixando pedestres e motoristas atônitos. Correu pelo meio-fio, olhando no relógio de pulso. Dobrou outra esquina e pulou um muro, fugindo como podia. Raios! Que azar! Mas ia dar tempo, ia. Ele estava a apenas dois quarteirões do local combinado. Corria como podia, mancando, pois havia machucado o joelho no acidente. Quase chegando, foi abordado por uma horda de hare-krishnas que cantavam e dançavam ao seu redor. Deu uns sopapos em uns dois deles e continuou com ânsia. Estava chegando, ia dar tempo. De repente parou. Avistou um espelho na fachada de um grande hotel. Seu estado era lamentável. Sujo e com cacos de vidro no bolso que ficava no peito da camisa. A calça estava rasgada no joelho, que sangrava. As mãos, vermelhas e quentes, também sujas de lama do rio Ganges. Sem grana, sem documentos. Procurado por roubo de carro. Lamentou-se por ser um perdedor. Sentou e chorou. Lembrou-se da vendedora Valeska, que lindo sorriso. Lembrou-se da dona do carro, tomando um saco de compras do Carrefour na fuça, e caindo desajeitada. Lembrou-se dos funcionários da Coca-Cola, desmaiados e machucados na boléia do caminhão. Lembrou-se dos pobres Krishnas, cheios de fé e amor. Então sentiu-se um egoísta. Pensou em quanta gente ele havia passado por cima pensando em si mesmo. Era tão importante pra ele. Passou uma madame e jogou-lhe umas moedas. Ele comprou um cigarro solto, e fumou calmamente. Foi caminhando lentamente de volta pra casa. Olhou no relógio e sorriu : pelo menos, teria dado tempo.