quarta-feira, abril 26, 2006

Isso é futebol - por Rodrigo Pinto

Ao subir lentamente a escada do vestiário, de mãos dadas com os companheiros depois de uma oração coletiva, aquele camisa 10 sentia mais uma vez as maravilhosas sensações que antecediam uma partida de futebol. O coração batia mais forte, ritmado, ouvindo os gritos vindo das arquibancadas lotadas. O cheiro da grama recém-aparada chegava às suas narinas, o vento morno de uma noite de verão batendo em seu rosto despenteava seus cabelos e revigorava o pulmão. Holofotes acesos, mas mesmo assim, os flashes vindos das câmeras fotográficas dos repórteres esportivos chamavam sua atenção. Voltou o olhar para o campo, ajoelhou e benzeu-se, antes de colocar o pé direito dentro das quatro linhas onde se travaria a batalha. No meio do campo, a dona do espetáculo, a bola lustrosa que seria disputada como um troféu por aqueles 22 homens, guerreiros atletas que emocionavam multidões com suas habilidades e demonstrações de raça pra vencer. Olhava a equipe adversária, inimigos os quais ele teria de enfrentar, barreira a ser ultrapassada pra honrar a camisa do time que defendia. Ao fundo, as traves. O alvo único, o objetivo máximo a ser alcançado, que traria a emoção e o grito de gol explodiria da garganta daqueles torcedores, que só queriam a vitória. Tinha de marcar, tinha de vencer. Naqueles próximos 90 minutos, deixaria de ser um só homem, e junto com o restante da equipe, se tornaria uma força única, impulsionada por uma multidão e uma paixão inexplicável, que só o futebol possui.

segunda-feira, abril 24, 2006

Gatas e cães - por Rodrigo Pinto

Não foi nada fácil. Cheguei perto do guichê e comprei passagem para o ônibus das 23h30. Prefiro viajar à noite, tomar uns tragos e dormir, então só de manhã, quando o sol bater no meu rosto, levantar, enxugar a baba que escorreu pra bochecha, ir até o banheirinho apertado, escovar os dentes e abrir um livro, ou ouvir um som. Rodoviária lotada, famílias inteiras chegando do nordeste, com bebês chorando. Jovens mochileiros, saindo por aí, em outra cidade, em outro país. Vendedores de bugigangas, e cafajestes aplicando o conto do vigário. Gente ignorante, e gente interessante, misturando-se naquele porto de embarque e desembarque de sonhos. Meti a passagem no bolso da calça jeans, e fui comprar uma cerveja. No meio do caminho, um casal de hippies me oferece artesanatos, mínimas esculturas de durepox, arame e miçangas. Tinham talento de sobra aqueles dois. Vi uma réplica miniaturizada do Bob Marley, idêntica ao original, com os dreads caindo nos olhos, a mão na testa, violão pendurado no pescoço e expressão de fé. Mesmo assim, passei batido e fui tomar minha gelada. Ainda faltavam 2 horas pra sair o ônibus, e eu não estava afim de gastar meu (pouco) dinheiro comprando bonequinhos de maconheiro. Saí da rodoviária e fui até o Sol Nascente Bar. Logo na entrada, um mendigo bêbado deitado no chão, com a cabeça apoiada num saco de gelo, e um pequeno fio de sangue escorrendo pela calçada. O tombo deve ter sido feio. Chutei-o para o lado e entrei, procurando uma mesa nos cantos. Sentei, e logo veio a cerveja gelada, com uma barata morta esmagada, grudada no fundo da garrafa. Enchi o copo americano, e tomei vários goles de uma vez. Reparei numa garota loira, olheiras fundas e cabelo despenteado, vestida com uma saia preta e meia calça, uma camisetinha do Ramones e jaqueta cor de nada. Ela comia com vontade um misto frio, e me observava a cada mordida. Ao lado dela, uma pequena mochila ocre, costurada à mão. Levanto e vou até ela, ofereço um cigarro e pergunto seu nome. Mal humorada, cospe um naco de presunto na minha cara, levanta e me chuta a canela. Maldita vadia, sem pensar agarro-lhe pelos cabelos e beijo sua boca com vontade. Uma mordida violenta me sangra o lábio e escurece a visão. A loirinha era nervosa. Sacudo a cabeça, e com uns guardanapos enxugo o sangue que corria quente e me manchava a camiseta. Com a outra mão, dou um tapa violento no rosto dela, que dessa vez cuspiu um dente no chão. Me olhou e sorriu, com a boca igualmente sangrenta. Aceitou o cigarro, pagou seu lanche e saiu. E eu continuei a tomar minha cerveja, agora com gosto de sangue. Fiquei pensando naquela garota, que começa uma briga e sai fora com um sorriso. Coisa estranha, que só acontece naquele boteco sujo. Me lembrava alguma coisa de um filme espanhol que eu havia assistido semanas antes. No roteiro, a garota personagem principal era uma junkie de classe média, que saía toda noite pelas ruas pra arrumar confusão e causar por aí. Um dia ela encontrou um vira-lata sujo, e dividiu uma cocada com ele. O cachorro lambeu sua mão, e juntos dormiram na sarjeta. Ela acordou sem uma orelha, e amaldiçoou o canino. Quando levantou e viu o corpo atropelado do sabujo, chorou. E nunca mais se drogou. Filme legal. Pensando nessas besteiras, quase perco o ônibus. Levantei-me e corri, nem paguei as cervejas. Cheguei na rodoviária em cima da hora, o motorista me xingando, pois só faltava eu. Todos já estavam em seus lugares. Caminhei até a poltrona 65, e para minha surpresa, no assento 66, lá estava ela. A loirinha banguela. Quando me viu, tremeu. Sentei ao lado dela e fingi não reconhecê-la. Ela tirou uma garrafa de vinho da bolsa e abriu, me oferecendo um gole. Não trocamos uma só palavra. Nos embebedamos e dormimos juntos, profundamente. Acordei cedo e ela não estava mais lá. Nunca mais a vi. Nem sei se um dia ela existiu. Olhei pela janela e um cachorro vira-lata, sentado na beira da estrada, olhava nos meus olhos. Tinha na boca uma orelha humana. Me acompanhou com os olhos até o ônibus sumir na estrada, levantando poeira e soltando uma fumaça suja e fedida pelo escapamento.

terça-feira, abril 18, 2006

O moleque - por Rodrigo Pinto

E aquele moleque andava tenso, com as duas mãos no bolso da jaqueta, olhando para os lados, desconfiado. Caminhava a passos rápidos, segurando o cano do revólver com força, e tremendo. Tremia, mas estava decidido. O irmãozinho menor estava passando fome, porra. A mãe, bêbada e velha, não prestava mais pra nada, e passava o dia inteiro no colchão jogado no chão do barraco, dormindo e tomando aquela cachaça vagabunda, que a fazia vomitar a bílis constantemente. Droga, tinha apenas 15 anos e fazia o papel de homem da casa. O pai, à muito tempo não dava as caras, devia estar morto o filho da puta. Põe filho no mundo e depois vai embora. Merda, o choro do bebê lhe dava calafrios. Tinha apenas 15 anos, mas alguém tinha que fazer alguma coisa. Não ia mais a escola, não arranjava emprego. Tinha que fazer algo. Lembrou-se da pistola 9 milímetros, que seu primo Neco tinha escondido dentro do bule de café, momentos antes da polícia invadir o barraco e levá-lo em cana. Era gente boa o Neco, apesar de roubar grandes agências bancárias e também a caixinha de esmolas da igreja. Pelo menos não faltava nada. Era leite na geladeira, torradas e biscoitos no armário. Arroz e feijão e uma dúzia de ovos. E gás. Bujão de gás valia ouro na favela. E o Neco não deixava faltar. Andava sempre com roupas novas, e relógio de pulso. Merda. Agora o Neco estava vendo o sol nascer quadrado, e alguém tinha que fazer alguma coisa naquele barraco. Porra, só tinha 15 anos. Meio sem jeito, foi até o bule e pegou a arma do Neco. Já tinha visto ele mexer com a arma, então verificou o pente e meteu o cano no bolso da jaqueta. E agora estava ali, naquele puta frio, andando nervoso, sabe-se lá pra onde, mas sabia que tinha que fazer alguma coisa. Não era ladrão, mas a situação o levava a ser. Magro, negro e sujo. Altamente suspeito. Touca preta na cabeça, e mãos no bolso. Olhar sorrateiro. Mas só tinha 15 anos. Avistou um casal de nmamorados, passeando sorrindo, com sacolas nas mãos. As sacolas tinham o logotipo de uma grande marca de calçados, coisa de bacana. O moleque os seguiu. Apaixnoados, andavam se beijando, se abraçando e não perceberam a aproximação de um negro magro, de touca e jaqueta velha. Ele tremia. Suava frio, e o vento gelado congelava seus sentimentos. Estava seguindo o casal de perto, e ao chegarem perto de um beco, engatilhou a arma e preparou-se para a abordagem. Porra, só tinha 15 anos, ia meter a arma na cara de pessoas inocentes e felizes, pra levar um par de tênis. Aquele tênis valeria uma boa grana, era coisa de bacana. Poderia vender na feirinha do rolo e comprar comida pro bebê. Ia começar sua vida no crime. Logo, estaria de roupas novas, e relógio no pulso, como o Neco.

Continua...

quinta-feira, abril 13, 2006

Um outro olhar - por Rodrigo Pinto

Olho para a folha em branco, dou uma lambida na ponta do lápis, e detenho-me antes de soltar qualquer palavra. Acendo um cigarro, olho para os lados. Como se fosse um crime, expressar as idéias num manuscrito para a posteridade. Acredito que alguém quer me impedir. Levanto-me, vou até a geladeira e apanho uma cerveja bem gelada. Ouço uma buzina lá fora. Abandono o lápis e o papel e vou atender o chamado. Era o Perseu, vendedor de bilhetes de loteria e manipulador de resultados do jogo do bicho no bairro. Me chama para ir até uma casa noturna do outro lado da cidade, que seria uma festa boa, muitas mulheres e bebidas, e o que mais eu pudesse querer. Gentilmente recuso, e volto para a mesa da cozinha onde um infinito branco espera por minhas citações sem sentido. Volto a pensar, e logo desisto. Não conseguia escrever nada naquela noite de 5feira, véspera de feriado. Apanho minha velha jaqueta jeans, e saio pelo sereno chutando pedrinhas pela madrugada. Tomo o primeiro coletivo que passa, sem olhar pra onde. Me esgueiro por baixo da catraca e sento-me no último banco, do lado da janela. Vejo a cidade passar em luzes. Desanimado, vejo o centro se aproximar. Jovens doentios, mendigos fedorentos, putas pagas e loucos de toda espécie. Dou o sinal e desço do ônibus, juntando-me aquela multidão de perdidos. Passo no Sol Nascente Bar, e lá encontro com o Moura, traficante de mulheres refugiado no Brasil depois do golpe político que destituiu o governo de seu país, que acobertava o esquema da maldade.
Ao me ver, surpreende-se e no seu sotaque único, avisa que a noite não está nada bem. Clima tenso, acerto de contas. Sento-me e tomo um conhaque. Ao meu lado, uma senhora de pantufas fala com o guardanapo. Nas mesas vejo casais, e solitários boêmios que dividem seus pensamentos com as estrelas. Reparo numa morena alta, tipo índia, com um pano cobrindo os seios e outro cobrindo seu sexo. Acompanhada de um brutamontes, ambos entram no Sol Nascente e realizam uma estranha movimentação. O homem, sem pensar, passa para a mão da garota um pacotinho suspeito. Ela vai ao banheiro, enquanto ele pede um conhaque. Moura fica de olho em tudo, inclusive num homem tipo detetive, sentado no balcão sozinho. Entra no bar um outro rapaz, tatuado, com olhos vermelhos e andar cambaleante. Senta-se numa mesa de costas para a parede, e de frente para a rua, e pede uma cerveja. Aproveito e peço mais uma, acendendo um cigarro. De repente, foi tudo muito rápido. Acelerada, a mulher sai do banheiro, e passa direto pelo seu companheiro, dirigindo-se a rua. Ele a segue. Num movimento estranho, o rapaz tatuado ergue o braço direito e dá uma bolinada nos seios da moça. "Vai dar merda" - pensei. O fortão não demora a defender sua fêmea e agride o rapaz atrevido com um soco. Todos no bar levantam-se para ver a briga. Antes de qualquer reação, atordoado pela pancada, o rapaz leva um chute nas costelas que o faz desabar. Seria um massacre, mas do outro lado do balcão, o homem tipo-detetive saca um 38 cano longo, disparando para o alto e ameaçando o grandalhão. Correria, muitos saem sem pagar, e o Moura se mija nas calças, ao lado da máquina de caça-níqueis. O casal vai embora xingando, e o homem ajuda o tatuado, que mesmo sendo salvo, o manda se foder. Apago meu cigarro e vou sentar numa mesa lá fora, pois o cheiro da urina do Moura estava me dando enjôo. Acho que vou pra casa escrever. Tudo isso daria uma boa história, e a folha em branco continua a me esperar.

segunda-feira, abril 10, 2006

Não tô entendendo mais nada

por Minduin

Já era. Virei abóbora, 3:45 da matina, é, tenho que parar de tentar beber até o último minuto do último ônibus da noite. Agora ando pelo centro da cidade ouvindo os pingos da chuva em meu guarda-chuva velho e desgastado, o som produzido me lembra a marcação de baixo de um som do Chico Science. A grana que eu tenho no bolso daria pra pagar facilmente um pernoite num destes pulgueiros do centro, mas prefiro andar a esmo e achar um boteco onde eu possa beber até as cinco horas, quando passa o primeiro ônibus para aquele bairro suburbano onde me escondo todos os dias.
Sinto o mundo passar em câmera lenta, deve ter sido a paçoca que eu comi agora a pouco atravessando o largo do Payssandu, algumas pessoas diriam que sou corajoso por apertar uma paçoca bem no meio do centro, na madrugada, outros diriam que sou louco, eu prefiro acreditar que sou apenas inconseqüente. Minha boca está seca e a maioria dos bares da cidade está fechado, vou andando até a Ipiranga, pois sei que quase em frente a Praça da República tem uns botes que ficam abertos até de manhã. No caminho encontro os seres mais bizarros da cidade, aqueles que como eu preferem andar pela noite a ir pra casa mofar em frente à tv, Existem garotos góticos com cara de andróginos, bêbados caindo pelos cantos, viciados correndo e gritando... Bem é isso que eu gosto aqui no centro a multiplicidade de figuras.
Enfim encontro um bar aberto, é o Sol nascente bar (um nome sugestivo) ao entrar na espelunca vejo do outro lado do balcão o Bellini, este cara é um figura, é meio detetive, meio ganso, cumprimento-o com o olhar, afinal ele já me livrou a cara com uns chineses que queriam me assaltar aqui no centro e eu já fiz uns trampos como hacker pra chefe dele, mas isso não vem ao caso.
Sento em uma mesa de costas pra parede e de frente para a rua, peço uma cerveja e como a paçoca e o álcool que já estão em meu sangue começam, a fazer efeito juntos, não entendo mais nada . Olho pro lado e vejo uma morena alta vestida como se fosse uma índia saída do meio da mata agora, ou seja, apenas duas tiras de pano uma cobrindo os seios e outra cobrindo os países baixos. A garota fala alguma coisa que pra mim soa como “ranca a minha roupa e me chupa inteira” lógico que eu já meto a mão em seus seios, porém acho que não era isso que ela queria dizer, pois imediatamente sinto uma martelada na fronte esquerda e demoro pra entender que aquilo foi um soco desferido por um cara que mais parece um orangotango que um homem , caio no chão e antes de entender o que está acontecendo levo um chute tão forte na lateral do corpo que me falta o ar completamente. Tento colocar os pensamentos em ordem pra levantar e quebrar a porra da garrafa na cabeça do filho da puta que está me batendo. Mas antes de transformar o pensamento em realidade ouço um tiro, levanto a cabeça e vejo o Bellini apontando a arma pro cara e mandando-o ir embora, coisa que o brutamonte faz sem questionar.
O detetive meio ganso me ajuda a levantar me põe na cadeira e diz que, ou eu paro de mexer com a mulher alheia, ou eu paro de beber. Eu o mando se foder, ele sorri e pergunta se tô afim de um teco e me mostra a pequena almofada de fermento na palma da sua mão, digo a ele que essa hora eu não faço mais bolos. Então ele se levanta paga a minha conta e sai andando.
Enquanto eu peço outra cerveja e me pergunto “Por que cargas d’água eu fico zanzando pelas ruas ao invés de ir dormir?”.....


Este texto é mais um da série "SEM DROGAS"

sexta-feira, abril 07, 2006

texto de Rene Donato

12:15 sai para almoçar com uma fome "faminta" que comia meu próprio
estômago, aquela fome tão aguda que a gente perde a vontade de colocar
algo na boca, até causa enjoo.

Caminho para a lanchonete curto, mas com tempo suficiente pra criar
a expectativa de querer saber se estava lotada como de costume.
Será que eu arranjaria um lugar? Nessa altura nem importava mais pq já estava
saindo de lá com um pacote de salgadinho e um refrigerante que tinham
gosto de nostalgia. Aquele que é um bastão com sal grosso, já ia
corroendo meu estomago pelo caminho enquanto engolia com a boca seca
o triturado de sal e farinha, uma golada no refri que mistura o
sabor doce da uva com sal amarrento. COm a mente mil por hora pensando
que se houve um cardeno anotaria as coisas mais maulcas da terra.
Aquelas que nunca vem quando a gente resolve escrever. Por falar, ou
melhor, pensar em escrever, imaginei que um dia poderia escrever algo
simples, alguns textos, mas pensei que não tenho muita prática nisso
e quase larguei de mão e acabei no final concordando que hj em dia
o que importa é comunicar. Mais uma vez correu a ansiedade...mas voltei
a realidade com um senhor que passava olhando pra mim e pro meu pacote
de "sal grosso" que essa altura estava todo debulhado, mais um gole
raivoso no refri, e com raiva querendo matar o velho (que agora não
era mais senhor), pq odeio qdo ficam olhando eu comer. Pensei de quem
será a falta de etiqueta? Minha que como andando e vacilando nas ruas,
ou do lazarento que idolatrava meu salgadinho? Tanto faz. Cheguei no
Fliperama cumprimentei os "compadi", dei um tempo, fabricamos besteiras
e voltei pra escrever isso que agora vai com o ponto final se acabar.

ÚLTIMO CAPÍTULO - É TÃO DIFÍCIL ASSIM? - de Rosa Pellegrino

Capítulo 7- FINAL

A noite chegou e todos ansiavam pelo início do baile. Era notável o capricho na decoração. Todos conversavam alegremente, dançavam e se divertiam muito.
Nas masmorras, Snape estava muito mal-humorado. Olhava-se no espelho e ouviu o reflexo zombar "Tá bonitão hein Severus... quer se entrelaçar com uma bruxinha..." e deu uma piscadela. Snape quis esmurrar o espelho, mas sabia que era em vão.
Ele não se esforçou muito para compor um visual diferente. Preferiu vestir uma calça social preta, de corte reto; uma camisa branca de seda, sapatos caprichosamente polidos, pretos e de bico quadrado. Amarrou os cabelos negros com uma fita igualmente preta. Então lembrou-se da máscara. Buscou-a na gaveta da escrivaninha. Era simples, mas expressava muito de seu estado de espírito: parte era branca e parte era preta. Colocou-a e partiu para o salão comunal.
"Ah, que alegria que me dá Severus!!", alegrou-se Dumbledore ao ver o amigo chegar. Abraçou-o paternalmente.
"Interessante", prossegue Alvo.
"O que Alvo?"
"Sua máscara, expressa exatamente o seu interior, não é mesmo meu filho?" E lá se ia Alvo, sem chances de retrucar... Isso deixava Snape desconcertado.
Ela não estava lá, logo notou. Ele percorreu com os olhos e não a encontrou. Foi quando a viu, entrando no salão. A visão o entorpeceu. Edrea escolhera um vestido muito lindo: um longo vinho, de seda, modelado perfeitamente em seu corpo. Um decote princesa deixa parte do colo a mostra. As mangas cobrem os braços e findam em pontas. A máscara era igualmente vinho, em forma de olhos de gato, sem detalhes. Ao chegar no salão, sentiu o que há tempos não lhe ocorria: olhos que a invadiam. Buscou-os e deparou-se com um par de olhos negros.
Em seus devaneios não notara que um homem alto e esguio se aproximara furtivamente. A poucos metros, Snape a olhava intensamente.
"Que beleza temos aqui!"
Em um salto Edrea se dirigiu ao interlocutor: era Sirius. "Black, já lhe disse que gatos não gostam de cachorros!", foi a única coisa que lhe ocorreu.
Sirius prosseguiu: "É... tenho a impressão que gostas de morcegos, não é mesmo minha cara?" , e sorriu maliciosamente.
"Não sei do que falas homem!", e já ia se esquivar, mas Sirius foi rápido, a puxou pelo braço e forçou um contato olho no olho, corpo no corpo.
"Qual é o seu problema gatinha? Gostas de quem te desdenhas, enquanto tem quem daria de tudo para ter a sua atenção?"
Aquilo a espantou, sabia que Sirius era mulherengo, pelo menos era o que diziam, mas não imaginava que ele realmente estivesse atraído por ela. Edrea emudeceu, o que diria?
Foi então que, sem eles notarem, o homem alto e esguio pôs-se ao lado de Edrea. Os olhos negros cintilavam de ódio, mas seu corpo permaneceu estático. Foi quando a voz mais letal de Snape se pronunciou.
"Sabia que eras um vira-latas degenerado Black, mas não a ponto de importunar a moça, só porque ela não o queres."
"É agora", pensou Edrea. Concluiu que ia ter uma briga e tanto. Mas, não. Sirius a largou e a empurrou em direção ao Snape. Ela se desequilibrou e foi aparada pelo mestre das poções.
"É... tempos loucos" - começou Sirius - "gatos e morcegos juntos... é, não é todo dia que se vê isso...", e saiu sem olhar para o casal.
Snape estava estarrecido com a ousadia do colega e Edrea ainda estava esperando que algo ruim acontecesse, como se Sirius fosse tornar-se um cão e atacar Snape. Viram o bruxo se afastar dali.
Ambos estavam tão entretidos em seus próprios pensamentos que não notaram como estavam juntos. Snape havia cercado Edrea com os braços e ela estava com as mãos no peito do professor. Seus olhos se cruzaram, estavam muito próximos, sentiam a respiração um do outro. Edrea se inebriou com o perfume amadeirado de Severus e ele sentia embevecido a doce fragrância da jovem.
"A srta. aceitarias conceder uma dança a este rabugento colega?", pediu Snape com um sorriso incrivelmente sedutor e nada frio.
Edrea apenas sorriu e se aninhou nos braços de Snape. "Se isso for um sonho espero que nunca acabe", pensou o bruxo.
A música era lenta e romântica. Um imprimia o corpo no do outro. Estavam grudados. Num determinado ponto da sala, Alvo acompanhava o casal com um sorriso iluminado. "É... não é tão difícil assim...", disse baixinho o sábio bruxo e retornou as suas atenções para Minerva.
Severus sorvia o perfume de Edrea e acariciava-lhe as costas. Tirou uma mão da cintura e buscou o queixo da moça, gentilmente trazendo-a para lhe fitar. "Ah, a quanto tempo não durmo direito por sua causa...", disse numa voz aveludada e sensual. "E esses olhos que me evitaram todo esse tempo... era como se o sol nunca mais nascesse para mim...".
Edrea não conteve uma lágrima que correu-lhe a bochecha corada. Severus a secou com os lábios. "Me perdoe", ronronou ao ouvido da bruxa e notou que ela se arrepiara. Voltou a fitá-la nos olhos e seu coração quase parou quando ouviu o doce "sim" emitido pelos lábios de sua amada.
No segundo seguinte eles já não estavam mais no salão. Severus aparatou. Da penumbra surgiram velas iluminando o ambiente. Ela não reconheceu. Ainda com a jovem em seus braços, Snape explica: "São meus aposentos Edrea". Ela estremeceu, não se sabe se por ter ouvido seu primeiro nome sair daqueles lábios ou se pela revelação.
Carinhosamente, sem soltá-la, Severus tira a máscara da amada e passa os dedos esguios pelo rosto da bruxa. Ambos se olham apaixonadamente. Ela retira a máscara e acaricia o rosto dele. O silêncio já não era perturbador. Silêncio? Não mesmo. A respiração do casal estava sôfrega e descompassada. Os corações ricocheteavam dentro de seus peitos.
Severus não agüentou mais aquela espera. Tomou avidamente os lábios vermelhos de Edrea em um beijo apaixonado e faminto. Com o encontro dos lábios, Edrea gemeu e respondeu ao beijo com total entrega. Um beijo longo e avassalador. Severus desceu, beijando-a no pescoço e no colo enquanto a levava para sua cama. Antes de se aprofundar nas carícias, Severus respirou profundamente e disse-lhe, sempre olhando-a nos olhos: "Eu te amo com todo o meu coração, minha alma e minha mente." "Eu também te amo Severus, meu único amor, meu único homem."
Naquela noite, a fria masmorra se aqueceu com o amor que tomava os aposentos do Mestre das Poções. Se entregaram de corpo e alma, amando noite adentro...
No baile ninguém notara a ausência daquele peculiar casal. Ninguém?
"Alvo, é minha impressão ou o seu plano deu certo?", dirigiu-se Sirius com ar descontraído.
"É meu prezado amigo, eu te disse, não é tão difícil assim... com uma ajudinha sua", e riu junto à Sirius.
Na manhã seguinte, Edrea acordou, mas não ousou abrir os olhos. Sentiu-se aconchegada nos braços do amado e o perfume dele ainda a entorpecia. "Será que foi tudo um sonho?", pensou.
"Não meu anjo", respondeu Snape, que já estava acordado e, travessamente, leu a mente da amada.
Os olhos castanhos se abriram e viram Severus olhando-a com carinho, olhos negros não mais frios e cruéis, mas incrivelmente doces e apaixonados. Ele a trouxe para próximo do seu rosto e a beijou carinhosamente, acariciando-lhe as costas. O beijo foi interrompido com um ruído. Ambos olham para a porta dos aposentos e notam Firenze entrar todo pomposo, acompanhado de Dobby.
O elfo não olhou para o casal entrelaçado, apenas disse-lhes: "Alvo Dumbledore está muito feliz e encube Dobby de trazer o café da manhã ao casal. Dobby feliz também" e saiu com um sorriso tímido dos aposentos de Snape. Firenze postou-se ao lado da cama, com um incrível sorriso maroto, foi pelo menos o que concluiu o casal.
Edrea olhou para Severus "É, Firenze nunca se engana...". O bruxo sorriu. "Onde estávamos mesmo?", ronronou Snape, gesticulando para que Firenze se retire. O bichão saiu rapidamente e muito feliz. O Mestre das Poções lançou um feitiço e trancou a porta...
O casal ficou a manhã toda nas masmorras, conversando e fazendo planos. No almoço, apareceram de mãos dadas. Hogwarts ficou estarrecida.
"Não acredito, olha lá o professor Snape, tá... sorrindo?", uma aluna da Lufa-Lufa comentou. E esse realmente foi o assunto do momento.
Snape puxou a cadeira para Edrea e sentou-se ao lado da amada e do velho amigo Alvo, que estava irradiante. Antes de começarem o almoço, Dumbledore se levantou e anunciou: "É com imensa alegria que comunico a Hogwarts que fomos presenteados com o amor! Sim meus caros, os professores Severus Snape e Edrea Gray selaram o namoro!!"
Palmas e interjeições tomaram o salão. Edrea corou e Snape ficou sério, mas ainda com a feição leve. O casal soube do plano de Alvo e Edrea ficou aliviada ao tomar conhecimento de que Sirius fazia parte.
"Seu morcegão sortudo!! Isso não quer dizer que não continue achando-a linda...".
"Sirius", cutucou Minerva.
"Mas não é?", questionou marotamente. Sirius empalideceu ao ver a expressão de fúria em Snape e não abriu mais a boca.
Em alguns meses foi anunciado o noivado. Mas isso é uma outra história, quem sabe...
*FIM*

N.A.: Olá leitores!! Essa é minha primeira fic. Após ler dezenas de histórias, resolvi passar para a tela a minha própria criação. Perdoem-me eventuais falhas e escrevam-me para comunicar o que acharam. Vocês leitores são primordiais para a nossa criação! Muito obrigada por terem lido até aqui e um forte abraço!!
Ah, sim, amamos o nosso querido Mestre das Poções!! ;)

quinta-feira, abril 06, 2006

Tadinha - por Rodrigo Pinto

Vaneça tinha dificuldade pra iscreve.
Até gostava, mais num consiguia direito.
Intão ela tevi uma idéia.
Matriculousse num curso de língua potugueza, redassão i estilo.
Finalmenti Vaneça ia consiguir fazer o que ela mais gostava, do geito certo.
Intão nu primero dia, ela acordou cedinho e foi tomar café cum leite.
Cumeu pão di forma e passo mantega.
Tomou um banho e foi pro ponto de onibus.
Derrepente, encontrou um visinho de carro, que tava indo pro mesmo lado qui ela.
Resolveu pegar uma carona, mas o rapas istava mauintenssionado.
Paço a mão no cabelo da Vaneça, abrassou a Vaneça, e ela tentava fugir, mais ele não dechava.
Intão ela avizo ele : Si vosse num pará, eu vo iscreve tudo e manda pru jornal.
Ele rriu, parou o carro duma veis, e mandô ela decê do carro.
Ela xorou e sentou no xão, pegou a lapizera e o caderninho ispirau, e iscreveu o que vosseis tão lendo agora.
Tadinha da Vaneça.

Morre o palhaço Carequinha - por Lucas Domiciano (colaborador do Arauto)

Mais um palhaço querido dos brasileiros morreu. Foi o palhaço Carequinha. Mas ele não morreu por problemas de saúde, ele já estava morto bem antes.
Ele morreu por abstinência de humor. A única peça humorística, que de engraçada não tem nada, é a dança da Pizza que está mais famosa do que nunca em nosso plenário nacional.
Na mais abala o brasileiro, o humor está acabando, a falta de ética, o descaso com a população, a falta de respeito com quem colocou os políticos nos seus devidos lugares. Nós.
Nossos palhaços estão morrendo, está cada vez mais difícil colocar o sorriso no rosto do brasileiro que não aguenta mais tanta injustiça.
Injustiça conosco que ganhamos 2, 3, ou as vezes, quando muito, 4 salários mínimos vendo um deputado sacar R$ 100.000,00 do Valérioduto e ainda ser inocentado! E além disso continuará ganhando seu salário, medíocre, de no mínimo R$ 20.000,00 incluindo todas as mordomias de seu cargo.
Mas chegará a hora do brasileiro voltar a sorrir, se quiser, em Outubro. Este mês deve ser especial. Deve ser o mês em que voltaremos nosso senso de humor e vamos rir muito, nas urnas, quando todos estes políticos corruptos ficarão a beira do caminho e nossos palhaços vão dar show. Um espetáculo de alegria e disposição para comemorar um novo Brasil, no mínimo sem uma boa parte dessa grande família mafiosa que é nossa política hoje.

quarta-feira, abril 05, 2006

É TÃO DIFÍCIL ASSIM? capítulo 6 - texto de Rosa Pellegrino (um toque feminino no Arauto)

Capítulo 6

Os dias transcorreram rapidamente. Os alunos estavam alvoroçados com a proximidade da festa e não falavam em outra coisa. Edrea confessara a si própria que não estava no espírito comemorativo e até pensou em não ir, inventando alguma desculpa.

Snape sempre foi avesso a festas. Essa não poderia ser diferente. Snape não estava no espírito comemorativo e até pensou em não ir, inventando alguma desculpa...

Mas ambos foram intimados por Alvo, em ocasiões diferentes, a comparecerem na festa.

"Ah, srta. Gray, seu primeiro ano em Hogwarts e não vai ao dia das bruxas? Não pode não minha filha! Faço questão de que participe, considere isso um convite meu!!" Aquilo soou familiar à bruxa... e aceitou o convite de Alvo.

"Deixe de ser rabugento Severus!! Como meu amigo e brilhante mestre das poções de Hogwarts não vai ao baile? Nada disso meu filho!! Faço questão de que participe, considere isso um convite meu!!" Snape aceitou a meio contragosto.

A semana que antecede o baile passou muito rápida.. Um tanto desgostoso, Snape notou que Edrea o evitou durantes todas essas semanas. Desde o ocorrido perto do estaleiro, a bruxa nunca mais o olhara nos olhos e evitara encará-lo o máximo possível.

Para ambos as noites eram longas e mal-dormidas. Freqüentemente acordavam em febre após sonhos e, a muito custo, concluíam serem sem propósito... "Imagina, aquela zinha... Ponha-se no seu lugar Severus...". "Maldito bruxo, intragável, isso sim é o que ele é... ignore tudo isso Edrea..."

E então finalmente o Dia das Bruxas chegou. Com as aulas dispensadas, alunos e professores foram finalizar os preparativos para a noite. Edrea se espantou ao ser acordada por Dobby lhe trazendo o café da manhã. Eram 10 horas. "Por Salazar, dormi demais!!"

"Minha senhorita, hoje está dispensada das aulas não é mesmo?", perguntou-lhe docemente o elfo.

"Dobby, já lhe pedi que me chamasse de Edrea."

"Sim senhorita, quer dizer Edrea!" e riu-se com os grandes olhos brilhantes sentando-se numa cadeira e se agitando como uma criança levada, balançando as orelhonas. Edrea sorriu como não fazia a tempos ao ver o elfo brincando na cadeira.

"Já comeu Dobby?"

"Sim Edrea", continuando a se balançar.

Então o rosto de Edrea se iluminou com uma idéia que lhe ocorreu. "Gosta de cristais Dobby?"

Dobby parou a brincadeira, com os olhões úmidos e iluminados a lhe observar. "Sim."

Com um gesto rápido da mão, Edrea conjurou uma bola de cristal, tal qual aquela do primeiro dia de aula. Jogou-a a Dobby, que pegou desingonçadamente. O elfo sorria de orelha a orelha.

"Não é muita coisa, mas é para você brincar Dobby. Não se preocupe, é inquebrável."

O elfo saltou da mesa se jogou na cama, quase derrubando o café, enlaçou Edrea e agradeceu. "A-srta.-Gray-presenteou-Dobby.-Dobby-está-muito-feliz!!", e saiu como um foguete com o presente.

Enquanto isso, Snape acordava resmungando. "Por Salazar! Já são altas horas da manhã!!" E, em um salto, saiu da cama. Notou uma bandeja com o café da manhã postada sobre uma mesinha. "Esses elfos estão cada vez mais abusados", disse entre os dentes um Snape sonolento.

O dia estava incrivelmente lindo. Nem parecia que o inverno estava batendo às portas. Hogwarts estava magnificamente decorada. Hagrid acabava de espalhar abóboras gigantes pelo castelo e no jardim. Os alunos estavam radiantes com o baile.

"Bom dia Edrea!"

"Olá Remo. Pelo que noto está ansioso por hoje a noite."

"Você vai adorar Edrea, é tudo muito legal, magnífico me atrevo a dizer e..."

Snape passou por eles com uma carranca e a capa esvoaçando nervosamente. Remo ainda conseguiu dar um alto 'bom dia', totalmente ignorado pelo homem alto de vestes negras que prosseguiu no seu caminho. Edrea fez que não o viu.

"Olá, olá!!" era Sirius que chegava acompanhado de Hagrid.

"Bom dia", respondeu Edrea direcionando a dupla um aceno com a cabeça.

"Então, bela jovem, já está com a roupa pronta, suponho?", disse Sirius marotamente.

"Roupa?"

"Céus Edrea, por onde tem andado", questionou Hagrid.

"Gata, você tem que escolher um lindo vestido e uma bela máscara... esqueceu que é um baile de máscaras?", perguntou Black.

Com um suspiro, Edrea compreendeu o quão absorta esteve em seus pensamentos e tarefas na última semana, esquecera totalmente da roupa para o baile.

Curiosa pelo círculo formado no corredor, Minerva se aproxima. "Bom dia a todos! Vejo que estão animados para a noite!"

"Animados? Edrea nem tem roupa!", confessa Lupin.

"O que está havendo minha querida?"

"Nada Minerva, é só que... estive muito ocupada e me esqueci completamente desse detalhe."

"Vamos à Hogsmeade agora! Não é possível que uma jovem como você ignorou a oportunidade de comprar um lindo vestido e bla bla bla...", puxando Edrea, Minerva se foi e o trio de bruxos acharam graça na cena.

terça-feira, abril 04, 2006

4ª feira de manhã - por Minduin

7:40 da manhã, porra, devia ter chegado aqui a meia hora atrás. Tudo bem, ninguém mais nota que eu chego todo dia meia hora atrasado.
Minha cabeça parece que vai explodir, minha boca parece que tem um sapo morto dentro e, pra piorar meu humor, essa merda de estação tá lotada, eu fiquei de cara com o sol nascente e provavelmente a tiazinha ao meu lado tomou um banho de um perfume de merda da Avon.
Tudo isso é culpa minha, afinal se ontem à noite eu tivesse saído do serviço e ido direto pra casa tomar banho, jantar e mofar em frente a tv eu estaria bem, mas preferi encontrar uns amigos num buteco sujo no centro da cidade, discutir os mais variados assuntos desde a geopolítica no oriente médio até a metafísica das formigas saúvas.Regando a conversa com cerveja e conhaque. Beleza, eu arco com as conseqüências dos meus atos, passo a mão sobre o bolso da calça e sinto a porção de “paçoca” que me deixará legal às seis da tarde.
A tiazinha com perfume da Avon agora está bem perto de mim, sinto uma ânsia de vômito, tento me distrair, olho para o outro lado da estação e vejo uma dessas garotas que só anda de metrô porque quer, afinal poderia ser uma estrela pornô rica se quisesse.
Sinto o deslocamento de ar, seria uma brisa refrescante se o dia não estivesse tão quente, imagino qual o estrago que esse gigantesco leviatã prateado causaria ao se chocar contra uma das colunas de sustentação da estação. Porém as portas se abrem e uma manada de gnus-de-rodeio me soca dentro do vagão, com um movimento ágil consigo me sentar num banco e me preparo para o rotineiro cochilo matinal, só que nem tudo são flores em minha vida de operário, a puta velha com perfume-cheiro-de-bosta-doce-da-avon senta-se bem ao meu lado, e eu penso “ vou vomitar em cima dessa velha se ela não sair do meu lado” mas me mantenho calado.
Duas estações se passaram mesmo de olhos fechados e com muita concentração, o cheiro do perfume doce misturado a minha ressaca infernal e o movimento do metrô fazem meu estomago revirar mais que uma minhoca assustada.... Subitamente abro os olhos o metrô está tão cheio que se alguém levanta o pé ele tem que ficar no ar, olho pra velha perfumada, dou um suspiro profundo e sinto que uma revolução armada acontece repentinamente em meu estomago, decido não debelá-la e solto um gigantesco jorro de bílis, comida azeda, bebida fermentada, e acho que uns pedaços de berinjela sobre a velha perfumada ao meu lado. Todas as pessoas me olham com ojeriza, a velha começa a ter engulhos e um cara ao meu lado também, que sorte estarmos na estação Santana as portas se abrem e eu saio, quase que expulso, do vagão e me dirijo a mureta lateral da plataforma, passo as costas da mão sobre a boca para limpar um pouco da baba que ficou após o vômito e finalmente dou o primeiro sorriso do dia....



Atendendo a pedidos neste texto não tem maconha....

6º FEIRA A NOITE -por Rodrigo Pinto

Heheheheh a festinha árabe foi uma comédia hehehe
assim que eu cheguei já vi aquela porção de esfihas nas caixas do habibs e kibes do habibs heheheheh e tudo do habibs hehehehehhehe
Aí eu falei se o Habibs entra de greve, não tem festa hoje!!
Depois que eu vi húmus, ricota, uns patêzinhos pra passar no pão sírio.
E depois teve doces árabes, com mel pra colocar em cima e tal....delícia, nunca tinha comido, nem sei o nome, mas deve ter no Habibs também.
Aí começou a dança do ventre, espadas, um cara com cara de bobo alegre, com umas botas engraçadas...parecia que eu tava na novela O CLONE....o cara batia palmas e ria, e chutava o ar, dançava rindo , todo alegre, cercado de 2 dançarinas, uma magrinha a outra nem tanto, mas tinha uma técnica fenomenal. Parecia o Ali babar, eu tomando umas cervejas e rindo sozinho , joguei uma sinuca e perdi, joguei outra, perdi e mandei os vencedores à merda.
Fui embora cedo e nem parei no meio do caminho pra ouvir um rock'n roll, entrei direto pro trem metropolitano e voltei pra casa.

segunda-feira, abril 03, 2006

É TÃO DIFÍCIL ASSIM? capítulo 5 - texto de Rosa Pellegrino (um toque feminino no Arauto)

Capítulo 5


"CA-LA-DA!!"
Aquilo a fez saltar e tremer. Snape se aproximou a passos rápidos e firmes. A cabeça de Edrea estava a mil. "Sai daí, vai. Ah, qual é, você é um animago, ataca ele..." Não concluiu os pensamentos, Snape estava a menos de um palmo dela.
Ela sentia a respiração ofegante dele ricochetear a sua própria pele. Os olhos faiscando de ódio e de... hein?? Não terminou o raciocínio. Snape a tomara nos braços e a beijava apaixonadamente, com todo o desejo e amor possíveis. Edrea se desmanchou em seus braços e retribuiu o beijo fervorosamente.
A jovem pula e senta na cama, ofegante. Nota que suava muito, como se tivesse em febre. Leva os delicados dedos aos lábios e a sua mão chama a atenção. Estava com um curativo. Então a noite passada veio em sua memória, trazendo uma incrível enxaqueca. Lembrou-se que se embriagou, desvairada quebrou a taça com a mão e sorveu até a última gota no gargalo da garrafa. E desmaiou.
Com os miolos cozinhando e a mão doendo, nota que Firenze também acabara de acordar e a olhava gentilmente perto da cabeceira. Com certa lerdeza, levanta-se e se admira com o sangue no lençol, concluindo a imprudência que fizera e se perguntando quem poderia ter feito o curativo e por que. Olha inquiridora para o felino, que simplesmente ignora o olhar e se espreguiça faceiramente.
A passos lentos, com as pernas pesadas, Edrea vai até a janela e abre as cortinas. Sua cabeça latejou mais forte e seus olhos arderam. Estava um belo dia ensolarado. Fechou a cortina como um vampiro que foge do sol. Olhou o relógio atordoada e se apressa ao ver que estava atrasada para o café no salão comunal.
"Você está com uma aparência deplorável querida", ironiza o reflexo no espelho do banheiro. Edrea o ignora. Toma uma ducha rápida e vai ao armário. Hoje decidiu se vestir bem como o seu humor: toda de preto. Subitamente arregala os olhos e desfaz a idéia ao se lembrar de certo alguém que só se veste de preto.
Então viu umas peças de um azul marinho profundo como a mais escura noite sem estrelas e sem luar. Vestiu a calça, a bata que deixava seus ombros a mostra e o colete, o típico uniforme de Edrea, conclui a própria ao calçar as botas. Com um leve movimento da varinha, arruma os cabelos e se maquila. Mas seu aspecto ainda era decepcionante. Olheiras profundas e um ar abatido. Conjura óculos escuros. E resolveu usar as luvas, para escamotear a mão ferida. Não queria questionamentos. Deu o café da manhã de Firenze e saiu voando dali, estava mais do que atrasada.
O salão comunal estava cheio; um falatório e tanto. Não olhou para ninguém, mas todos os professores a olharam. Sentou-se entre Sirius e Flitwick e se concentrou no café da manhã. As vozes acabavam com os poucos miolos que lhe sobraram.
"Não lhe parece um bom dia não é mesmo Edrea?" perguntou Sirius preocupado.
A bruxa limitou-se a um sorriso amarelo.
"Perdoe-me a intromissão, mas, por que estes óculos?"
"Já ouviu falar numa doença trouxa, Sirius? Conjuntivite?"
"Sim", mas Sirius não engoliu a resposta. Notou que ela também vestia luvas. No entanto não quis perturbar a jovem com mais perguntas.
Snape estava um tanto perturbado. Viu o estado da garota e notou que ela não olhava para ninguém ou para coisa alguma, só para o que estava na sua frente, à mesa.
Durante o café, Edrea fez um retrocesso do seu primeiro mês em Hogwarts. "Porre no serviço Edrea? Você nunca foi de beber... Tsk tsk... Não perca a cabeça por idiotices", sua consciência a aconselhava.
Pela primeira vez na manhã, sua atenção foi chamada ao centro da mesa. Era Alvo que pedia silêncio.
"Bom dia a todos! Como sabem no fim deste mês teremos o dia das bruxas e, como acontece anualmente, teremos um baile para comemorarmos a ocasião. Dentro de algumas semanas Hogwarts verá a melhor festa das bruxas em anos!!"
O salão veio a baixo. Os alunos comemoravam como nunca. Alvo pediu silêncio e prosseguiu.
"Alunos e professores estarão dispensados de seus deveres nesta data para concluirmos os preparativos do baile, que será de máscaras. Obrigado e tenham um excelente dia!!"
O falatório retornou em dobro. Edrea gemeu baixinho com a dor de cabeça. "Tudo bem querida?" era a vez de Flitwick. Edrea acenou positivamente com a cabeça. Última a chegar e a primeira a sair. Todos notaram.
"Com licença srta. Gray", solicitou Alvo.
"Bom dia senhor", Edrea estava em sua sala lendo atentamente umas papeladas...
"Desculpe a intromissão, mas a srta. não está nada bem hoje. Notei que mal se alimentou. E isso não é da conjuntivite". Edrea jurou ver um sorrisinho por entre a barba prateada do velho bruxo.
"É Dumbledore, nada lhe escapa, não é mesmo?"
"Vamos, você precisa tomar alguma coisa para melhorar. Me acompanhe."
A jovem seguiu o bruxo. Num dado momento da caminhada, o sangue em suas veias parecia ter congelado, notando que se encaminhavam às masmorras.
"Senhor, não deveríamos ir para a enfermaria?"
"Minha filha, nada que uma poção do professor Snape não resolva."
A bruxa seguiu como se tivesse indo para o matadouro. O velho bruxo parecia estar se divertindo com a situação.
Snape estava na mesa lendo textos de alunos quando a duplo chegou. "Bom dia Severus!"
"Bom dia Alvo", então Snape levanta os olhos e vê que o amigo estava acompanhado. "Em que posso ser útil?", fala vagarosamente.
"Severus, aquela poção que solicitei por favor."
Edrea não levantara a cabeça, olhava fixamente o chão. Snape se dirigiu ao armário e trouxe um pequeno frasco com conteúdo azul céu.
"Aqui está senhor."
"Ótimo!! Cuide da srta. Gray. Preciso ir resolver uns assuntos." E, novamente, sem dar tempo para respostas ou perguntas, o sábio bruxo se foi, deixando-os a sós.
Um silêncio perturbador se fez presente. Snape a observava olhar fixamente o chão.
"Srta. Gray, esta é uma poção que elimina a enxaqueca e outras conseqüências decorrentes da ingestão excessiva de álcool. Esta dose é suficiente", disse ao mesmo tempo em que estendia o vidrinho a jovem.
Notou que Edrea corou violentamente. Acompanhou a mão trêmula e enluvada da bruxa pegar o frasco.
De um gole só, a poção se foi. Snape ouviu um baixíssimo 'obrigada'. E lá estava ela, dando-lhes as costas, quando ele a interrompe. "Srta., precisamos trocar o curativo de sua mão."
Edrea não sabe como se manteve em pé, pois teve a sensação que ia desmaiar a qualquer momento. "Então foi você?", questionou ainda de costas. Não houve respostas.
"Por gentileza, siga-me." Edrea obedeceu e se dirigiu ao escritório do bruxo. Lá sentou-se. Snape trouxe alguns ungüentos e curativos. Notou com espanto que a mão da moça estava gelada e tremeu ao primeiro toque dele. Sem perder o tom sarcástico diz "Eu não mordo srta.", se arrependendo logo em seguida. Durante todo o processo, ele não soube dizer se ela o olhava, pois os óculos escuros eram intransponíveis.
Agilmente o mestre das poções trocou os curativos. Ele ficou satisfeito ao ver que os cortes não sangraram mais e que a cicatrização estava muito rápida. "Não use as luvas, para não comprimir os ferimentos", aconselhou o bruxo. Edrea consentiu.
Ao se virar para guardar o material, Snape escutou mais um baixo 'obrigada' e a cadeira se arrastando. Edrea se dirigia a saída. Mas antes de transpor a porta, ainda de costas, Edrea questiona: "Por que o senhor foi até os meus aposentos?", a voz dela soava fraca.
"Perdoe-me srta., mas Firenze veio me buscar", foi tudo que ele conseguiu dizer, num tom baixo.
Rapidamente a bruxa não estava mais lá. Snape se joga pesadamente em sua cadeira com o olhar perdido.
A aula do dia era com as turmas do 5º ano de Grifinória e Sonserina. Instantaneamente lembrou-se do primeiro dia de aula e buscou com os olhos o grupo de sonserinos. Não precisou ler a mente para perceber o quanto estavam acuados e com receio. "O que será que Snape fez com eles?" À primeira lembrança do Mestre das Poções, Edrea se puniu.