sexta-feira, março 24, 2006

É TÃO DIFÍCIL ASSIM? capítulo 2 - texto de Rosa Pellegrino (um toque feminino no Arauto)

Capítulo 2


Na manhã seguinte, Edrea não comparece ao café no salão comunal. Snape percorre todo o local com os olhos, sem sucesso. Notando o interesse do amigo, Dumbledore se posta ao seu lado. "A srta. Gray está muito ansiosa pela primeira aula que dará em Hogwarts. Está se preparando em seus aposentos. Pedi a Dobby que levasse o café da manhã para ela." Conseguiu tirar de Snape apenas um abafado hum-hum.
Após o café da manhã, os bruxos se reúnem na sala dos professores antes de seguirem para suas tarefas diárias. Dumbledore entra na sala e faz um breve anúncio. "Bom dia a todos! Convido-os para acompanhar a primeira aula que a Srta. Gray fará em Hogwarts, para as turmas do 5º ano de Grifinória e Sonserina. Aguardo-os às 8h na sala de aula, no 2ª andar, ala leste."
Os professores começam a cochichar. Absorto em seus pensamentos, Snape conclui cruelmente "Então a srta. Gray quer holofote ??"
No horário combinado, os professores se acomodam nos fundos da sala, lugar já visto por Snape no dia anterior. Sonserina e Grifinória não reparam na presença dos mestres e bagunçam como nunca. Era como se eles não estivessem lá. Dumbledore nota a expressão dos amigos e explica "coloquei um feitiço para que os alunos não notem a nossa presença. Assim será inútil qualquer bronca. Ah, mais algumas coisas" – dirige o olhar à Snape – "a idéia de acompanharmos a primeira aula da srta. Gray foi minha" – desvia o olhar de Snape e passa os olhos por todos – "ela também não sabe que estamos aqui!" Dumbledore não conteve uma risada travessa e se pôs em seu assento.
A sala parecia a masmorra, de tão escura. Repentinamente, a porta se abre e por ela passa Edrea acompanhada do fiel Firenze. Com passos decididos e a capa esvoaçante, Edrea abre as janelas com sua varinha a medida que adentra o recinto. A luz do dia domina o ambiente. Edrea se encosta à mesa, encarando os alunos abismados, enquanto Firenze senta ao seu lado.
"A luz é a base para a Defesa contra as Artes das Trevas", diz uma Edrea animada observando que causou um efeito interessante nos alunos mudos. No entanto nota que Firenze olha fixamente um aluno da Sonserina e que este está em pânico.
"Firenze... seja gentil, não assuste meus alunos." Firenze solta um rugido. "Firenze!" Disse enérgica e um tanto zangada para o bichano. "Limite-se ao seu lugar!!" Nisso a grande pantera torna-se um gato preto, sobe na mesa da professora e solta um miado, como que pedindo desculpas. "Assim é melhor". Os professores não contiveram os sorrisos. Snape acompanhava tudo atentamente, com olhos de lince.
"Como já sabem, sou Edrea Gray e estou aqui para ensinar-lhes a Defesa contra as Artes das Trevas." Edrea tira a capa, joga na mesa. Sirius solta um assovio, Lupin dá um beliscão nele. Snape parecia hipnotizado. Escuta Lupin sussurrar à Sirius "Então ela esconde o jogo... Aquela capa guarda belas visões não é mesmo Sirius?" Este concorda com a cabeça. Sobe o sangue de Snape, que se concentra no que Edrea está dizendo.
A bruxa se dirige como uma gata para a mesa, senta-se na cadeira e joga as pernas sobre a papelada da mesa, mostrando as botas de amazonas. Subitamente surge um cristal em sua mão e ela começa a brincar com o objeto. "Qual é a base para a Defesa contra as Artes das Trevas?", pergunta, sem ouvir respostas, nem um pio. Só o tic-tac do relógio de parede.
Rapidamente, o cristal some, Edrea se levanta e se dirige a frente do tablado, com as mãos na cintura. "Por Merlin! Será possível que vocês são bruxos do 5º ano? Ah, acho que não, com medo de um gatinho desses..." disse, apontando Firenze que já estava a sono alto na capa da dona.
"Pelo jeito vocês não prestaram um pingo de atenção no que eu disse, não é mesmo?? Qual é o problema de vocês?" Então Edrea nota que Firenze não estava mais a sono alto, dirigia um olhar à um grupo de sonserinos no canto da sala, entre eles aquele do início da aula. A jovem conhecia bem aquele olhar fixo e viu as coles aquele do stas do felino ficarem arrepiadas. Snape fica apreensivo.
Caminhando-se aos rapazes no canto da sala, Edrea sussurra inaudívelmente "Legimens". Não foi difícil ler o que passava pela mente dos alunos e a professora corou instantaneamente. "20 pontos a menos para Sonserina", fala alto Edrea. Snape fica possesso: "Quem ela pensa que é, eles não fizeram NADA!!" Dumbledore o segura no braço fazendo sinal para aguardar.
Os sonserinos fazem protesto. Edrea os olha com um olhar de tigre, sim, os olhos castanhos humanos se foram, cedendo o lugar para olhos de tigres, amarelos com a típica fenda. Sirius se delicia e Lupin cutuca o amigo para ele parar de rir. Com uma feição muito séria, Edrea se aproxima, ainda com os olhos felinos, olha para o grupo de sua atenção e diz num tom abaixo do normal e letal: "Tais pensamentos não condizem com o lugar em que se encontram senhores." Aumentando a voz, continua "se querem pensar indecências, o façam longe daqui!!" A sala silencia. Os grifinórios e boa parte dos sonserinos pareciam descrer do que ouviram.
Os professores ficam pasmos e olham para Snape, diretor da Sonserina. "Eu... eu vou tomar uma atitude, não se preocupem", avisa Snape, num misto de indignação e ódio pelas atitudes de seus alunos.
Todos os professores voltam as atenções para o tablado. Edrea continuava com os olhos de tigre. Minerva finalmente fala: "Alvo, não é melhor você interferir? Ela está realmente zangada."
"Não Minerva, a srta. Gray tem muito auto-controle, não fará nada de incorreto com os alunos."
Nesse ínterim, Edrea se dirigiu a lousa e escrevia algumas coisas. Snape ainda não se conformava com a atitude dos sonserinos. Nisso escuta Sirius cochichando ao Lupin "Até eu, com uma professora dessas, não ia prestar muita atenção na aula." Snape os fuzila com o olhar. Flitwick pede calma ao mestre das poções e Dumbledore pigarreia pedindo ordem.
Edrea se volta aos alunos, com seus olhos castanhos. Minerva suspira aliviada. "Então, qual é a base para a Defesa contra as Artes das Trevas?", direciona aos alunos, desviando o olhar do grupo de sonserinos que não tiravam os olhos dos cadernos.
Sem muitas esperanças de resposta, Edrea fitou uma mão da Grifinória se erguer.
"Ah, finalmente, uma alma caridosa" disse irônica. "Prossiga."
O grifinório, timidamente, diz "A luz."
"Querido, para que servem os seus pulmões?? Acho que muitos não ouviram. Vamos, diga em alto e bom som."
"A luz professora."
Os professores notaram o rosto da colega se iluminar e um largo sorriso ornamentou sua face. "Isso mesmo Sr. Bottom, a luz!! Lição número 1: nós temos dois ouvidos e uma boca. Assim sendo escutem mais e falem menos, têm muito o que ganharem com essa atitude!"
Risos gostosos foram emitidos pelos alunos e os professores assentaram com a cabeça.
Snape estava como em hipnose, no restante da aula não tirou os olhos da colega, acompanhando cada passo da bruxa.
A aula transcorreu muito bem, obrigada. "Na próxima aula, tragam por gentileza uma dissertação sobre a base da defesa contra as artes das trevas, no mínimo dois pergaminhos, e leiam o capítulo 1. Estão dispensados e tenham um bom dia. Com exceção do fatídico grupo da sonserina." disse, dirigindo um sorriso sarcástico aos alunos que tremiam na base. Os bruxinhos se foram, permanecendo apenas o incógnito grupo ao fundo da sala e os sonserinos abusados.
"Então senhores, o que me propõem?" Disse a frente da mesa, com braços cruzados e um olhar fuzilante.
Silêncio. "O professor Severus Snape é o diretor da Sonserina, não é mesmo?" O grupo confirmou com a cabeça. Edrea reparou que Firenze estava bem desperto, ainda em forma de gato doméstico, mas com os olhos fixos nos garotos. Rosnou.
"Firenze, se acalme. Falarei com o Sr. Snape, ele que cuide desse assunto. Não quero mais ver os seus focinhos. Vamos, SAIAM!!"
Os sonserinos correram em carreira, derrubando cadeiras. Com um gesto da varinha, Edrea as arrumou. Firenze voltou a ser uma pantera e andava nervosamente de um lado ao outro. A bruxa suspira e comenta com o bichano "Calma lá Firenze, eles não iam agir de fato", os olhos da bruxa tornam-se de tigre novamente, relembrando o que viu na mente dos garotos. "Mas, diga-me Firenze, o que achou da minha primeira aula? Nada mal né? Quer dizer, eu acho que foi legal..." Nisso o bicho estava se entrelaçando nas pernas da bruxa, ronronando.
O grupo de professores ainda estava encantado no fundo da sala. Com um movimento da mão, Dumbledore retira o feitiço. Subitamente Edrea olha em direção ao fundo do lugar e nota, contrariada, os colegas caminhando em sua direção.
"O que temos aqui?", cruzando os braços sobre o peito, estreitando o olhar. "É minha impressão ou assistiram a aula sem serem convidados? Não acham que estão um pouco crescidos para acompanhar lições de 5ª série?"
"Sabia que não ia se zangar", dirige-se Dumbledore, abraçando Edrea.
"É impossível zangar-se com o senhor" retribuiu Edrea.
Ela nota que Snape se encontra ao se lado, com Firenze aos seus pés,de barriga para cima, mordiscando a barra de sua calça. Aquela cena foi um espanto aos presentes, com exceção de Alvo. "Olha só, o morcegão enfeitiçou o Firenze", declarou um Sirius abismado. Edrea se pôs a frente da cena. "Qual é a sua Sirius? Se Firenze gosta do Sr. Snape, ele tem uma boa razão para tal."
"E a dona, gosta de cachorros?", disse Sirius com um olhar malicioso, nem ligando para a cara de espanto de seus colegas. Edrea se aproxima dele, como uma gata, sorriso nos lábios, e ronrona no ouvido de Black, para todos ouvirem: "Nunca ouviu falar que gatos não gostam de cachorros?" e se afastou com um olhar penetrante. Alvo não conteve o sorriso maroto, Minerva fez cara de desaprovação para Black, Lupin ficou mudo olhando para o chão, Flitwick e o restante fizeram que não viram.
Snape... bem, Snape deu um meio sorriso, não daqueles gélidos, mas um meio sorriso descontraído e satisfeito com a resposta da colega.
Com os seus pigarrinhos, Alvo chamou a todos para a realidade. "Bem, em nome de todos, parabenizo a senhorita pela significante e encantadora aula que deste. Sinto-me orgulhoso de tê-la em nosso quadro de professores. Se nos der licença, já nos retiramos e, por que não, me desculpo pela maneira travessa que acompanhamos a sua aula!"
"Tudo bem senhor" e sorriu.
Os professores se retiraram. Menos Snape, que tinha o assunto pendente dos sonserinos para resolver. Pelo menos era o que ele respondeu a si próprio, quando interrogado pela consciência do por que ainda estar lá. "Já viu a aula da zinha. Agora vá! - Mas preciso antes resolver a patifaria dos meus pupilos. - Tá... sei..."
Sabendo do que se tratava, Edrea puxou uma cadeira para Snape e convidou-o a sentar-se. Snape sentou-se. Os dois prenderam a respiração quando viram o bichão pulando no Snape, mas graças a Merlin, Firenze tornou-se um gatinho a tempo e se aninhou no colo do mestre das poções.
"É, realmente Firenze te adora! Confesso que nunca o vi agir assim com ninguém... além de mim mesma!"
"É um animal magnífico srta. Gray. E um grande companheiro." Olhou-a no fundo dos seus olhos, tomou uma feição profundamente séria. "Srta. Gray, nem sei como poderei remediar o que meus pupilos lhe fizeram... são jovens inconseqüentes... é impossível proibi-los de ter pensamentos hum... incorretos... eu lhe dou carta branca par a escolher a punição."
"Snape, como você ouviu, não quero mais ver o focinho deles... por gentileza, tome qualquer atitude cabível, o senhor é o diretor deles, sabe dos pontos fracos. Faça o que achar necessário."
Acariciando Firenze, que dormia profundamente em seu colo, Snape assentiu e desviou o olhar daqueles intensos olhos castanhos, direcionando-os para a janela, que mostrava um lindo dia.
Voltou suas atenções a Firenze. "Sinto muito amiguinho, mas o Snape aqui tem aulas a dar." Edrea deu um riso gostoso que encheu o ambiente de calor. Snape olhou-a, um olhar indecifrável, mas a bruxa sentiu que não continha nada de frio ou sarcástico naquele olhar, mas ainda assim não conseguiu compreendê-lo.
Snape entregou o felino dorminhoco a sua dona e com um aperto de mãos disse-lhe, em uma voz aveludada e profunda, "Até o almoço srta. Gray".
"Até."
Já na porta, Snape se volta para ela. "Ah, e parabéns pela aula", com o famoso ar de mestre das poções, com um pouco de sarcasmo na voz e ironia no olhar. Com um farfalhar de capa, o temível mestre das poções se retirou da sala, deixando apenas um Firenze dormindo profundamente, uma Edrea pensativa e um perfume amadeirado que a bruxa sorvia a plenos pulmões.
Edrea vai até a janela, imersa em pensamentos sobre o misterioso Severus Snape.

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