terça-feira, março 28, 2006

Tempos modernos

Texto do Minduin


È, realmente os tempos mudaram. A cerveja não custa mais R$1,50, a maconha ainda custa R$5,00 mas vem um terço do que vinha nos áureos tempos, os melhores jogadores do brasileirão não são brasileiros, as putas agora se dizem dançarinas.
Com todas estas constatações eu chego a conclusão de que a roda do tempo realmente é implacável.
Há dez anos eu achava que os caras da esquerda eram sempre os mais honestos, que as bandas boas surgiam por acaso do destino e que todas as mulheres eram sedentas por sexo. Quanta ingenuidade! Mas também, há dez anos atrás, eu tinha quase nenhuma experiência sexual, não conhecia neosindicalistas e achava jazz e blues coisa de velho.
Agora, nesta tarde modorrenta em que o dia se arrasta feito um saci de patinete, olho o português (que eu tenho certeza que é de campinas) me servindo uma cerveja “meio-gelada” e me pergunto e os próximos dez anos?? Minha pança de breja continua aumentando, minha grana diminuindo e o futuro se mantém sombrio.
Tento desviar minha mente destes pensamentos lúgubres, encho o copo de cerveja e me lembro de Clotilde uma morena que eu comia há alguns anos, tento me lembrar o porque ela deixou de me ligar... Ah ta lembrei, acho que não devia ter dado uma cotovelada na coluna dela, mas também... quem mandou ela pedir pra eu bater... logo quando ela estava de quatro....
Olho para o lado, tomo mais um gole de cerveja e começo a prestar atenção num casal muito estranho que desce de um carro e se encaminha para a relojoaria em frente.
Estranho porque estão os dois com cara de poucos amigos, ela carrega algo pesado dentro da bolsa e ele esconde algo dentro da jaqueta, apesar de estar fazendo uns 40ºc. Segundos depois do casal entrar na loja escuto gritos, vidros se quebrando e um estampido.
Quase ao mesmo tempo o vidro da frente da relojoaria estoura e eu vejo algo vindo em minha direção, acho que é um besouro ou uma varejeira tento me desviar, mas não sou ágil o bastante e sinto a inseto bater em minha testa. Só então percebo que não era um inseto, era um projétil de chumbo, sim uma bala, que entra com tanta força em meu crânio que chega a jogar minha cabeça pra trás.Não consigo me mexer perdi todas as faculdades motoras, só sinto uma dor lancinante na cabeça e caio da cadeira........

2 comentários:

Anônimo disse...

Terrorismo pessoal , sofrimento e esperança. Tudo no final termina com sangue e lágrimas, alguém chorou por ela? sem costelas? E o pobre rapaz, sonhava com o futuro e foi ver as flores pela raiz.....grande minduin, se arrastando como um saci de patinete, numa ladeira íngreme, na chuva .
Muito bom.

Anônimo disse...

Seu texto é bom, tem cadência, tem movimento, tem ação.
Mas, não sei se é impressão minha, vc sempre fala de maconha neles, mesmo que seja só citando, como fez nesse.
Será a influência de Mr. Hunter S. Thompson em sua escrita?
É, talvez.
Mas a maioria dos escritores que vivem isso, não colocam isso em seus textos. Não em todos.
Mas considere isso como uma pseudo-crítica construtiva, sim?
Admito, além de eu não gostar de Harry Potter, não gosto de maconha tb.
hahahahaha