terça-feira, dezembro 05, 2006

Horários impossíveis

Os passos são rápidos, mas não tanto para que as pessoas não percebam sua pressa , vai subindo a rua sem olhar para os lados, de vez em quando da uma trombada nos ombros de alguém. O suor começa a correr na sua face.
Ele sabe que não vai dar tempo, sabe que devia ter marcado alguns minutos mais tarde. Enfim chegou a estação do metrô, mas que merda! A fila para comprar o bilhete está imensa, putz, não vai dar tempo! Caralho! Vai contar as moedas fora do guichê seu viado!
Até que enfim minha vez, cadê a merda das moedas, ahh aqui estão. Até que enfim, consegui chegar a plataforma agora são só mais dez minutos.
Porra de metrô que só anda e para, já estou 25 min atrasado, não vai dar tempo!
Ufa!cheguei à São Bento! Agora é só atravessar a estação!
Começo a correr, sabendo que não vai rolar, enfim cheguei à boa vista.
Lá estão eles com os copos cheios, e já estão me xingando, Putos!
Enchem meu copo, mas continuam e me encher a paciência, acho que eu gosto desse bando de bêbados me enchendo, por isso prefiro chegar atrasado e beber a cerveja junto com eles!

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Uma canção para Alaor - por Rodrigo Pinto

Eram 16 horas e Alaor estava sentado em frente ao computador, na redação do tablóide sensacionalista em que trabalha, tentando terminar sua coluna para entregar até o final da tarde, mas não conseguia se concentrar.
Calor desgracento, que deixava a testa gordurenta, e fazia o suor brotar detrás da orelha. Ele aforuxava a gravata manchada de café e enxugava a o rosto com a palma da mão, enquanto a outra segurava um cigarro. O clima modorrento do local contribuía para a falta de inspiração. Alaor bufava, e agitado, mexia-se na cadeira. Dava mais um trago no cigarro e tamborilava os dedos na mesa. Foi quando ele ouviu. Levantou a cabeça e prestou atenção, como um cão que levanta as orelhas. Eram vozes. Distantes, mas com certeza milhares de vozes. Uma multidão. Pareciam cantar alguma coisa. Alaor espichou o pescoço pro alto, e olhou para o nada. Queria ouvir melhor. O que diziam as vozes? Bem lá no fundo, conseguiu entender. Realmente era uma canção. Uma marchinha de caranaval, que ele particularmente odiava, afinal faziam trocadilho com seu nome toda vez que ela tocava: " Alalao-o-o-or o-o-or , mas que calo-o-o-or", de novo : Alalao-o-o-or o-o-or , mas que calo-o-o-or" .
Alaor teve ódio. Desde criança, detestava aquela musiquinnha, aquele trocadilho ridículo era motivo de sarro dos colegas. Lembrou-se de sua infância na periferia paulistana, o calor de fevereiro, e ao chegar na escola, seus amiguinhos gritavam : Olha o Alaor!!! Ele tentava correr, mas as crianças o cercavam, davam as mãos e cantavam : "Alalao-o-o-or o-o-or , mas que calo-o-o-or" "Alalao-o-o-or o-o-or , mas que calo-o-o-or" , e riam, riam muito do pobre do Alaor. Batiam na sua cabeça e chutavam seu traseiro, cantando : "Alalao-o-o-or o-o-or , mas que calo-o-o-or". Malditas crianças!
Ele levantou-se de um pulo da sua cadeira, derrubando o cigarro no tapete. As vozes continuavam a cantar. Ele foi até a janela, abriu-a e procurou de onde vinha a cantoria. Não viu nada, além de prédios cinzas e carros acelerando. Pessoas caminhando e ambulantes vendendo merda. Fechou o vidro com uma batida, e foi conferir os colegas de redação, só podia ser sacanagem de algum deles. Viu o Moacir, lendo o jornal. "Alalao-o-o-or o-o-or , mas que calo-o-o-or" , olhou para o Fred, que estava tomando café junto com o Eusébio. "Alalao-o-o-or o-o-or , mas que calo-o-o-or". Foi até o banheiro, vazio. "Alalao-o-o-or o-o-or , mas que calo-o-o-or" . Desesperado, corria pra lá e pra cá, procurando de onde vinha a maldita melodia. Correu entre as mesas, derrubando canetas e papéis. Os amigos olhavam espantados. Alaor abira gavetas, batia as portas dos armários, revirava cestos de lixo. "Alalao-o-o-or o-o-or , mas que calo-o-o-or" . Alaor suava e abria as cortinas, levantava o tapete, fuçava na terra dos vasos de flores. Onde estavam os malditos? Aos poucos as vozes foram ficando mais altas, e Alaor descontrolado, tapava os ouvidos, lembrando os traumas de infância. "Alalao-o-o-or o-o-or , mas que calo-o-o-or" . Correu para as escadas e desceu os degraus de dois em dois. Passou pela portaria do prédio, tapando os ouvidos e sacudindo a cabeça, as vozes agora praticamente gritavam nos seus ouvidos. "Alalao-o-o-or o-o-or , mas que calo-o-o-or" O sol do final de tarde ofuscou seus olhos quando alcançou a rua, e ele não percebeu que ia para o meio da avenida. Um ônibus em alta velocidade acertou Alaor em cheio, jogando-o a metros de distância. Silêncio. Os curiosos se aglomeravam, e viam o homem ali caído, com as duas mãos no ouvido, e um sorriso no rosto.
Alaor acordou no hospital, meses depois.
Não ouvia mais canção alguma, então sorriu mais uma vez. Silêncio do hospital. Cheiro de flores. Finalmente paz. Tentou se mexer e não podia. Nem braços, nem pernas, nada além do pescoço. Ouviu os passarinhos cantando do lado de fora, e acompanhou o ritmo dos assovios com a cabeça pra lá e pra cá ."Alalao-o-o-or o-o-or , mas que calo-o-o-or" ...

quarta-feira, novembro 29, 2006

Dentes grandes - por Rodrigo Pinto

Sombria e traiçoeira, ela movia-se rapidamente, quase invisível pela escuridão. Como um bicho peçonhento, rastejava agilmente em direção de sua presa. Seus ouvidos captavam o menor ruído e o faro aguçado permitia sentir cheiros a quilômetros de distância. Ouvia o som de música alta e conversa. Altas horas da noite, a hora preferida. Galgava o topo das árvores levemente, quase sem peso. Deparou-se com um muro alto, e num pulo já estava do outro lado. Vestida de negro, cabelos loiros, ela era um perigo ambulante. Invadiu o clube e já conseguia enxergar sem dificuldade o salão de baile lotado. Jovens bebendo e rindo, rock'n roll rolando. Era dia de show do Korzus e ela sabia que no meio da galera nem seria notada. Nenhum daqueles adolescentes perceberia aquela loira pálida e fria movendo-se entre eles. Ela ajeitou os cabelos, arrumou o generoso decote e adentrou. Alguns caras admiravam sua beleza, sem perceber o quanto era amaldiçoada. Andou alguns passos acompanhando a música e encostou no balcão do bar. Não demorou para ser notada por Alfredinho, moleque com fama de conquistador que andava sempre pelo salão atrás de gatas pra paquerar. Ao ver aquele loira sozinha no bar, não pensou duas vezes. Caminhou até ela e puxou conversa :
- Oi gata, nunca te vi por aqui.
-Essa é velha, guri - disse ela, sorrindo maliciosamente.
-Mas parece que você gostou ! Sou o Alfredinho.
-Muito prazer, meu nome é Aléxia.
-Uau que nome diferente gata. Vamos dançar?
-Não sei dançar. Mas sei fazer muitas outras coisas se vier comigo...
Alfredinho arregalou os olhos e acompanhou Aléxia levantando-se e saindo jogando os cabelos, exalando sensualidade. Ela, por sua vez, reparou na veia pulsante no pescoço do rapaz, e com facilidade estava seduzindo-o.
Sem demora ele foi atrás dela que saía do salão e ia para o jardim. No meio do caminho, bêbados, maconheiros e casais se misturavam na escuridão. Alfredinho não estava acreditando na sua sorte, e agarrando Aléxia pelo braço, pediu :
-Espere por mim!!
Ao sentir o pulso gelado da garota, soltou-o. Ela virou -se e encarou-o com olhos vermelhos como brasa. Assustado, o garoto recuou, mas no momento seguinte ela já o segurava pelo pescoço e com força vampírica, esmagava sua traquéia. Deixou as presas a mostra e cravou com força no pescoço de Alfredinho que sem ar, não conseguia gritar. Sorveu grandes goles e soltou o corpo inerte no chão. Limpou o sangue com as costas da mão, e com o bico da bota, empurrou o cadáver sem sangue para atrás de um arbusto.
-Não disse que sabia fazer outras coisas , Alfredinho ? - e riu maldosamente.
Agora ela estava alimentada, pronta para realizar sua vingança. Com o sangue tomado, seu corpo parecia muito mais belo, os cabelos brilhavam com a luz da lua. Ela era linda, sensual e mortal. Um perigo delicioso. Ela tem dentes grandes.

......homenagem a André Vianco.......

terça-feira, novembro 28, 2006

Um dia de cão

7:00 da manhã, 27º graus, uma ressaca do caralho acompanhada de uma diarréia filha da puta, me levanto, sabendo que estou atrasado e não acho uma camiseta limpa.
Pego uma camiseta preta e desbotada do Metallica e me dirijo para o ponto de ônibus, que pra minha “sorte” acabou de passar. Por isso tenho que correr dois quarteirões e inteceptá-lo antes da avenida principal do bairro. Quando consigo pegar a porcaria do coletivo, que já está lotado, lembro que esqueci minha maconha, essas pequenas coisinhas do dia-a-dia acabam com minha paciência na quarta-feira logo cedo. Mas ainda não acabou sentam duas Marinetes uma perto do cobrador, outra no último banco e ficam conversando, com aquelas vozes de gralha , acho que nuns 137 decibéis, e meu nível de estresse aumenta. Rapidamente, uns 40 minutos depois, eu chego ao metrô que por coincidência também está lotado e não é que as duas desgraçadas com voz de gralha pegam o mesmo vagão que eu!
Mas não perco a esportiva, vou espremido até a desgraça da estação da Sé, lá entra a já famigerada manada de gnus-de-rodeio e me imprensam ainda mais, pra piorar uma velha me olha feio achando que eu to encoxando aquela bunda gorda, que mais parece uma casca de mixirica, mas mesmo assim eu continuo impassível.
Enfim chego a estação do meu destino (sim aquela merda de empresa exploradora que banca a merda do meu aluguel) ainda corro mais dois quarteirões pra não chegar depois do horário, mas mesmo assim perdi 5 preciosos minutos da empresa.
Nessa hora seu José, um nordestino legal que cuida da portaria vem me zuar e diz que estou 5 minutos atrasado, ele não devia ter dito isso.
Respondo com toda a classe que os presidiários do extinto Carandiru tinham
- Vai tomar no cú velho filho da puta!
E entro calmamente, na sala onde irei passar mais 9 relaxantes horas do meu dia.

segunda-feira, novembro 13, 2006

100 título - por Rodrigo Pinto

Atestando a qualidade dos produtos.
Ao princípio da nobre 2° feira, domingo descontrolado, a ponto de danos materiais causados pelo excesso de confiança adquirido pelo cio feminino. E que saudades. Aquele segredo tão macio e quente, aquela noite louca, ouvindo Kleiton e Kledir cantar paixão. Proximidade e querer que linhas loucas possam trazer a realidade infinita, num maluco loop de emoção, em cada gesto, em cada sorriso, em cada toque ao bel querer. A vida prometida, levando a sério cada momento, te mantendo firme as suas convicções.
Pagando caro, talvez nada. Nunca é sempre e cada segundo é um aprendizado. É até engraçado os caminhos do pecado.
Confiar em si mesmo e torcer pelo bem. Eternamente bem. Começa assim, as vezes mal. Onde será que isto vai parar? Pagar pra ver. 27 anos de felicidade, olhando coisas mesquinhas e mantendo-se atento. Admira-se com o novo mundo. O nosso, velho e bom, esquecido e trocado por momentos com alguém. Continua ali, esperando como a noiva que até o último instante, permanece no altar. Deixa aflorar o que é belo, o resto jogue aos ratos. Confia e percebe o quanto tem ainda para "mostrar". A quem?
Orgulha-te a ti mesmo e o som que te agrada é a vontade não forçada que te guia ao certo caminho. Não para ninguém, sim pra todo alguém que queira participar. Confunde as idéias e afasta o pensamento, essa presença terna de um velho boêmio, cercado de secos e molhados, de aventuras e esperança, fica claro o risco a correr. Nada é por acaso, e será resolvido de acordo com a fé que traz. Posso parar agora? Olhar do lado e ter certeza de que vai valer a pena.

terça-feira, agosto 29, 2006

Hora do mergulho - por Rodrigo Pinto

Por mais que pense, não consegue sorrir. Levanta-se, tira o pó do casaco e caminha a passos curtos, em direção a lareira. Enfia a mão no bolso e tateando procura um pequeno bilhete em papel pardo. Retira do bolso, em meio a cédulas de baixo valor amassadas, o tal papel. Abre e relê, uma , duas vezes. Atira-o ao fogo. Acabou-se. De súbito, leva as mãos à cabeça, e num gesto louco, sacode-a para os lados, como um enorme hipopótamo incomodado com moscas varejeiras nojentas.
Gira o corpo, e no momento seguinte sai em direção a porta. Abre-a num rangido e um vento cortante invade o aposento. Sai pela rua, procurando o bar mais próximo. Não demora a encontrar, e puxando as míseras notas sujas, estende ao dono do bar, que lhe serve uma vodka com gelo. Demora-se tomando, lembrando daquelas estranhas palavras que mudariam sua vida. Acende um cigarro e apóia a cabeça nos braços, fumando olhando para o bico das próprias botas, desgastadas pelo tempo. Traga com vontade, e sopra a fumaça em direção da lata de lixo imunda, com vermes enrolados num pedaço de carne podre.
Levanta os olhos num ânimo renovado, e de um gole só, termina seu drink. Sai do bar às pressas, com uma urgência incomum, e a passos largos, quase correndo, vai para as docas. Cheiro de peixe, marinheiros e estivadores jogando baralho e bebendo rum, como velhos piratas parados no tempo. Nem notam a presença daquele homem de sobretudo, barba por fazer e hálito de álcool, que caminha serpenteando a margem. Respira fundo aquele ar salgado. Pára e pensa. Ouve o pio de uma gaivota, e a sinfonia das ondas. Sente vontade de chorar e sabe o que deve fazer. Tira as botas e sobe na amurada mais próxima, sentindo o frio nos pés. Um mendigo lhe rouba os sapatos, e ele mergulha. Silêncio e escuridão. Frio, molhado. Afunda vagarosamente, sorve vários goles de água salgada e entrega-se. Num último instante, ainda vê o rosto dela.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Continuação.....por Rene Donato

ANTES DE LER ESTE, LEIA O POST ANTERIOR:

Ouvi gritos de socorro ecoando pelos ares, como uma sirene de ambulância insuportavelmente teimosa queresolve espantar os pombos do fio.-Tive que voltar para acudir aquela "xarope" novamente.Entrei na casa dela correndo sem saber o que poderia estar acontecendo, me deparei...com uma mulher...toda ensanguentada..._ Novamente ela se assustou ao me ver...mexeu oslábios como se quisesse dizer algo, mas o ar não saiu.Eu disse...tá bom..já sei...já sei! Coisas de mulher.Então disse a ela:- Meu dia está um porre hoje...estou tentando sair paratrabalhar, mas não consegui nem sair da rua de casa. Salvei umavelhinha, e quando fui ver se havia quebrado as pernas, elaachou que eu pudesse estar abusando dela e saiu correndo. Ajudeium gato a descer da árvore tomei unhada na cara...e vc nemviu...e pra finalizar abri o resgistro da sua casa que vc mesmohavia fechado ontem porque os garotos da rua vem beber agua na sua torneira. E vc ainda achou que eu era um fantasma só porqueseu chuveiro começou a sair água sozinho!- E agora vc ainda vai querer o que ? Que eu vá comprar absorvente na farmácia?!Ela agora parecia totalmente descrente e desnorteada.Resolvi que não iria mais trabalhar no PS naquele dia..que se dane...se alguma vida teria que ser salva..que fosse a minha...fui me isolar na minha casa,e no caminho pensei: "UMA MULHER COM TPM!? DO QUE NÃO É CAPAZ?!" (bem, pelo menos ela deveria estar melhor, afinal já havia menstruado!)

segunda-feira, agosto 21, 2006

História.....continue..... - por Carina Martins, leitora do Arauto

Estava eu sentada no banquinho em frente a pracinha da Mariposa que fica ao lado do quartel policial aqui mesmo em Nossa senhora dos perdões, um bairro pobre, porém com muitas pessoas honestas e trabalhadoras. De repente veio um carro desgovernado e atropelou uma senhora idosa, ela devia ter uns 60 e poucos anos. A rua em poucos minutos ficou cheia, com muitos curiosos querendo saber se tinha sido algo grave, mas graças a Deus, a velhinha só teve alguns arranhões. Foi a sorte! Continuei ali mesmo sentada no meu banquinho vendo aquele vai e vem de gente quando avistei um homem todo de branco, com um semblante muito honesto como a maioria por aqui, ele se aproximou da senhora que sentada no meio fio com algumas escoriações e falou:
- Olá senhora eu fui mandado aqui para salvar a senhora que por um fio não perde a sua vida . Mas quem é você?
- Eu sou um estagiário do P.S aqui do Centro desta cidade, mas eu posso lhe ajudar! A velhinha calou-se por alguns estantes e soltou um longo:
- Obrigadoooooooooooooooooooooo querido, mas eu já estou bem e posso me levantar e caminhar!
- Mas senhora, vamos fazer um curativo?
A senhora levantou-se e disse em alto e longo som:
- EU JA DISSE QUE NÃO PRECISO DE SUA AJUDA! OBRIGADA!
Neste momento a velhinha saiu caminhando numa velocidade muito rápida, todos que estavam por perto, acharam estranha aquela reação, mas não havia nada que pudesse ser feito, já que ela era maior de idade.
Resolvi entrar e tomar um banho já que o sol estava muito quente e eu já estava muito suada, pois já estava ali há mais de uma hora sentada no meu velho banquinho.
Entrei no banheiro, abri o chuveiro, mas foi nesse momento que percebi que não tinha água, foi quando de toalha sai no quintal para verificar o registro dei de cara com aquele homem novamente que dizia ser o estagiário do PS, que me disse:
A sra precisa de ajuda?
- Mas você de novo? O que esta fazendo aqui no quintal da minha casa?
Ele respondeu :
- Eu fui enviado para ajudar a senhora.
- Mas eu não preciso da sua ajuda!!!!
Foi quando ao olhar para o chuveiro entre o vão da janela percebi que naquele momento a água voltava a cair e quando me virei aquele homem desapareceu como um passe de mágica foi ai que percebi que este homem era realmente muito estranho.
Como ele desapareceu assim do nada!? Neste momento entendi o pq do desespero daquela idosa que estava caída e se levantou tão bruscamente e saiu em tão alta velocidade. Será que aquele homem, estagiário, de branco, era algo irreal? Será que ele era algo do mal? Meu Deus o que fazer?
Comecei a rezar. Só que quanto mais eu rezava, mais a minha mente se dispersava pensando no dito cujo, e comei a ver vultos e a tremer e a ter calafrios, e tentando de todas as formas me concentrar, quando de repente sinto uma mão no meu ombro...
O medo foi tamanho, mas eu não podia me desesperar, teria que reagir, e se esse cara pretendesse me matar?! E se esse homem fosse um morto vivo!? Quando olhei para trás, não havia mais ninguém e notei q escorria sangue do meu corpo, foi ai q soltei um grito estridente: SOCORROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!

sexta-feira, julho 28, 2006

Capuz

Texto de Carla Betez ( amiga do Rodrigo e do Minduin)



Como vim parar aqui?
Foi a primeira pergunta que me passou pela cabeça quando abri os olhos.
Pra falar a verdade, nem sabia se realmente abri os olhos, já que tudo aqui é escuridão.
Só depois de alguns minutos percebi um tecido cobrindo minha cabeça. Um capuz que deve ser de tecido grosso e escuro, já que não enxergo luz alguma pela trama. Ou será o ambiente que não tem luz alguma?
Ambiente. Que lugar é esse?
Sinto um cheiro de umidade, não ouço som algum. Tenho medo até de me mexer e... E o que? Esbarrar em alguma coisa, me machucar? De repente cair num abismo que está logo à minha frente? Caraca.
Tento gritar, pedir por ajuda, mas só agora percebo que, pra prender o capuz, há uma corda amarrada, e bem amarrada, em volta do meu pescoço. Tão presa que quase esmaga a minha traquéia. Qualquer tentativa de gritar quase me sufoca.
Fico por alguns minutos imóvel, sem saber o que fazer e o que pensar.
Depois de algumas horas de total imobilidade, escuto um som metálico. Algo como uma tranca se abrindo, e em seguida som de dobradiças... Ufa, até que enfim alguém pra me tirar daqui!
Esboço uma tentativa de me levantar, mas logo em seguida o mesmo barulho: som de dobradiças e a tranca se fechando. Como assim, o que aconteceu? Será que só queriam se certificar que eu ainda estava aqui e me abandonaram de novo?
Preciso descobrir o que está acontecendo: onde estou? Porque estou?
Decido que vou vasculhar o lugar. Com muito cuidado, já que o abismo pode estar à minha frente...
Deito-me no chão e estico meu corpo. Com os pés toco o que creio ser uma parede. Com as minhas mãos toco a outra extremidade, e vejo que se trata de uma ambiente com paredes rústicas, só com o reboco.
Giro 90° e consigo, da mesma forma, tocar as paredes com minhas extremidades. Levando em conta que tenho 1,70 de altura, chega à conclusão que estou num cômodo com menos de 2 metros quadrados.
E de altura? Qual a metragem do pé direito deste quarto? Estico os braços pra cima. Não toco nada. Dou um pulo o mais alto que consigo. Não toco nada. Menos mal. A idéia de um pé direito baixo, mesmo que eu não possa ver, faz aflorar os meus instintos claustrofóbicos.
Mas então... Que barulho foi aquele? Decido vasculhar com mais calma o meu cárcere e, em uma das paredes, sinto uma superfície fria. Gelada como aço. Aço...Dobradiças...Descubro de que lado fica a porta. Por extinto procuro uma maçaneta. Nada. Mas percebo que na parte de baixo da porta existe uma portinhola. Será a portinhola que fora aberta quando escutei o barulho? Dou alguns passos pra trás e tropeço em algo que, pelo som, acaba de tombar...Com as mãos vasculho e percebo que, ali, atrás de mim, há um prato cheio de um líquido quente e um copo (agora emborcado) que parecia conter água. Só então percebo o que estou morrendo de sede. E de fome. Tomo o líquido que está dentro do prato, e descubro que é uma água morna, meio salgada, meio amarga, com alguma coisa sólida que parece ser alguma folhagem, talvez uma verdura. Projeto de sopa, mas que cai como uma benção no meu estômago judiado. Deve fazer um bom tempo que não como, que não bebo.
Quanto tempo será que estou aqui? Não consigo me lembrar. Não consigo me lembrar como vim parar aqui, e porquê. Puxando bem pela memória, a última coisa que lembro é eu indo dormir numa noite de quarta-feira (lembro que era quarta porque passava jogo de futebol na televisão). E, de repente, acordo num quarto pequeno, escuro, úmido, com um capuz na cabeça e um prato de sopa amarga na minha frente.
Os dias passam (decido que vou contar os dias de acordo com a refeição que me entregam, que imagino ser uma vez por dia) e nenhuma resposta.
Tento me comunicar com a pessoa que abre a portinhola pra me passar a água e a sopa, mas minhas tentativas são em vão. Ignorado totalmente.
Faz dias que não falo com ninguém, faz dias que não vejo a luz, faz dias que só escuto o barulho da tranca e da portinhola, faz dias que só como um prato de sopa amarga e bebo um copo d’água, faz dias que tento arrancar esse maldito capuz da minha cabeça, faz dias que estou perdendo minha sanidade.
Será que cometi um crime atróz e fui preso? Será que isso é um seqüestro? Será que é um pesadelo? Ou será que morri e esse é meu inferno?
E se eu me matar? Se eu não me engano nas minhas contas precárias, faz mais de um semestre que estou aqui, na minha empolgante rotina. Dorme, acorda com o prato de sopa morna, come, faz algum exercício pra não atrofiar os músculos, enlouquece um pouco, dorme de novo.
Enlouquecer. Sim, estou enlouquecendo. Será que temos consciência que estamos enlouquecendo? Ou quando achamos que a loucura passou é que estamos realmente loucos?
Decidi: vou me matar. Mas como?
Talvez de inanição. Já estou fraco mesmo, poucos dias que ficar sem comer o caldo morno já são o suficiente para eu morrer de fome. Mas deve ser tão sofrido, passei muita fome na minha infância, e não era uma sensação muito agradável.
Vou me enforcar com a corda que prende o capuz. Mas ela está tão apertada, tão rente ao meu pescoço, que fica impossível manipulá-la.
E se eu der com a cabeça na parede até conseguir um traumatismo craniano? Não, pode ser que eu só desmaie, e depois acorde com o crânio fraturado, um puta machucado na testa, um coágulo cerebral que pode talvez me causar um AVC... E tudo isso sem assistência médica. Sofrimento, é justamente disso que quero me livrar...
Acho que vou simplesmente deitar de barriga pra cima e esperar:
Esperar um raio divino que me fulmine, esperar alguém que me tire daqui, esperar eu terminar de enlouquecer de vez, esperar que esse maldito capuz seja tirado.
E no meio desse redemoinho de idéias, abro os olhos.
E não vejo mais escuridão. Não vejo mais a trama escura do capuz.
Enxergo simplesmente uma lâmpada no teto. De poucos watts, do jeito que eu gosto, baixa iluminação no meu quarto. Meu quarto? Este teto que vejo à minha frente está descascado igual ao teto do meu quarto, isso quer dizer que... Dou um salto e constato que estava deitado na minha cama!
Minha casa, minhas coisas. Minhas roupas sujas jogadas displicentemente no chão, caixas de pizza vazias embaixo da cama, poeira nos poucos móveis que tenho, o pratinho do meu cachorro cheio de ração e a televisão ligada passando... Jogo de futebol! Piririca da Serra futebol clube versus Quinta de Jaúma, o jogo daquela quarta –feira que eu acreditava ser minha última lembrança da minha vida normal!!!!!!!
Apalpo meu corpo e ele não é mais aquele esquelético de só comer sopa de folhas e beber água. Ele está do jeitinho que era antes do longo período encarcerado.
Foi tudo um sonho! Um maldito pesadelo! Que coisa mais horrível!
Acho que vou jogar uma água no rosto, só pra me certificar que estou mesmo acordado...
Entro no banheiro, abro a torneira da pia e, com a mão em concha, jogo uma boa quantidade de água no rosto. Ah, que sensação maravilhosa! Com as pontas dos dedos sinto meus lábios, meu nariz, meus olhos, minha barba por fazer... Tudo bem diferente do tecido grosseiro do capuz.
Mas ao olhar meu rosto no espelho, logo abaixo do meu queixo, assim, na base do pescoço, vejo sulcos profundos e bem arroxeados, como se fosse a marca de uma corda bem apertada que esteve lá durante meses...

quinta-feira, julho 27, 2006

Sangue Azul - texto de Rene Donato

Então...estava eu no meu novo emprego, cheguei logo cedim..pra não começar dando brecha, essas coisas que a gente só faz no primeiro mês, estilo qdo compra caderno novo e quer fazer letras bunitas.....redondas.... Tudo quieto...acendi as luzes..com o copim de chá fervendo na mão.....coisa de gordim querendo emagrecer. Liguei todos os aparelhos eletronicos...tantos que parecia que ia acabar as luzes da cidade..... pelo consumo exagerado de energia. As impressoras parecendo que vão ter ataques epiléticos sendo que nem imprimir nada ainda iam, pareciam me xingar..... filho da mae ...me acordou...e tendo crepes.... Sentei no micro...senha...e net..óbvio....blog preferido orkut, mail...e login no msn. Putz...lembrei...coisa pra imprimir... Vou mandar na HP A3 gigantona....boa qualidade.... a fdp..passa até sensor pra ver se o tamanho da folha tá certa. Corel aberto e control P foi.... Que barulho estranho ..... Mas ok...a folha saiu normal... Meio suja mas saiu...que porra...quem sera que meteu folhas sujas aqui? Outra cópia...cápista! Control P e foi. Ué deve ta suja essa merda ...dentro...outra folha que manchou...ô loko puta pelota de´pó....na saida de folha da impressora. Peguei na mão.....e olhei bem de perto...um bolo de pó cian....pó cian? Será?...porra tem olho..num acredito...que agonia... foi tanta agonia....e nojo, com raiva....que nem consegui me mexer....só fiquei encarando emputecido... a metade ...apenas metade....da largatixa pintada de cian.. coisa linda....depois da raiva...fiquei com dó e pensei....essa deve ter doido....ela ainda deu uma fisgada nas patas dianteiras..pq as traseiras ja não existiam...essa no ataque faminto da impressora ao invés de deixar só o rabo, deixou foi tudo...acho que pela dor deixou a parte traseira toda...hauhauhau... Taquei no lixo..e filosofei: Largatixa é Rainha? acho que não? mas que sangue azul da porra! e fim.;

Quase surreal

Texto de Nayara Screpani ( namorada do Minduin e amiga do Rodrigo)

Era um dia ensolarado, eu estava sentado em meu tronquinho, observando a
dança das muriçocas e borrachudos q se preparavam para uma grande refeição.
Pensava em qual peraltice eu faria naquele dia.
Pensava e pensava, mais nada vinha em minha mente. Foi quando avistei de longe
um casal, Jubileu e Jurema, que acampavam próximo ao meu grande pé de
bananeira. Passei a observá-los, usavam roupas estranhas, cabelos bizarros
e tinham vários desenhos pelo corpo, mais o que realmente me chamava a atenção
era aquele cigarro, q os deixava de olhos vermelhos, sorridentes,
despreocupados e tinha um odor maravilhoso, cigarro esse q sempre encontrava
os restos quando retornava para minha casa.
Decidi q acompanharia aquele casal durante todo dia, claro, sem q eles me
notassem, pois eles seriam minhas vitimas.
Eles percorreram trilhas, pararam em alguns bares da cidade, exploraram tudo que
havia de mais misterioso e resolveram voltar. Foram para uma casinha
estranha da qual chamavam de barraca, e eu decidi q aquele era meu momento
de pregar uma peraltice, afinal eles estavam descontraídos, e nada
perceberiam.
Jurema se despiu junto ao companheiro para um descanso merecido depois
daquele dia tão cheio. Foi quando entrei em ação. Vi uma blusa de cor gritante,
q me chamou muita atenção e decidi q aquele seria o objeto usado pra pregar
uma peça naqueles dois seres estranhos.
Peguei a blusa, e corri alguns metros e fiquei a observar... Jurema levantou
de repente, procurou a blusa e não achou, Jubileu por sua vez saiu da
"barraca", tiravam tudo q havia lá dentro, apavorados, indignados com o que tinha
acabado de acontecer, afinal não encontravam explicação pra tal perda.
Eu ria muito, ao ver aquela situação q tinha provocado.
Esperei eles adormecerem pra q eu efetuasse a devolução, afinal, já tinha
conseguido o q queria, q era vê-los assustados. Deixe a blusa na porta
daquela casinha estranha e fui me juntar aos meus amigos... Os duendes... Sou
um deles.
No dia seguinte, acordei com muita curiosidade em saber qual seria a reação
daqueles seres quando vissem a blusa, dobrada, na porta da casinha deles..fui
até eles e observei a cara de satisfação por achar e o medo de não terem
entendido o que aconteceu.
Eles foram embora quando a noite chegou e eu fiquei com a saudade e com a
esperança que eles voltem.

Coito interrompido

O frio está cortante, o vento parece assobiar em meus ouvidos quando passo pelos desfiladeiros criados pelos arranha-céus da 24 de maio, eu devia ir pra casa mas ainda são apenas 2:40 da manhã, eu ainda estou careta e sem inspiração pra escrever minha coluna semanal naquele jornal direitista de merda, mas que em compensação, está pagando o estacionamento na praça ramos onde deixei minha moto ( sim! agora ando de moto, perigoso, radical, e não viro mais abóbora).
Espero que o bom e velho Sol Nascente esteja aberto, afinal com as merdas que o pcc anda fazendo pela cidade é bem capaz daquele bunda-mole do Cidão ter fechado o boteco, com estes pensamentos me assaltando a mente noto que as ruas estão mais vazias e que os policiais parecem andar fugindo em seus carros luminosos como arvores de natal, noto também que é seguro acender meu baseado enquanto não chego ao bar.
Acendo meu beckzinho e continuo a caminhar de repente sem mais nem menos um grupo de adolescentes sai da rua Marconi fazendo algazarra e conversando em voz alta, algo que faz com que eu me interesse por suas palavras. O que parece ser o líder da matilha diz algo que me faz sorrir:
- Eu sou mais malandro que o D2 e Chorão juntos!
Como eu estava dizendo, sorrio, pois o que estes adolescentes que devem ser alguns poucos mais jovens que eu tem uma visão completamente equivocada do que é malandragem, sinto um vontade imensa se sentar com eles no Sol Nascente e explicar que malandros de verdade eram, Hunter Thompson, Bukowski, Nelson Gonçalves, Nelson Rodrigues, Adoniran Barbosa. Esses sim eram malandros de verdade, mas não to com saco de bancar o professor hoje, então sigo meu caminho com destino ao bar onde pretendo encontrar cerveja gelada e inspiração pra maldita coluna.
Quando entro avenida Ipiranga tenho um sensação de satisfação afinal meu boteco preferido está aberto, porém minha satisfação é interrompida em questão de segundos pois um carro da policia civil para em frente ao bar e noto que descem do carro quatro caras sendo que um deles é o Bellini, um cara que já me salvou de algumas enrascadas.
Penso que ele vai me contar algum segredo de uma investigação em que está metido e eu vou rir de suas situações com as putas da augusta. Mas não é nada disso que acontece em questão de segundos dois caras numa moto passam e dão uma rajada de metralhadora em direção a meu boteco preferido, vejo o Bellini se esconder atrás da viatura, dois policiais caírem e os vidros do bar se estilhaçarem, penso : - Que merda!
Viro nos calcanhares e decido que esta semana é melhor eu beber na merda do boteco em frente a minha casa na periferia da zona norte mesmo, e sem as histórias do Bellini, afinal daqui a cinco minutos o centro estará uma merda com policia pra todo lado e sem sossego pra uma gelada.

segunda-feira, julho 10, 2006

A proposta

Ele olhou a sua volta, eram 4:30 da manhã e no bar restavam apenas os bêbados que não tinham para onde ir ou não tinham vontade de ir. Olhou para a a mesa na diagonal oposta a sua e se perguntou porque aquele garoto tatuado e de olhos vermelhos acabara de levar um baita soco. Sorriu e entendeu que o garoto lembrava sua juventude a muito passada.
Passou a mão pela hirsuta barba ruiva e resmungou:
- Estou cansado...- lembrando e amaldiçoando o dia em que encontrou aquela jovem na taverna do velho Antonio.
Afinal quanto tempo havia se passado desde o maldito acordo?? Mil?? Não, na verdade haviam se passado exatos mil e cinco anos desde que a “patroa do barqueiro” havia lhe proposto o acordo.
O velho, como o chamavam, decidiu que era a hora de contar sua história e propor o acordo ao rapaz, e tinha que convencê-lo antes que a senhora do Estige aparecesse para o encontro.
Viu o rapaz levantando-se para sair e acenou e chamou o jovem para que lhe acompanhasse numa cerveja e disse que tinha uma proposta a fazer, o jovem olhou para ele desconfiado, mas ele esclareceu logo que não era nenhum pederasta nem nada , queria apenas fazer negócio com o jovem.

-Ei garoto sente-se e escute a minha história, sem interromper, se você seinteressar pela permuta, fica a conversamos com a minha acompanhante que chegará daqui a alguns minutos, adianto-lhe que será vantajoso para você de qual quer forma. Antes porèm devo me apresentar....

Continua.....

quinta-feira, maio 18, 2006

Se vc acha que o Chuck Norris é foda....

Sílvio Santos Facts

-Silvio Santos inventou o Natal pois não sabia que nome dar para a Tele-Sena de Dezembro.
-Silvio Santos joga banco imobiliário com dinheiro de verdade.
-Jesus transforma água em vinho. Silvio Santos transforma qualquer porcaria em dinheiro.
-Na sua ultima tentativa de dar uma esmola, Silvio Santos soterrou um sem teto com 3 toneladas de moedas de 5 e 10 centavos.
-Silvio Santos é o ser humano vivo que mais possui empresas no planeta. As iniciais SA que figuram depois dos nomes das maiores empresas do mundo significam, na verdade, Senor Abravanel.
-Certa vez o coração de Silvio Santos ficou parado por 5 minutos, ele retornou dono de 80% do além.
-Silvio Santos pessoalmente descobriu a cura da Aids. Em 2015 ele pretende revelar esse segredo como prêmio do Raspe Aqui da Telesena de Ano Novo.
-Em 1929, Silvio Santos jogava Banco Imobiliário e exclamou "estou falido!". O mal-entendido causou a quebra da bolsa de Nova York, o infarte de 67 mil economistas e o mercado financeiro levou anos para se recuperar.
-Antes da invenção da moeda o sal era usado como item para troca de valores. Silvio Santos na verdade inventou a moeda porque o tamanho de sua montanha de sal estava se tornando excessivo. A montanha está de pé até hoje e atualmente é conhecida como Everest.
-Murphy joga poquer com Silvio Santos 2 vezes por mês e por mais que tente, ele nunca consegue fazer sua lei funcionar com Silvio Santos.
-70% do peso de uma pessoa comum é água. 70% do peso de Silvio Santos são notas de R$50,00 e R$100,00.
-Esses fatos na verdade não sao aleatórios, Silvio Santos determina pessoalmente em que ordem serão exibidos. Quando eles se repetem após o refresh é porque ele está de sacanagem.
-Silvio Santos pode contar até o infinito - Sua fortuna, porem, continua incauculável.
-O sistema anti-furto da fortuna de Silvio Santos é baseada totalmente na equação "Infinito - Qualquer Valor = Infinito".
-Dizem que, se você repetir "Silvio Santos" três vezes diante do espelho, um aviãozinho feito com uma nota de R$100 voará pra dentro de sua casa.
-No dia em que nasceu, imediatamente após sair do útero de sua mãe, Silvio Santos entregou uma nota de 100 reais a ela e agradeceu. Em seguida disse: "- Sai pra lá! Sai pra lá!" - gentilmente empurrando-a em direção à saída.
-Silvio Santos compra cada vez menos coisas. De fato, existem cada vez menos coisas que não pertencem a ele.
-Israel só não dominou os territórios palestinos pois Silvio Santos se recusa a financiar guerras. Ele prefere fazer uma versão Israel x Palestina do programa Family Feud.
-O número telefônico da casa de Silvio Santos é 2. O nº 1 pertenceu à Graham-Bell, inventor do objeto em questão.
-Silvio Santos teve que abandonar sua carreira de jogador de futebol porque no início dos jogos a moeda que o juíz jogava para o alto sempre caía em seu bolso.
-Seu Barriga deve 11 meses de aluguel para Silvio Santos.
-O penteado de Silvio Santos foi projetado por Oscar Niemeyer.
-O extrato bancario de silvio santos daria 5 vezes a volta ao redor do globo terrestre, sobrando ainda uma ponta pra fazer a rabiola.
-Para rebater os boatos de que ele é careca, Sílvio Santos arrancou um pedaço de seu couro cabeludo para testes. Esse pedaço ganhou vida e se chama Tony Ramos.


Este post na verdade é um spam que recebi de alguém pela net, e como estava a mais de um mês sem postar resolvi colocá-lo aqui, não sei quem criou portanto no vou dar o crédito.
e aguardem pois na proxima semana tem textos do senhor minduin para nossos fieis leitores se deliciarem .

terça-feira, maio 09, 2006

texto de David, namorado da Ana Paula, amiga da Lu.

Não preciso ser ninguém!
Podemos ser quem quisermos.
Posso ser amigo...
mas também inimigo
Posso ser namorado...
mas também amante
Posso ser amado...
mas também odiado
Posso ser feliz...
mas também infeliz
Posso ser tudo...
posso ser um nada
Posso ser podre...
ou um baita ricaço
Posso ser feliz com tudo
ou com nada que faço
Posso ser qualquer coisa, o que eu quiser
Mas no final serei apenas eu... eu mesmo
E isso... nunca poderei mudar!

quarta-feira, maio 03, 2006

Relatos de uma garota loka! - por Carina Martins - fiel leitora do Arauto

Me levanto da cama, meio tonta.. sem ver muito bem o que está ao meu redor, procurando aquele havaiana verde que só mesmo eu pra usar uma porra daquelas, sério é ridículo demais, mas até ai beleza, onde paramos mesmo?
Ah ta, ok, já me lembrei: na havaianas! Vou colocando a mão ao redor da cama e nada, até que meio entre um tombo acho a "maledita" embaixo da cama.
É hora de trabalhar... mas só em pensar na ressaca que esta vindo por ai, já me dá náuseas. Vou no banheiro, apanho a escova, o creme dental de Eucalipto que é para tirar bem o bafo, eis que entre um dente e outro, vou sentindo a minha boca salivar, mas ela saliva além do normal... algo ruim vem de dentro do estomago. Eu penso: "eu vou vomitar, fodeu!", mas a vontade passa, graças a Deus.
Sento no sofá, para tentar tirar de dentro do meu eu uma gota de ânimo sequer para mais um dia de trabalho... bom, vou cochilar 05 minutos. Passa-se 10, 20, 30 minutos, acordo num pulo e grito: Caralhoooooooooooooooooooo, eu preciso ir trampar!!! Quer saber foda-se eu vou ligar naquele escritório de bosta e vou dizer que eu to zuada, que eu to passando mal, que eu to vomitando até as tripas. Putz, pra q eu fui pensar em vomitar, nossa a ânsia veio na guela agora e voltou, que nojo!
Pim, pim.... Meguro Bom Dia!
Caraca é o chefe, não posso falar com ele. PIM PIM PIM... mais tarde eu tento.
Nossa cara eu prometo nunca mais eu vou beber, estou me sentindo muito mal, tb pudera na noite anterior tomamos 05 garrafas de Vodkas Balalaica (Vodka só no nome, pq no gosto), 01 cx de cerveja, e outras doses servidas pelas cachorras que adoram embebedar a galera.........Ecaaaaaa... nossa nem posso pensar nisso...
Acho que vou me deitar mais um pouco, quando estou quase pegando no sono, a porra do telefone toca, eu quase morrendo, mal conseguindo falar, com uma voz de quem só durmiu por 1 hora e meia, solto um: Aloooooooooooooo bem estérico.
Alo, Marina ! Eu quero saber pq a Sra. esta em casa até essa hora ?
Eu: é que...
Chefe: Não quero nem ouvir, só lhe aviso uma coisa se não estiver aqui dentro de uma hora esta despedida..
Eu: Mas Dr. Roney?
Chefe: Sem mais, fui bem claro!

PIM PIM PIM

Caraca agora ferrou, tomei um banho para tirar o cheiro do álcool misturado com cigarro, com baseado, nossa que mistura louca fizemos ontem a noite. Estou meia tonta, mas preciso ir! Afinal, quem é que vai pagar meu salário para a próxima bebedeira ? Ops eu esqueci da promessa, é isso mesmo eu não vou mais beber! Eu juro !!
Me apresso, troco de roupa muito rápido, pego a primera peça q esta na frente, calço um sapato meio apertado e vou que vou. Cheguei no ponto de ônibus, milagre... o ônibus nunca veio tão rápido desta forma... quando chega na praça da Constantina a merda da lata velha me quebra... e aquele enjôo subindo novamente, ai meu Deus me ajude... Desço do ônibus, ascendo um cigarro, entre um trago e outro sinto uma tontura animal. O que fazer ? Sentar, pedir ajudar, continuar em pé?
Abaixei e nesse instante veio aquele jato incessante... Porra mas justo agora? Fudeu, sujou minha roupa, como vou trampar assim?
Foda-se vou pra casa e ligar pro chefe dinovo!
Alo, dr. Rodney!
Ele: Não quero saber de nada sua bêbada, agora vc vai inventar o que me diz?
Eu: Eu to passando mal, compreenda!
Ele: Vá se foder, vem buscar suas contas, ou prefere em pinga ?

Filho da puta desligou na minha cara !!! Eu insana de raiva, o que vou fazer agora? Fudeu !!! Passei na padaria mais próxima pedi uma garrafa de Skol e tomei, pelo menos era a única coisa capaz de curar a minha raiva e minha ressaca, além de tirar aquele gosto podre de vomito da boca.

A vida é assim: Como sou uma brasileira fiel, na alegria e na tristeza estou com pensamento elevado... dane-se vou encher a cara mais um dia, pelo menos não me estresso com essa porra de vida profissional. O que é isso ? ã? Mais uma por favor ! Putz a promessa! Que promessa? kakakakakakaka

quarta-feira, abril 26, 2006

Isso é futebol - por Rodrigo Pinto

Ao subir lentamente a escada do vestiário, de mãos dadas com os companheiros depois de uma oração coletiva, aquele camisa 10 sentia mais uma vez as maravilhosas sensações que antecediam uma partida de futebol. O coração batia mais forte, ritmado, ouvindo os gritos vindo das arquibancadas lotadas. O cheiro da grama recém-aparada chegava às suas narinas, o vento morno de uma noite de verão batendo em seu rosto despenteava seus cabelos e revigorava o pulmão. Holofotes acesos, mas mesmo assim, os flashes vindos das câmeras fotográficas dos repórteres esportivos chamavam sua atenção. Voltou o olhar para o campo, ajoelhou e benzeu-se, antes de colocar o pé direito dentro das quatro linhas onde se travaria a batalha. No meio do campo, a dona do espetáculo, a bola lustrosa que seria disputada como um troféu por aqueles 22 homens, guerreiros atletas que emocionavam multidões com suas habilidades e demonstrações de raça pra vencer. Olhava a equipe adversária, inimigos os quais ele teria de enfrentar, barreira a ser ultrapassada pra honrar a camisa do time que defendia. Ao fundo, as traves. O alvo único, o objetivo máximo a ser alcançado, que traria a emoção e o grito de gol explodiria da garganta daqueles torcedores, que só queriam a vitória. Tinha de marcar, tinha de vencer. Naqueles próximos 90 minutos, deixaria de ser um só homem, e junto com o restante da equipe, se tornaria uma força única, impulsionada por uma multidão e uma paixão inexplicável, que só o futebol possui.

segunda-feira, abril 24, 2006

Gatas e cães - por Rodrigo Pinto

Não foi nada fácil. Cheguei perto do guichê e comprei passagem para o ônibus das 23h30. Prefiro viajar à noite, tomar uns tragos e dormir, então só de manhã, quando o sol bater no meu rosto, levantar, enxugar a baba que escorreu pra bochecha, ir até o banheirinho apertado, escovar os dentes e abrir um livro, ou ouvir um som. Rodoviária lotada, famílias inteiras chegando do nordeste, com bebês chorando. Jovens mochileiros, saindo por aí, em outra cidade, em outro país. Vendedores de bugigangas, e cafajestes aplicando o conto do vigário. Gente ignorante, e gente interessante, misturando-se naquele porto de embarque e desembarque de sonhos. Meti a passagem no bolso da calça jeans, e fui comprar uma cerveja. No meio do caminho, um casal de hippies me oferece artesanatos, mínimas esculturas de durepox, arame e miçangas. Tinham talento de sobra aqueles dois. Vi uma réplica miniaturizada do Bob Marley, idêntica ao original, com os dreads caindo nos olhos, a mão na testa, violão pendurado no pescoço e expressão de fé. Mesmo assim, passei batido e fui tomar minha gelada. Ainda faltavam 2 horas pra sair o ônibus, e eu não estava afim de gastar meu (pouco) dinheiro comprando bonequinhos de maconheiro. Saí da rodoviária e fui até o Sol Nascente Bar. Logo na entrada, um mendigo bêbado deitado no chão, com a cabeça apoiada num saco de gelo, e um pequeno fio de sangue escorrendo pela calçada. O tombo deve ter sido feio. Chutei-o para o lado e entrei, procurando uma mesa nos cantos. Sentei, e logo veio a cerveja gelada, com uma barata morta esmagada, grudada no fundo da garrafa. Enchi o copo americano, e tomei vários goles de uma vez. Reparei numa garota loira, olheiras fundas e cabelo despenteado, vestida com uma saia preta e meia calça, uma camisetinha do Ramones e jaqueta cor de nada. Ela comia com vontade um misto frio, e me observava a cada mordida. Ao lado dela, uma pequena mochila ocre, costurada à mão. Levanto e vou até ela, ofereço um cigarro e pergunto seu nome. Mal humorada, cospe um naco de presunto na minha cara, levanta e me chuta a canela. Maldita vadia, sem pensar agarro-lhe pelos cabelos e beijo sua boca com vontade. Uma mordida violenta me sangra o lábio e escurece a visão. A loirinha era nervosa. Sacudo a cabeça, e com uns guardanapos enxugo o sangue que corria quente e me manchava a camiseta. Com a outra mão, dou um tapa violento no rosto dela, que dessa vez cuspiu um dente no chão. Me olhou e sorriu, com a boca igualmente sangrenta. Aceitou o cigarro, pagou seu lanche e saiu. E eu continuei a tomar minha cerveja, agora com gosto de sangue. Fiquei pensando naquela garota, que começa uma briga e sai fora com um sorriso. Coisa estranha, que só acontece naquele boteco sujo. Me lembrava alguma coisa de um filme espanhol que eu havia assistido semanas antes. No roteiro, a garota personagem principal era uma junkie de classe média, que saía toda noite pelas ruas pra arrumar confusão e causar por aí. Um dia ela encontrou um vira-lata sujo, e dividiu uma cocada com ele. O cachorro lambeu sua mão, e juntos dormiram na sarjeta. Ela acordou sem uma orelha, e amaldiçoou o canino. Quando levantou e viu o corpo atropelado do sabujo, chorou. E nunca mais se drogou. Filme legal. Pensando nessas besteiras, quase perco o ônibus. Levantei-me e corri, nem paguei as cervejas. Cheguei na rodoviária em cima da hora, o motorista me xingando, pois só faltava eu. Todos já estavam em seus lugares. Caminhei até a poltrona 65, e para minha surpresa, no assento 66, lá estava ela. A loirinha banguela. Quando me viu, tremeu. Sentei ao lado dela e fingi não reconhecê-la. Ela tirou uma garrafa de vinho da bolsa e abriu, me oferecendo um gole. Não trocamos uma só palavra. Nos embebedamos e dormimos juntos, profundamente. Acordei cedo e ela não estava mais lá. Nunca mais a vi. Nem sei se um dia ela existiu. Olhei pela janela e um cachorro vira-lata, sentado na beira da estrada, olhava nos meus olhos. Tinha na boca uma orelha humana. Me acompanhou com os olhos até o ônibus sumir na estrada, levantando poeira e soltando uma fumaça suja e fedida pelo escapamento.

terça-feira, abril 18, 2006

O moleque - por Rodrigo Pinto

E aquele moleque andava tenso, com as duas mãos no bolso da jaqueta, olhando para os lados, desconfiado. Caminhava a passos rápidos, segurando o cano do revólver com força, e tremendo. Tremia, mas estava decidido. O irmãozinho menor estava passando fome, porra. A mãe, bêbada e velha, não prestava mais pra nada, e passava o dia inteiro no colchão jogado no chão do barraco, dormindo e tomando aquela cachaça vagabunda, que a fazia vomitar a bílis constantemente. Droga, tinha apenas 15 anos e fazia o papel de homem da casa. O pai, à muito tempo não dava as caras, devia estar morto o filho da puta. Põe filho no mundo e depois vai embora. Merda, o choro do bebê lhe dava calafrios. Tinha apenas 15 anos, mas alguém tinha que fazer alguma coisa. Não ia mais a escola, não arranjava emprego. Tinha que fazer algo. Lembrou-se da pistola 9 milímetros, que seu primo Neco tinha escondido dentro do bule de café, momentos antes da polícia invadir o barraco e levá-lo em cana. Era gente boa o Neco, apesar de roubar grandes agências bancárias e também a caixinha de esmolas da igreja. Pelo menos não faltava nada. Era leite na geladeira, torradas e biscoitos no armário. Arroz e feijão e uma dúzia de ovos. E gás. Bujão de gás valia ouro na favela. E o Neco não deixava faltar. Andava sempre com roupas novas, e relógio de pulso. Merda. Agora o Neco estava vendo o sol nascer quadrado, e alguém tinha que fazer alguma coisa naquele barraco. Porra, só tinha 15 anos. Meio sem jeito, foi até o bule e pegou a arma do Neco. Já tinha visto ele mexer com a arma, então verificou o pente e meteu o cano no bolso da jaqueta. E agora estava ali, naquele puta frio, andando nervoso, sabe-se lá pra onde, mas sabia que tinha que fazer alguma coisa. Não era ladrão, mas a situação o levava a ser. Magro, negro e sujo. Altamente suspeito. Touca preta na cabeça, e mãos no bolso. Olhar sorrateiro. Mas só tinha 15 anos. Avistou um casal de nmamorados, passeando sorrindo, com sacolas nas mãos. As sacolas tinham o logotipo de uma grande marca de calçados, coisa de bacana. O moleque os seguiu. Apaixnoados, andavam se beijando, se abraçando e não perceberam a aproximação de um negro magro, de touca e jaqueta velha. Ele tremia. Suava frio, e o vento gelado congelava seus sentimentos. Estava seguindo o casal de perto, e ao chegarem perto de um beco, engatilhou a arma e preparou-se para a abordagem. Porra, só tinha 15 anos, ia meter a arma na cara de pessoas inocentes e felizes, pra levar um par de tênis. Aquele tênis valeria uma boa grana, era coisa de bacana. Poderia vender na feirinha do rolo e comprar comida pro bebê. Ia começar sua vida no crime. Logo, estaria de roupas novas, e relógio no pulso, como o Neco.

Continua...

quinta-feira, abril 13, 2006

Um outro olhar - por Rodrigo Pinto

Olho para a folha em branco, dou uma lambida na ponta do lápis, e detenho-me antes de soltar qualquer palavra. Acendo um cigarro, olho para os lados. Como se fosse um crime, expressar as idéias num manuscrito para a posteridade. Acredito que alguém quer me impedir. Levanto-me, vou até a geladeira e apanho uma cerveja bem gelada. Ouço uma buzina lá fora. Abandono o lápis e o papel e vou atender o chamado. Era o Perseu, vendedor de bilhetes de loteria e manipulador de resultados do jogo do bicho no bairro. Me chama para ir até uma casa noturna do outro lado da cidade, que seria uma festa boa, muitas mulheres e bebidas, e o que mais eu pudesse querer. Gentilmente recuso, e volto para a mesa da cozinha onde um infinito branco espera por minhas citações sem sentido. Volto a pensar, e logo desisto. Não conseguia escrever nada naquela noite de 5feira, véspera de feriado. Apanho minha velha jaqueta jeans, e saio pelo sereno chutando pedrinhas pela madrugada. Tomo o primeiro coletivo que passa, sem olhar pra onde. Me esgueiro por baixo da catraca e sento-me no último banco, do lado da janela. Vejo a cidade passar em luzes. Desanimado, vejo o centro se aproximar. Jovens doentios, mendigos fedorentos, putas pagas e loucos de toda espécie. Dou o sinal e desço do ônibus, juntando-me aquela multidão de perdidos. Passo no Sol Nascente Bar, e lá encontro com o Moura, traficante de mulheres refugiado no Brasil depois do golpe político que destituiu o governo de seu país, que acobertava o esquema da maldade.
Ao me ver, surpreende-se e no seu sotaque único, avisa que a noite não está nada bem. Clima tenso, acerto de contas. Sento-me e tomo um conhaque. Ao meu lado, uma senhora de pantufas fala com o guardanapo. Nas mesas vejo casais, e solitários boêmios que dividem seus pensamentos com as estrelas. Reparo numa morena alta, tipo índia, com um pano cobrindo os seios e outro cobrindo seu sexo. Acompanhada de um brutamontes, ambos entram no Sol Nascente e realizam uma estranha movimentação. O homem, sem pensar, passa para a mão da garota um pacotinho suspeito. Ela vai ao banheiro, enquanto ele pede um conhaque. Moura fica de olho em tudo, inclusive num homem tipo detetive, sentado no balcão sozinho. Entra no bar um outro rapaz, tatuado, com olhos vermelhos e andar cambaleante. Senta-se numa mesa de costas para a parede, e de frente para a rua, e pede uma cerveja. Aproveito e peço mais uma, acendendo um cigarro. De repente, foi tudo muito rápido. Acelerada, a mulher sai do banheiro, e passa direto pelo seu companheiro, dirigindo-se a rua. Ele a segue. Num movimento estranho, o rapaz tatuado ergue o braço direito e dá uma bolinada nos seios da moça. "Vai dar merda" - pensei. O fortão não demora a defender sua fêmea e agride o rapaz atrevido com um soco. Todos no bar levantam-se para ver a briga. Antes de qualquer reação, atordoado pela pancada, o rapaz leva um chute nas costelas que o faz desabar. Seria um massacre, mas do outro lado do balcão, o homem tipo-detetive saca um 38 cano longo, disparando para o alto e ameaçando o grandalhão. Correria, muitos saem sem pagar, e o Moura se mija nas calças, ao lado da máquina de caça-níqueis. O casal vai embora xingando, e o homem ajuda o tatuado, que mesmo sendo salvo, o manda se foder. Apago meu cigarro e vou sentar numa mesa lá fora, pois o cheiro da urina do Moura estava me dando enjôo. Acho que vou pra casa escrever. Tudo isso daria uma boa história, e a folha em branco continua a me esperar.

segunda-feira, abril 10, 2006

Não tô entendendo mais nada

por Minduin

Já era. Virei abóbora, 3:45 da matina, é, tenho que parar de tentar beber até o último minuto do último ônibus da noite. Agora ando pelo centro da cidade ouvindo os pingos da chuva em meu guarda-chuva velho e desgastado, o som produzido me lembra a marcação de baixo de um som do Chico Science. A grana que eu tenho no bolso daria pra pagar facilmente um pernoite num destes pulgueiros do centro, mas prefiro andar a esmo e achar um boteco onde eu possa beber até as cinco horas, quando passa o primeiro ônibus para aquele bairro suburbano onde me escondo todos os dias.
Sinto o mundo passar em câmera lenta, deve ter sido a paçoca que eu comi agora a pouco atravessando o largo do Payssandu, algumas pessoas diriam que sou corajoso por apertar uma paçoca bem no meio do centro, na madrugada, outros diriam que sou louco, eu prefiro acreditar que sou apenas inconseqüente. Minha boca está seca e a maioria dos bares da cidade está fechado, vou andando até a Ipiranga, pois sei que quase em frente a Praça da República tem uns botes que ficam abertos até de manhã. No caminho encontro os seres mais bizarros da cidade, aqueles que como eu preferem andar pela noite a ir pra casa mofar em frente à tv, Existem garotos góticos com cara de andróginos, bêbados caindo pelos cantos, viciados correndo e gritando... Bem é isso que eu gosto aqui no centro a multiplicidade de figuras.
Enfim encontro um bar aberto, é o Sol nascente bar (um nome sugestivo) ao entrar na espelunca vejo do outro lado do balcão o Bellini, este cara é um figura, é meio detetive, meio ganso, cumprimento-o com o olhar, afinal ele já me livrou a cara com uns chineses que queriam me assaltar aqui no centro e eu já fiz uns trampos como hacker pra chefe dele, mas isso não vem ao caso.
Sento em uma mesa de costas pra parede e de frente para a rua, peço uma cerveja e como a paçoca e o álcool que já estão em meu sangue começam, a fazer efeito juntos, não entendo mais nada . Olho pro lado e vejo uma morena alta vestida como se fosse uma índia saída do meio da mata agora, ou seja, apenas duas tiras de pano uma cobrindo os seios e outra cobrindo os países baixos. A garota fala alguma coisa que pra mim soa como “ranca a minha roupa e me chupa inteira” lógico que eu já meto a mão em seus seios, porém acho que não era isso que ela queria dizer, pois imediatamente sinto uma martelada na fronte esquerda e demoro pra entender que aquilo foi um soco desferido por um cara que mais parece um orangotango que um homem , caio no chão e antes de entender o que está acontecendo levo um chute tão forte na lateral do corpo que me falta o ar completamente. Tento colocar os pensamentos em ordem pra levantar e quebrar a porra da garrafa na cabeça do filho da puta que está me batendo. Mas antes de transformar o pensamento em realidade ouço um tiro, levanto a cabeça e vejo o Bellini apontando a arma pro cara e mandando-o ir embora, coisa que o brutamonte faz sem questionar.
O detetive meio ganso me ajuda a levantar me põe na cadeira e diz que, ou eu paro de mexer com a mulher alheia, ou eu paro de beber. Eu o mando se foder, ele sorri e pergunta se tô afim de um teco e me mostra a pequena almofada de fermento na palma da sua mão, digo a ele que essa hora eu não faço mais bolos. Então ele se levanta paga a minha conta e sai andando.
Enquanto eu peço outra cerveja e me pergunto “Por que cargas d’água eu fico zanzando pelas ruas ao invés de ir dormir?”.....


Este texto é mais um da série "SEM DROGAS"

sexta-feira, abril 07, 2006

texto de Rene Donato

12:15 sai para almoçar com uma fome "faminta" que comia meu próprio
estômago, aquela fome tão aguda que a gente perde a vontade de colocar
algo na boca, até causa enjoo.

Caminho para a lanchonete curto, mas com tempo suficiente pra criar
a expectativa de querer saber se estava lotada como de costume.
Será que eu arranjaria um lugar? Nessa altura nem importava mais pq já estava
saindo de lá com um pacote de salgadinho e um refrigerante que tinham
gosto de nostalgia. Aquele que é um bastão com sal grosso, já ia
corroendo meu estomago pelo caminho enquanto engolia com a boca seca
o triturado de sal e farinha, uma golada no refri que mistura o
sabor doce da uva com sal amarrento. COm a mente mil por hora pensando
que se houve um cardeno anotaria as coisas mais maulcas da terra.
Aquelas que nunca vem quando a gente resolve escrever. Por falar, ou
melhor, pensar em escrever, imaginei que um dia poderia escrever algo
simples, alguns textos, mas pensei que não tenho muita prática nisso
e quase larguei de mão e acabei no final concordando que hj em dia
o que importa é comunicar. Mais uma vez correu a ansiedade...mas voltei
a realidade com um senhor que passava olhando pra mim e pro meu pacote
de "sal grosso" que essa altura estava todo debulhado, mais um gole
raivoso no refri, e com raiva querendo matar o velho (que agora não
era mais senhor), pq odeio qdo ficam olhando eu comer. Pensei de quem
será a falta de etiqueta? Minha que como andando e vacilando nas ruas,
ou do lazarento que idolatrava meu salgadinho? Tanto faz. Cheguei no
Fliperama cumprimentei os "compadi", dei um tempo, fabricamos besteiras
e voltei pra escrever isso que agora vai com o ponto final se acabar.

ÚLTIMO CAPÍTULO - É TÃO DIFÍCIL ASSIM? - de Rosa Pellegrino

Capítulo 7- FINAL

A noite chegou e todos ansiavam pelo início do baile. Era notável o capricho na decoração. Todos conversavam alegremente, dançavam e se divertiam muito.
Nas masmorras, Snape estava muito mal-humorado. Olhava-se no espelho e ouviu o reflexo zombar "Tá bonitão hein Severus... quer se entrelaçar com uma bruxinha..." e deu uma piscadela. Snape quis esmurrar o espelho, mas sabia que era em vão.
Ele não se esforçou muito para compor um visual diferente. Preferiu vestir uma calça social preta, de corte reto; uma camisa branca de seda, sapatos caprichosamente polidos, pretos e de bico quadrado. Amarrou os cabelos negros com uma fita igualmente preta. Então lembrou-se da máscara. Buscou-a na gaveta da escrivaninha. Era simples, mas expressava muito de seu estado de espírito: parte era branca e parte era preta. Colocou-a e partiu para o salão comunal.
"Ah, que alegria que me dá Severus!!", alegrou-se Dumbledore ao ver o amigo chegar. Abraçou-o paternalmente.
"Interessante", prossegue Alvo.
"O que Alvo?"
"Sua máscara, expressa exatamente o seu interior, não é mesmo meu filho?" E lá se ia Alvo, sem chances de retrucar... Isso deixava Snape desconcertado.
Ela não estava lá, logo notou. Ele percorreu com os olhos e não a encontrou. Foi quando a viu, entrando no salão. A visão o entorpeceu. Edrea escolhera um vestido muito lindo: um longo vinho, de seda, modelado perfeitamente em seu corpo. Um decote princesa deixa parte do colo a mostra. As mangas cobrem os braços e findam em pontas. A máscara era igualmente vinho, em forma de olhos de gato, sem detalhes. Ao chegar no salão, sentiu o que há tempos não lhe ocorria: olhos que a invadiam. Buscou-os e deparou-se com um par de olhos negros.
Em seus devaneios não notara que um homem alto e esguio se aproximara furtivamente. A poucos metros, Snape a olhava intensamente.
"Que beleza temos aqui!"
Em um salto Edrea se dirigiu ao interlocutor: era Sirius. "Black, já lhe disse que gatos não gostam de cachorros!", foi a única coisa que lhe ocorreu.
Sirius prosseguiu: "É... tenho a impressão que gostas de morcegos, não é mesmo minha cara?" , e sorriu maliciosamente.
"Não sei do que falas homem!", e já ia se esquivar, mas Sirius foi rápido, a puxou pelo braço e forçou um contato olho no olho, corpo no corpo.
"Qual é o seu problema gatinha? Gostas de quem te desdenhas, enquanto tem quem daria de tudo para ter a sua atenção?"
Aquilo a espantou, sabia que Sirius era mulherengo, pelo menos era o que diziam, mas não imaginava que ele realmente estivesse atraído por ela. Edrea emudeceu, o que diria?
Foi então que, sem eles notarem, o homem alto e esguio pôs-se ao lado de Edrea. Os olhos negros cintilavam de ódio, mas seu corpo permaneceu estático. Foi quando a voz mais letal de Snape se pronunciou.
"Sabia que eras um vira-latas degenerado Black, mas não a ponto de importunar a moça, só porque ela não o queres."
"É agora", pensou Edrea. Concluiu que ia ter uma briga e tanto. Mas, não. Sirius a largou e a empurrou em direção ao Snape. Ela se desequilibrou e foi aparada pelo mestre das poções.
"É... tempos loucos" - começou Sirius - "gatos e morcegos juntos... é, não é todo dia que se vê isso...", e saiu sem olhar para o casal.
Snape estava estarrecido com a ousadia do colega e Edrea ainda estava esperando que algo ruim acontecesse, como se Sirius fosse tornar-se um cão e atacar Snape. Viram o bruxo se afastar dali.
Ambos estavam tão entretidos em seus próprios pensamentos que não notaram como estavam juntos. Snape havia cercado Edrea com os braços e ela estava com as mãos no peito do professor. Seus olhos se cruzaram, estavam muito próximos, sentiam a respiração um do outro. Edrea se inebriou com o perfume amadeirado de Severus e ele sentia embevecido a doce fragrância da jovem.
"A srta. aceitarias conceder uma dança a este rabugento colega?", pediu Snape com um sorriso incrivelmente sedutor e nada frio.
Edrea apenas sorriu e se aninhou nos braços de Snape. "Se isso for um sonho espero que nunca acabe", pensou o bruxo.
A música era lenta e romântica. Um imprimia o corpo no do outro. Estavam grudados. Num determinado ponto da sala, Alvo acompanhava o casal com um sorriso iluminado. "É... não é tão difícil assim...", disse baixinho o sábio bruxo e retornou as suas atenções para Minerva.
Severus sorvia o perfume de Edrea e acariciava-lhe as costas. Tirou uma mão da cintura e buscou o queixo da moça, gentilmente trazendo-a para lhe fitar. "Ah, a quanto tempo não durmo direito por sua causa...", disse numa voz aveludada e sensual. "E esses olhos que me evitaram todo esse tempo... era como se o sol nunca mais nascesse para mim...".
Edrea não conteve uma lágrima que correu-lhe a bochecha corada. Severus a secou com os lábios. "Me perdoe", ronronou ao ouvido da bruxa e notou que ela se arrepiara. Voltou a fitá-la nos olhos e seu coração quase parou quando ouviu o doce "sim" emitido pelos lábios de sua amada.
No segundo seguinte eles já não estavam mais no salão. Severus aparatou. Da penumbra surgiram velas iluminando o ambiente. Ela não reconheceu. Ainda com a jovem em seus braços, Snape explica: "São meus aposentos Edrea". Ela estremeceu, não se sabe se por ter ouvido seu primeiro nome sair daqueles lábios ou se pela revelação.
Carinhosamente, sem soltá-la, Severus tira a máscara da amada e passa os dedos esguios pelo rosto da bruxa. Ambos se olham apaixonadamente. Ela retira a máscara e acaricia o rosto dele. O silêncio já não era perturbador. Silêncio? Não mesmo. A respiração do casal estava sôfrega e descompassada. Os corações ricocheteavam dentro de seus peitos.
Severus não agüentou mais aquela espera. Tomou avidamente os lábios vermelhos de Edrea em um beijo apaixonado e faminto. Com o encontro dos lábios, Edrea gemeu e respondeu ao beijo com total entrega. Um beijo longo e avassalador. Severus desceu, beijando-a no pescoço e no colo enquanto a levava para sua cama. Antes de se aprofundar nas carícias, Severus respirou profundamente e disse-lhe, sempre olhando-a nos olhos: "Eu te amo com todo o meu coração, minha alma e minha mente." "Eu também te amo Severus, meu único amor, meu único homem."
Naquela noite, a fria masmorra se aqueceu com o amor que tomava os aposentos do Mestre das Poções. Se entregaram de corpo e alma, amando noite adentro...
No baile ninguém notara a ausência daquele peculiar casal. Ninguém?
"Alvo, é minha impressão ou o seu plano deu certo?", dirigiu-se Sirius com ar descontraído.
"É meu prezado amigo, eu te disse, não é tão difícil assim... com uma ajudinha sua", e riu junto à Sirius.
Na manhã seguinte, Edrea acordou, mas não ousou abrir os olhos. Sentiu-se aconchegada nos braços do amado e o perfume dele ainda a entorpecia. "Será que foi tudo um sonho?", pensou.
"Não meu anjo", respondeu Snape, que já estava acordado e, travessamente, leu a mente da amada.
Os olhos castanhos se abriram e viram Severus olhando-a com carinho, olhos negros não mais frios e cruéis, mas incrivelmente doces e apaixonados. Ele a trouxe para próximo do seu rosto e a beijou carinhosamente, acariciando-lhe as costas. O beijo foi interrompido com um ruído. Ambos olham para a porta dos aposentos e notam Firenze entrar todo pomposo, acompanhado de Dobby.
O elfo não olhou para o casal entrelaçado, apenas disse-lhes: "Alvo Dumbledore está muito feliz e encube Dobby de trazer o café da manhã ao casal. Dobby feliz também" e saiu com um sorriso tímido dos aposentos de Snape. Firenze postou-se ao lado da cama, com um incrível sorriso maroto, foi pelo menos o que concluiu o casal.
Edrea olhou para Severus "É, Firenze nunca se engana...". O bruxo sorriu. "Onde estávamos mesmo?", ronronou Snape, gesticulando para que Firenze se retire. O bichão saiu rapidamente e muito feliz. O Mestre das Poções lançou um feitiço e trancou a porta...
O casal ficou a manhã toda nas masmorras, conversando e fazendo planos. No almoço, apareceram de mãos dadas. Hogwarts ficou estarrecida.
"Não acredito, olha lá o professor Snape, tá... sorrindo?", uma aluna da Lufa-Lufa comentou. E esse realmente foi o assunto do momento.
Snape puxou a cadeira para Edrea e sentou-se ao lado da amada e do velho amigo Alvo, que estava irradiante. Antes de começarem o almoço, Dumbledore se levantou e anunciou: "É com imensa alegria que comunico a Hogwarts que fomos presenteados com o amor! Sim meus caros, os professores Severus Snape e Edrea Gray selaram o namoro!!"
Palmas e interjeições tomaram o salão. Edrea corou e Snape ficou sério, mas ainda com a feição leve. O casal soube do plano de Alvo e Edrea ficou aliviada ao tomar conhecimento de que Sirius fazia parte.
"Seu morcegão sortudo!! Isso não quer dizer que não continue achando-a linda...".
"Sirius", cutucou Minerva.
"Mas não é?", questionou marotamente. Sirius empalideceu ao ver a expressão de fúria em Snape e não abriu mais a boca.
Em alguns meses foi anunciado o noivado. Mas isso é uma outra história, quem sabe...
*FIM*

N.A.: Olá leitores!! Essa é minha primeira fic. Após ler dezenas de histórias, resolvi passar para a tela a minha própria criação. Perdoem-me eventuais falhas e escrevam-me para comunicar o que acharam. Vocês leitores são primordiais para a nossa criação! Muito obrigada por terem lido até aqui e um forte abraço!!
Ah, sim, amamos o nosso querido Mestre das Poções!! ;)

quinta-feira, abril 06, 2006

Tadinha - por Rodrigo Pinto

Vaneça tinha dificuldade pra iscreve.
Até gostava, mais num consiguia direito.
Intão ela tevi uma idéia.
Matriculousse num curso de língua potugueza, redassão i estilo.
Finalmenti Vaneça ia consiguir fazer o que ela mais gostava, do geito certo.
Intão nu primero dia, ela acordou cedinho e foi tomar café cum leite.
Cumeu pão di forma e passo mantega.
Tomou um banho e foi pro ponto de onibus.
Derrepente, encontrou um visinho de carro, que tava indo pro mesmo lado qui ela.
Resolveu pegar uma carona, mas o rapas istava mauintenssionado.
Paço a mão no cabelo da Vaneça, abrassou a Vaneça, e ela tentava fugir, mais ele não dechava.
Intão ela avizo ele : Si vosse num pará, eu vo iscreve tudo e manda pru jornal.
Ele rriu, parou o carro duma veis, e mandô ela decê do carro.
Ela xorou e sentou no xão, pegou a lapizera e o caderninho ispirau, e iscreveu o que vosseis tão lendo agora.
Tadinha da Vaneça.

Morre o palhaço Carequinha - por Lucas Domiciano (colaborador do Arauto)

Mais um palhaço querido dos brasileiros morreu. Foi o palhaço Carequinha. Mas ele não morreu por problemas de saúde, ele já estava morto bem antes.
Ele morreu por abstinência de humor. A única peça humorística, que de engraçada não tem nada, é a dança da Pizza que está mais famosa do que nunca em nosso plenário nacional.
Na mais abala o brasileiro, o humor está acabando, a falta de ética, o descaso com a população, a falta de respeito com quem colocou os políticos nos seus devidos lugares. Nós.
Nossos palhaços estão morrendo, está cada vez mais difícil colocar o sorriso no rosto do brasileiro que não aguenta mais tanta injustiça.
Injustiça conosco que ganhamos 2, 3, ou as vezes, quando muito, 4 salários mínimos vendo um deputado sacar R$ 100.000,00 do Valérioduto e ainda ser inocentado! E além disso continuará ganhando seu salário, medíocre, de no mínimo R$ 20.000,00 incluindo todas as mordomias de seu cargo.
Mas chegará a hora do brasileiro voltar a sorrir, se quiser, em Outubro. Este mês deve ser especial. Deve ser o mês em que voltaremos nosso senso de humor e vamos rir muito, nas urnas, quando todos estes políticos corruptos ficarão a beira do caminho e nossos palhaços vão dar show. Um espetáculo de alegria e disposição para comemorar um novo Brasil, no mínimo sem uma boa parte dessa grande família mafiosa que é nossa política hoje.

quarta-feira, abril 05, 2006

É TÃO DIFÍCIL ASSIM? capítulo 6 - texto de Rosa Pellegrino (um toque feminino no Arauto)

Capítulo 6

Os dias transcorreram rapidamente. Os alunos estavam alvoroçados com a proximidade da festa e não falavam em outra coisa. Edrea confessara a si própria que não estava no espírito comemorativo e até pensou em não ir, inventando alguma desculpa.

Snape sempre foi avesso a festas. Essa não poderia ser diferente. Snape não estava no espírito comemorativo e até pensou em não ir, inventando alguma desculpa...

Mas ambos foram intimados por Alvo, em ocasiões diferentes, a comparecerem na festa.

"Ah, srta. Gray, seu primeiro ano em Hogwarts e não vai ao dia das bruxas? Não pode não minha filha! Faço questão de que participe, considere isso um convite meu!!" Aquilo soou familiar à bruxa... e aceitou o convite de Alvo.

"Deixe de ser rabugento Severus!! Como meu amigo e brilhante mestre das poções de Hogwarts não vai ao baile? Nada disso meu filho!! Faço questão de que participe, considere isso um convite meu!!" Snape aceitou a meio contragosto.

A semana que antecede o baile passou muito rápida.. Um tanto desgostoso, Snape notou que Edrea o evitou durantes todas essas semanas. Desde o ocorrido perto do estaleiro, a bruxa nunca mais o olhara nos olhos e evitara encará-lo o máximo possível.

Para ambos as noites eram longas e mal-dormidas. Freqüentemente acordavam em febre após sonhos e, a muito custo, concluíam serem sem propósito... "Imagina, aquela zinha... Ponha-se no seu lugar Severus...". "Maldito bruxo, intragável, isso sim é o que ele é... ignore tudo isso Edrea..."

E então finalmente o Dia das Bruxas chegou. Com as aulas dispensadas, alunos e professores foram finalizar os preparativos para a noite. Edrea se espantou ao ser acordada por Dobby lhe trazendo o café da manhã. Eram 10 horas. "Por Salazar, dormi demais!!"

"Minha senhorita, hoje está dispensada das aulas não é mesmo?", perguntou-lhe docemente o elfo.

"Dobby, já lhe pedi que me chamasse de Edrea."

"Sim senhorita, quer dizer Edrea!" e riu-se com os grandes olhos brilhantes sentando-se numa cadeira e se agitando como uma criança levada, balançando as orelhonas. Edrea sorriu como não fazia a tempos ao ver o elfo brincando na cadeira.

"Já comeu Dobby?"

"Sim Edrea", continuando a se balançar.

Então o rosto de Edrea se iluminou com uma idéia que lhe ocorreu. "Gosta de cristais Dobby?"

Dobby parou a brincadeira, com os olhões úmidos e iluminados a lhe observar. "Sim."

Com um gesto rápido da mão, Edrea conjurou uma bola de cristal, tal qual aquela do primeiro dia de aula. Jogou-a a Dobby, que pegou desingonçadamente. O elfo sorria de orelha a orelha.

"Não é muita coisa, mas é para você brincar Dobby. Não se preocupe, é inquebrável."

O elfo saltou da mesa se jogou na cama, quase derrubando o café, enlaçou Edrea e agradeceu. "A-srta.-Gray-presenteou-Dobby.-Dobby-está-muito-feliz!!", e saiu como um foguete com o presente.

Enquanto isso, Snape acordava resmungando. "Por Salazar! Já são altas horas da manhã!!" E, em um salto, saiu da cama. Notou uma bandeja com o café da manhã postada sobre uma mesinha. "Esses elfos estão cada vez mais abusados", disse entre os dentes um Snape sonolento.

O dia estava incrivelmente lindo. Nem parecia que o inverno estava batendo às portas. Hogwarts estava magnificamente decorada. Hagrid acabava de espalhar abóboras gigantes pelo castelo e no jardim. Os alunos estavam radiantes com o baile.

"Bom dia Edrea!"

"Olá Remo. Pelo que noto está ansioso por hoje a noite."

"Você vai adorar Edrea, é tudo muito legal, magnífico me atrevo a dizer e..."

Snape passou por eles com uma carranca e a capa esvoaçando nervosamente. Remo ainda conseguiu dar um alto 'bom dia', totalmente ignorado pelo homem alto de vestes negras que prosseguiu no seu caminho. Edrea fez que não o viu.

"Olá, olá!!" era Sirius que chegava acompanhado de Hagrid.

"Bom dia", respondeu Edrea direcionando a dupla um aceno com a cabeça.

"Então, bela jovem, já está com a roupa pronta, suponho?", disse Sirius marotamente.

"Roupa?"

"Céus Edrea, por onde tem andado", questionou Hagrid.

"Gata, você tem que escolher um lindo vestido e uma bela máscara... esqueceu que é um baile de máscaras?", perguntou Black.

Com um suspiro, Edrea compreendeu o quão absorta esteve em seus pensamentos e tarefas na última semana, esquecera totalmente da roupa para o baile.

Curiosa pelo círculo formado no corredor, Minerva se aproxima. "Bom dia a todos! Vejo que estão animados para a noite!"

"Animados? Edrea nem tem roupa!", confessa Lupin.

"O que está havendo minha querida?"

"Nada Minerva, é só que... estive muito ocupada e me esqueci completamente desse detalhe."

"Vamos à Hogsmeade agora! Não é possível que uma jovem como você ignorou a oportunidade de comprar um lindo vestido e bla bla bla...", puxando Edrea, Minerva se foi e o trio de bruxos acharam graça na cena.

terça-feira, abril 04, 2006

4ª feira de manhã - por Minduin

7:40 da manhã, porra, devia ter chegado aqui a meia hora atrás. Tudo bem, ninguém mais nota que eu chego todo dia meia hora atrasado.
Minha cabeça parece que vai explodir, minha boca parece que tem um sapo morto dentro e, pra piorar meu humor, essa merda de estação tá lotada, eu fiquei de cara com o sol nascente e provavelmente a tiazinha ao meu lado tomou um banho de um perfume de merda da Avon.
Tudo isso é culpa minha, afinal se ontem à noite eu tivesse saído do serviço e ido direto pra casa tomar banho, jantar e mofar em frente a tv eu estaria bem, mas preferi encontrar uns amigos num buteco sujo no centro da cidade, discutir os mais variados assuntos desde a geopolítica no oriente médio até a metafísica das formigas saúvas.Regando a conversa com cerveja e conhaque. Beleza, eu arco com as conseqüências dos meus atos, passo a mão sobre o bolso da calça e sinto a porção de “paçoca” que me deixará legal às seis da tarde.
A tiazinha com perfume da Avon agora está bem perto de mim, sinto uma ânsia de vômito, tento me distrair, olho para o outro lado da estação e vejo uma dessas garotas que só anda de metrô porque quer, afinal poderia ser uma estrela pornô rica se quisesse.
Sinto o deslocamento de ar, seria uma brisa refrescante se o dia não estivesse tão quente, imagino qual o estrago que esse gigantesco leviatã prateado causaria ao se chocar contra uma das colunas de sustentação da estação. Porém as portas se abrem e uma manada de gnus-de-rodeio me soca dentro do vagão, com um movimento ágil consigo me sentar num banco e me preparo para o rotineiro cochilo matinal, só que nem tudo são flores em minha vida de operário, a puta velha com perfume-cheiro-de-bosta-doce-da-avon senta-se bem ao meu lado, e eu penso “ vou vomitar em cima dessa velha se ela não sair do meu lado” mas me mantenho calado.
Duas estações se passaram mesmo de olhos fechados e com muita concentração, o cheiro do perfume doce misturado a minha ressaca infernal e o movimento do metrô fazem meu estomago revirar mais que uma minhoca assustada.... Subitamente abro os olhos o metrô está tão cheio que se alguém levanta o pé ele tem que ficar no ar, olho pra velha perfumada, dou um suspiro profundo e sinto que uma revolução armada acontece repentinamente em meu estomago, decido não debelá-la e solto um gigantesco jorro de bílis, comida azeda, bebida fermentada, e acho que uns pedaços de berinjela sobre a velha perfumada ao meu lado. Todas as pessoas me olham com ojeriza, a velha começa a ter engulhos e um cara ao meu lado também, que sorte estarmos na estação Santana as portas se abrem e eu saio, quase que expulso, do vagão e me dirijo a mureta lateral da plataforma, passo as costas da mão sobre a boca para limpar um pouco da baba que ficou após o vômito e finalmente dou o primeiro sorriso do dia....



Atendendo a pedidos neste texto não tem maconha....

6º FEIRA A NOITE -por Rodrigo Pinto

Heheheheh a festinha árabe foi uma comédia hehehe
assim que eu cheguei já vi aquela porção de esfihas nas caixas do habibs e kibes do habibs heheheheh e tudo do habibs hehehehehhehe
Aí eu falei se o Habibs entra de greve, não tem festa hoje!!
Depois que eu vi húmus, ricota, uns patêzinhos pra passar no pão sírio.
E depois teve doces árabes, com mel pra colocar em cima e tal....delícia, nunca tinha comido, nem sei o nome, mas deve ter no Habibs também.
Aí começou a dança do ventre, espadas, um cara com cara de bobo alegre, com umas botas engraçadas...parecia que eu tava na novela O CLONE....o cara batia palmas e ria, e chutava o ar, dançava rindo , todo alegre, cercado de 2 dançarinas, uma magrinha a outra nem tanto, mas tinha uma técnica fenomenal. Parecia o Ali babar, eu tomando umas cervejas e rindo sozinho , joguei uma sinuca e perdi, joguei outra, perdi e mandei os vencedores à merda.
Fui embora cedo e nem parei no meio do caminho pra ouvir um rock'n roll, entrei direto pro trem metropolitano e voltei pra casa.

segunda-feira, abril 03, 2006

É TÃO DIFÍCIL ASSIM? capítulo 5 - texto de Rosa Pellegrino (um toque feminino no Arauto)

Capítulo 5


"CA-LA-DA!!"
Aquilo a fez saltar e tremer. Snape se aproximou a passos rápidos e firmes. A cabeça de Edrea estava a mil. "Sai daí, vai. Ah, qual é, você é um animago, ataca ele..." Não concluiu os pensamentos, Snape estava a menos de um palmo dela.
Ela sentia a respiração ofegante dele ricochetear a sua própria pele. Os olhos faiscando de ódio e de... hein?? Não terminou o raciocínio. Snape a tomara nos braços e a beijava apaixonadamente, com todo o desejo e amor possíveis. Edrea se desmanchou em seus braços e retribuiu o beijo fervorosamente.
A jovem pula e senta na cama, ofegante. Nota que suava muito, como se tivesse em febre. Leva os delicados dedos aos lábios e a sua mão chama a atenção. Estava com um curativo. Então a noite passada veio em sua memória, trazendo uma incrível enxaqueca. Lembrou-se que se embriagou, desvairada quebrou a taça com a mão e sorveu até a última gota no gargalo da garrafa. E desmaiou.
Com os miolos cozinhando e a mão doendo, nota que Firenze também acabara de acordar e a olhava gentilmente perto da cabeceira. Com certa lerdeza, levanta-se e se admira com o sangue no lençol, concluindo a imprudência que fizera e se perguntando quem poderia ter feito o curativo e por que. Olha inquiridora para o felino, que simplesmente ignora o olhar e se espreguiça faceiramente.
A passos lentos, com as pernas pesadas, Edrea vai até a janela e abre as cortinas. Sua cabeça latejou mais forte e seus olhos arderam. Estava um belo dia ensolarado. Fechou a cortina como um vampiro que foge do sol. Olhou o relógio atordoada e se apressa ao ver que estava atrasada para o café no salão comunal.
"Você está com uma aparência deplorável querida", ironiza o reflexo no espelho do banheiro. Edrea o ignora. Toma uma ducha rápida e vai ao armário. Hoje decidiu se vestir bem como o seu humor: toda de preto. Subitamente arregala os olhos e desfaz a idéia ao se lembrar de certo alguém que só se veste de preto.
Então viu umas peças de um azul marinho profundo como a mais escura noite sem estrelas e sem luar. Vestiu a calça, a bata que deixava seus ombros a mostra e o colete, o típico uniforme de Edrea, conclui a própria ao calçar as botas. Com um leve movimento da varinha, arruma os cabelos e se maquila. Mas seu aspecto ainda era decepcionante. Olheiras profundas e um ar abatido. Conjura óculos escuros. E resolveu usar as luvas, para escamotear a mão ferida. Não queria questionamentos. Deu o café da manhã de Firenze e saiu voando dali, estava mais do que atrasada.
O salão comunal estava cheio; um falatório e tanto. Não olhou para ninguém, mas todos os professores a olharam. Sentou-se entre Sirius e Flitwick e se concentrou no café da manhã. As vozes acabavam com os poucos miolos que lhe sobraram.
"Não lhe parece um bom dia não é mesmo Edrea?" perguntou Sirius preocupado.
A bruxa limitou-se a um sorriso amarelo.
"Perdoe-me a intromissão, mas, por que estes óculos?"
"Já ouviu falar numa doença trouxa, Sirius? Conjuntivite?"
"Sim", mas Sirius não engoliu a resposta. Notou que ela também vestia luvas. No entanto não quis perturbar a jovem com mais perguntas.
Snape estava um tanto perturbado. Viu o estado da garota e notou que ela não olhava para ninguém ou para coisa alguma, só para o que estava na sua frente, à mesa.
Durante o café, Edrea fez um retrocesso do seu primeiro mês em Hogwarts. "Porre no serviço Edrea? Você nunca foi de beber... Tsk tsk... Não perca a cabeça por idiotices", sua consciência a aconselhava.
Pela primeira vez na manhã, sua atenção foi chamada ao centro da mesa. Era Alvo que pedia silêncio.
"Bom dia a todos! Como sabem no fim deste mês teremos o dia das bruxas e, como acontece anualmente, teremos um baile para comemorarmos a ocasião. Dentro de algumas semanas Hogwarts verá a melhor festa das bruxas em anos!!"
O salão veio a baixo. Os alunos comemoravam como nunca. Alvo pediu silêncio e prosseguiu.
"Alunos e professores estarão dispensados de seus deveres nesta data para concluirmos os preparativos do baile, que será de máscaras. Obrigado e tenham um excelente dia!!"
O falatório retornou em dobro. Edrea gemeu baixinho com a dor de cabeça. "Tudo bem querida?" era a vez de Flitwick. Edrea acenou positivamente com a cabeça. Última a chegar e a primeira a sair. Todos notaram.
"Com licença srta. Gray", solicitou Alvo.
"Bom dia senhor", Edrea estava em sua sala lendo atentamente umas papeladas...
"Desculpe a intromissão, mas a srta. não está nada bem hoje. Notei que mal se alimentou. E isso não é da conjuntivite". Edrea jurou ver um sorrisinho por entre a barba prateada do velho bruxo.
"É Dumbledore, nada lhe escapa, não é mesmo?"
"Vamos, você precisa tomar alguma coisa para melhorar. Me acompanhe."
A jovem seguiu o bruxo. Num dado momento da caminhada, o sangue em suas veias parecia ter congelado, notando que se encaminhavam às masmorras.
"Senhor, não deveríamos ir para a enfermaria?"
"Minha filha, nada que uma poção do professor Snape não resolva."
A bruxa seguiu como se tivesse indo para o matadouro. O velho bruxo parecia estar se divertindo com a situação.
Snape estava na mesa lendo textos de alunos quando a duplo chegou. "Bom dia Severus!"
"Bom dia Alvo", então Snape levanta os olhos e vê que o amigo estava acompanhado. "Em que posso ser útil?", fala vagarosamente.
"Severus, aquela poção que solicitei por favor."
Edrea não levantara a cabeça, olhava fixamente o chão. Snape se dirigiu ao armário e trouxe um pequeno frasco com conteúdo azul céu.
"Aqui está senhor."
"Ótimo!! Cuide da srta. Gray. Preciso ir resolver uns assuntos." E, novamente, sem dar tempo para respostas ou perguntas, o sábio bruxo se foi, deixando-os a sós.
Um silêncio perturbador se fez presente. Snape a observava olhar fixamente o chão.
"Srta. Gray, esta é uma poção que elimina a enxaqueca e outras conseqüências decorrentes da ingestão excessiva de álcool. Esta dose é suficiente", disse ao mesmo tempo em que estendia o vidrinho a jovem.
Notou que Edrea corou violentamente. Acompanhou a mão trêmula e enluvada da bruxa pegar o frasco.
De um gole só, a poção se foi. Snape ouviu um baixíssimo 'obrigada'. E lá estava ela, dando-lhes as costas, quando ele a interrompe. "Srta., precisamos trocar o curativo de sua mão."
Edrea não sabe como se manteve em pé, pois teve a sensação que ia desmaiar a qualquer momento. "Então foi você?", questionou ainda de costas. Não houve respostas.
"Por gentileza, siga-me." Edrea obedeceu e se dirigiu ao escritório do bruxo. Lá sentou-se. Snape trouxe alguns ungüentos e curativos. Notou com espanto que a mão da moça estava gelada e tremeu ao primeiro toque dele. Sem perder o tom sarcástico diz "Eu não mordo srta.", se arrependendo logo em seguida. Durante todo o processo, ele não soube dizer se ela o olhava, pois os óculos escuros eram intransponíveis.
Agilmente o mestre das poções trocou os curativos. Ele ficou satisfeito ao ver que os cortes não sangraram mais e que a cicatrização estava muito rápida. "Não use as luvas, para não comprimir os ferimentos", aconselhou o bruxo. Edrea consentiu.
Ao se virar para guardar o material, Snape escutou mais um baixo 'obrigada' e a cadeira se arrastando. Edrea se dirigia a saída. Mas antes de transpor a porta, ainda de costas, Edrea questiona: "Por que o senhor foi até os meus aposentos?", a voz dela soava fraca.
"Perdoe-me srta., mas Firenze veio me buscar", foi tudo que ele conseguiu dizer, num tom baixo.
Rapidamente a bruxa não estava mais lá. Snape se joga pesadamente em sua cadeira com o olhar perdido.
A aula do dia era com as turmas do 5º ano de Grifinória e Sonserina. Instantaneamente lembrou-se do primeiro dia de aula e buscou com os olhos o grupo de sonserinos. Não precisou ler a mente para perceber o quanto estavam acuados e com receio. "O que será que Snape fez com eles?" À primeira lembrança do Mestre das Poções, Edrea se puniu.

quinta-feira, março 30, 2006

Posso ir agora ? - texto de Rodrigo Pinto

Sobriamente, abotoou o casaco e protegeu-se do vento frio daquela manhã de 5feira. A passos largos, caminhava sem olhar para os lados, os pensamentos confusos e dispersos. O vento gelado deixava a ponta do nariz vermelha. Lágrimas geladas juntavam-se no canto dos olhos. O cabelo, despenteado. Não sabia onde ir, sabia que queria mais. O sol nascia devagar e alguns raios luminosos refletiam na calçada. Crianças de mãos dadas com os pais iam para o colégio, e homens de gravata e mulheres de sandálias esperavam o ônibus para ir trabalhar. Reparou num vira-lata velho, esperto nas ruas, que olhava para os dois lados antes de atravessar. Continuava a sua caminhada, e sorria ao ver um passarinho pousado no fio de alta tensão. Ao se aproximar de uma banca de jornais, parou. Desempregados liam as notícias do dia nos jornais pendurados na parte lateral da banca. Uma velhota comprava uma revista de fofocas, com fotos de gente rica e sorridente na capa. Parou, enfiou a mão no bolso de trás da calça e tirou um maço de cigarros amassados. Acendeu um, e continuou a caminhar. Passa por uma turma de punks sujos, que deviam ter passado a noite sentados ali mesmo, discutindo política e anarquismo, e bebendo uísque de procedência duvidosa. Um desses lhe pede um cigarro, ele nega. Lembra-se do caminho e vira à direita. Passa pela igreja onde as beatas disputam lugar com os mendigos na porta. Do lado, uma garotinha vendia flores. Revirou os bolsos, juntou umas moedas e comprou algumas. Sentiu-se ridículo carregando aquelas lindas e cheirosas rosas vermelhas, mas continuou seu caminho. Alguns nem o notavam, outros o estranhavam. O trânsito parado. Sirenes. Uma moto caída, e um carro importado com o pára-choque amassado. Um corpo no chão. Não parou pra ver quem era. Continuou a andar, jogando a bituca do cigarro no chão. Chegou na porta do cemitério. Respirou fundo e entrou. Passarinhos cantavam e o sol já esquentava as lápides. Abriu o casaco e do bolso tirou uma anotação que não conseguia ler. Andou algumas quadras, passou por um coveiro que ajeitava flores em uma tumba recém fechada. Deteve-se um minuto ali, e quando o funcionário se retirou, aproximou-se. Agachou, e depositou suas flores ali também. Reconheceu sua foto no mármore, que refletia o sol. Levantou-se assustado e correu. Voltou para o local do acidente que havia ignorado. Lá, a polícia havia coberto com um plástico preto o motoqueiro de má-sorte. Só conseguia ver os pés do cadáver. Parado ao lado do corpo, um jovem. Alto, jaqueta de motoqueiro. Calça jeans surrada. Calçava botas idênticas à do defunto. Estava pálido, parecia não entender onde estava ou o que se passava, alheio aos acontecimentos. Notou que o jovem observava tudo com medo. Caminhou até ele e então lhe ofereceu um cigarro. Do lado deles, uma menininha vendia flores, o cheiro de morte invadiu suas narinas. Seria o perfume daquela mulher, que apareceu de repente, toda de negro, que maldosamente sorria e lhe estendia um isqueiro?

quarta-feira, março 29, 2006

É TÃO DIFÍCIL ASSIM? capítulo 4 - texto de Rosa Pellegrino (um toque feminino no Arauto)

Capítulo 4



Eles não se viram até o jantar. Nessa hora, constatou uma Edrea distante e que não o olhou sequer por um segundo. "Menos mal" concluiu Snape.
"Severus, venha até meus aposentos após o jantar", Alvo o interrompera em seus pensamentos.
"Sim senhor."
Snape viu quando Edrea se retirou, antes de terminar o seu jantar. Depois acompanhou Alvo até os aposentos do velho amigo.
"Sente-se", indicou Alvo. "Sabe Severus, fiquei realmente muito preocupado com a sua atitude de hoje a tarde."
Severus fez uma cara de surpresa e indignação. "Aquela atrevida falou exatamente o QUE ao senhor?"
"A Srta. Gray" – frisou – "não me disse nada. Lupin veio até mim um tanto preocupado. Disse que nunca o virá tão transtornado, ainda por cima por causa de um cavalo!!"
"Aquele Lupin, além de intrometido é um fofoqueiro", disparou Severus.
"É tão difícil assim?"
"O que Alvo?"
"Boa noite Severus."
"Mas Alvo..."
"Boa noite" repetiu o sábio bruxo.
Snape se retirou mudo e foi direto para as masmorras.
Em seus aposentos, Edrea sentia-se um lixo... "É Edrea, a vida tem seus problemas meu bem... para quem nunca ligou para que os outros dizem, você está valorizando muito o que aquele amargurado faz contigo..." zombou o seu reflexo no espelho. "Ah vai pro inferno", vociferou para a imagem. Jogou-se na cama, sem trocar de roupa, acompanhada de uma garrafa de vinho. Firenze a olhava sem compreender. Aquela noite Edrea teve seu primeiro porre.
Firenze saiu após ver que a dona adormecera e se encaminhou às masmorras. Lá, arranhou a porta e rugiu para chamar a atenção.
Qual não foi o espanto de Snape ao se deparar com o bichão a sua porta, entrando sem cerimônia. "Olá Firenze! O que o traz aqui uma hora dessas?" O felino o surpreende novamente: senta-se a sua frente, fixa o olhar e o analisa como da primeira vez que se viram. Dando um muxoxo, Firenze finalmente se deita, cruza as patas e apóia a cabeçorra nelas, sem desviar o olhar inquiridor de Snape.
"O que eu fiz?" sussurra Snape. Mas ele já sabia a resposta. "Firenze, eu..." disse ao mesmo tempo em que ia ao bichão. Este desvia desdenhosamente o olhar e solta um som indefinível, algo como um 'humph'. Subitamente, a pantera se levanta e puxa Snape pela calça. "Ok Firenze, me mostre o que você quer." E seguiu o bicho.
Suas desconfianças estavam certas. Firenze o levava aos aposentos de Edrea. Ao chegar, nota que está tudo muito quieto, uma preocupação toma por fim todo o seu ser. Snape entra num local desconhecido, e avalia com uma ponta de satisfação se tratar do quarto da colega. O lugar estava quase que na penumbra, não fossem algumas velas que iluminam parcamente o recinto. Os olhos de Snape são atraídos magneticamente para a cama e vê que um corpo lá está. Se aproxima ao mesmo tempo em que Firenze sobe e se senta na cama. Era Edrea dormindo profundamente.
Seu pé bate em algo. Olhando para o chão, o bruxo se abaixa e pega uma garrafa vazia. Lê o rótulo, cheira a essência. "Até a última gota", comenta e volta suas atenções a Edrea. Foi então que uma mancha o atraiu mais ainda. A mão da bruxa jazia numa exagerada concentração de sangue no lençol.
Snape dá a volta na cama e consegue ver o motivo: cacos de cristal compunham a cena, alguns cravados profundamente na bela mão da moça, outros largados a sua volta. Snape olha rapidamente para o felino, que acompanhava tudo atentamente. O bruxo remove os cacos com um feitiço e começa os cuidados com a bruxa adormecida. Primeiro retira caco por caco e vê que a mancha não é à-toa: há cortes profundos. Depois conjura alguns ungüentos e toalhas. Limpa delicadamente a mão e aplica carinhosamente os remédios. Por fim envolve os ferimentos com curativos e sorri ao notar que o sangue estancara.
Volta-se para o outro lado da cama e olha atentamente cada detalhe daquele rosto adormecido, memorizando cada traço, como se fosse uma pintura renascentista incrível ou como se nunca mais pudesse vê-los novamente. Sem pensar, dirigi-se aos lábios da bruxa, mas a sua razão o freia novamente. "Por Merlin, qual é o seu problema Severus?" Contenta-se em depositar um beijo carinhoso na testa. Acena com a cabeça ao bichano e sai sem dizer nada.
De volta as masmorras, Severus estava totalmente imerso em um turbilhão de acontecimentos. Sua razão tentava, cada vez mais dificilmente, o trazer ao seu equilíbrio, mas o seu lado sempre oprimido das emoções teimava em se posicionar, dando um ultimato ao bruxo em estado de confusão. Aquela noite, Snape custou a dormir e quando o fez, o fez muito mal, acordando um traste na manhã seguinte.

terça-feira, março 28, 2006

Tempos modernos

Texto do Minduin


È, realmente os tempos mudaram. A cerveja não custa mais R$1,50, a maconha ainda custa R$5,00 mas vem um terço do que vinha nos áureos tempos, os melhores jogadores do brasileirão não são brasileiros, as putas agora se dizem dançarinas.
Com todas estas constatações eu chego a conclusão de que a roda do tempo realmente é implacável.
Há dez anos eu achava que os caras da esquerda eram sempre os mais honestos, que as bandas boas surgiam por acaso do destino e que todas as mulheres eram sedentas por sexo. Quanta ingenuidade! Mas também, há dez anos atrás, eu tinha quase nenhuma experiência sexual, não conhecia neosindicalistas e achava jazz e blues coisa de velho.
Agora, nesta tarde modorrenta em que o dia se arrasta feito um saci de patinete, olho o português (que eu tenho certeza que é de campinas) me servindo uma cerveja “meio-gelada” e me pergunto e os próximos dez anos?? Minha pança de breja continua aumentando, minha grana diminuindo e o futuro se mantém sombrio.
Tento desviar minha mente destes pensamentos lúgubres, encho o copo de cerveja e me lembro de Clotilde uma morena que eu comia há alguns anos, tento me lembrar o porque ela deixou de me ligar... Ah ta lembrei, acho que não devia ter dado uma cotovelada na coluna dela, mas também... quem mandou ela pedir pra eu bater... logo quando ela estava de quatro....
Olho para o lado, tomo mais um gole de cerveja e começo a prestar atenção num casal muito estranho que desce de um carro e se encaminha para a relojoaria em frente.
Estranho porque estão os dois com cara de poucos amigos, ela carrega algo pesado dentro da bolsa e ele esconde algo dentro da jaqueta, apesar de estar fazendo uns 40ºc. Segundos depois do casal entrar na loja escuto gritos, vidros se quebrando e um estampido.
Quase ao mesmo tempo o vidro da frente da relojoaria estoura e eu vejo algo vindo em minha direção, acho que é um besouro ou uma varejeira tento me desviar, mas não sou ágil o bastante e sinto a inseto bater em minha testa. Só então percebo que não era um inseto, era um projétil de chumbo, sim uma bala, que entra com tanta força em meu crânio que chega a jogar minha cabeça pra trás.Não consigo me mexer perdi todas as faculdades motoras, só sinto uma dor lancinante na cabeça e caio da cadeira........

Homem de fibra - por Rodrigo Pinto

Enquanto ouvia as ondas, lembrava-se de uma infância que não fora sua. Devaneios à parte, voltava a realidade, com um saco de cimento nos ombros e gritos no ouvido, maldito chefe que não o deixava em paz. Sob o sol escaldante, via jovens milionários beberem e sorrirem, cercados de loiras estúpidas e turbinadas. Garrafa de whisky, latas e mais latas de cerveja importada. Champanhe no balde de gelo, e música eletrônica. Divertiam-se. Enquanto isso, Leocádio trabalhava na reforma da mansão à beira-mar de um bem sucedido empresário do ramo frigorífico. Suava, as mãos calejadas pelo serviço duro. A casa ficava numa praia particular no litoral baiano, a alguns kilômetros do vilarejo onde Leocádio havia nascido. Com apenas 22 anos, o jovem Leocádio tinha que trabalhar para sustentar seus 16 irmãos. Seu pai vivia alcoolizado e sua mãe há alguns anos não batia bem dos pinos, e passava a maior parte do dia alimentado galinhas invisíveis com pedaços de jornal picado. Sem estudo, carregava todo tipo de peso, e trabalhava braçalmente para os ricaços da região. Um paraíso selvagem, onde ele havia nascido e sido criado, agora todo comprado pelo capitalismo brasileiro. Olhava os jovens ricos e bêbados, despreocupados da vida, aproveitando e se esbaldando. Enquanto voltava para o caminhão para retirar mais um pesado saco de cimento, viu os jovens atirarem as moças ao mar, e rir sem parar. Riam muito, estavam alegres de verdade. Uma das moças já fazia topless, entornando várias doses de whisky caríssimo. Leocádio nunca havia visto seios tão bem feitos e grandiosos. Não conseguia tirar os olhos. Um dos playboys percebeu, e rapidamente convocou os amigos para tirar um sarro. Leocádio não percebeu e foi atingido por uma lata de cerveja na cabeça. O boné das Casas Bahia foi ao chão e os jovens se divertiram. Riam alto e mandavam o "cearense" continuar a trabalhar. Leocádio, zonzo, sentiu o sangue escorrer na testa. Enxugou com a manga da camisa e continuou a carregar sacos de cimento. Na volta, foi cercado pelo bando de playboys. Tremeu na base, todos eram enormes. "-ô cearense!" – um deles gritou. "-gostou de ver as garotas seminuas? Sabe o que é seminua?" , e os outros riram.
Antes que Leocádio pudesse esboçar qualquer reação, foi agarrado pelos playboys que diziam :" agora elas é que querem te ver seminu, paraíba, você vai tomar uma lição" . E imobilizado, viu os playboys arrancando sua calça e camisa. Debateu-se, mas não conseguia se livrar daqueles moleques crescidos. As loiras riam de se matar da situação do pobre nordestino peão de obras. Só de cuecas, percebeu estar sendo carregado em direção as pedras. Os jovens, alcoolizados, começaram a bater a cabeça de Leocádio nas pedras e as loiras divertiam-se, querendo mais violência. Quando soltaram Leocádio, já não havia mais dentes em sua boca, o nariz sangrava e um dos olhos já estava completamente fechado. Atordoado, levantou-se da areia e viu os jovens bebendo e divertindo-se, como se nada tivesse acontecido. Com raiva, foi até sua mochila e sacou a peixeira, velha amiga de lâmina afiada. Voltou até os jovens, que não perceberam sua aproximação. Foi até a loira de topless, e em dois golpes certeiros, decepou o silicone de ambos os seios. Horrorizados, os outros recuaram, com medo daquele monstro desfigurado e armado, com ódio no coração. Calmamente, ele pegou os peitos caídos com sangue na areia, enfiou no bolso, guardou a peixeira e foi embora. Leocádio era um homem de fibra e não levava desaforo pra casa. Mas peito de loira burra, sim.