terça-feira, março 28, 2006

É TÃO DIFÍCIL ASSIM? capítulo 3 - texto de Rosa Pellegrino (um toque feminino no Arauto)

Capítulo 3


"Ele realmente não é o que dizem...", pensava enquanto caminhava pelo jardim. Naquele dia só teve a aula da manhã, então aproveitou o tempo livre para circular por Hogwarts. Lembrou-se dos profundos olhos negros, da pose de superior, da voz de veludo, do sorrisinho irônico e cruel e suspirou. "O que você tem Edrea? Tá com problema é? Precisa de remédios. O cara é intragável, frio e calculista... Mas ele me trata diferente... Diferente nada, é só impressão sua..."
Continuou em seu monólogo e nem notou que o objeto de seus pensamentos a acompanhava a distância. "Ela está tão pensativa... Por Merlin, por que você está preocupado com essa zinha!! Mantenha-se longe Severus, largue a mão de agir como tolo..."
Então os olhos deles se cruzam. Edrea sorri e se encaminha para Snape. "Vamos homem, deixa ela aí e suma." Mas as pernas estancaram no chão. Edrea se aproximou sorrindo. "Bom dia Snape! Como foram as aulas?"
"O de sempre srta. Gray... tentando colocar conteúdo naqueles cabeças ocas." Edrea riu. "Que sorriso encantador...", pensou o bruxo. Então, lembrando-se de quem era, adota a máscara irônica mas não consegue dizer nada para irritá-la. "O almoço será servido em 15 minutos."
"Obrigada."
Partiu rapidamente, com a capa aos ventos.
Mas no decorrer dos dias, Edrea nota que algo mudara. Severus Snape era agora mais condizente com o que costumavam dizer dele. Frio, calculista, irônico e cruel. Ele a olhava com indiferença, ou melhor, evitava olhá-la, como se ela fosse uma grande intrusa em Hogwarts. Minerva notou que a colega afundou-se em pensamentos e que não tirou seu olhar do prato durante todo o restante do almoço. "Algum problema querida?"
"Não srta. McGonagall, nada não" e se levantou da mesa, rumo aos seus aposentos. Apesar de parecer distante, Snape acompanhou-a com o rabo dos olhos e suspirou quando Edrea se foi. Alvo se limitou a observá-lo por cima de seus óculos de meia lua.
Edrea chega em seus aposentos e se joga na cama. Firenze acabara de almoçar e estava jogado ao pé da cama, dormindo. "Que diabos está acontecendo?" Ela se viu profundamente entristecida. Fechou os olhos e a imagem dele surge. Era como se ele estivesse em carne e osso lá. Ele sorria sarcasticamente e lia a mente dela. Ouviu sua voz num sussurro: "Então é isso garotinha? Eu, o temível mestre das poções, despertou sentimentos em seu tolo coraçãozinho?" Seguiu-se de uma risada diabólica e ela saltou da cama, sentando. Olhou o relógio. Já passara de uma hora desde que havia ido ao quarto. "Droga dormi. Isso não é bom sinal. Cansada no primeiro dia Edrea?" perguntou-se sem respostas.
A jovem resolveu tomar um banho, para livra-se da súbita canseira e tirar o peso que tomara conta de seu corpo. Durante a ducha, lembrou-se da promessa que fizera a si mesma quando conheceu Snape. "É, o jeito é evitá-lo, para não criar mais animosidades..." Ao sair do chuveiro já se sentia revitalizada. Dirigiu-se ao armário. Pegou uma calça caramelo de camurça, uma camisa com mangas bufantes branca, botou um colete em conjunto com a calça e gostou do resultado ao se olhar no espelho. "Isso, ótimo." Por fim, vestiu as botas, deu uma ajeitada no cabelo e se maquilou de leve.
"Não é o fim se um colega não a suporta Edrea. O ignore" aconselhou sua imagem no espelho. Esta assentiu. Lançou um olhar a Firenze, que a olhava sonolento. "Que você viu nele, hein? Ah, se quiser pode sair, mas não faça nada de incorreto com ninguém me ouviu? Com ninguém, por mais feio que seja o que viste, estamos entendidos?" Firenze encostou a cabeçorra na mão de Edrea, pedindo cafuné.
Nesse ínterim, Snape estava em sua masmorra, lendo interessado umas papeladas. Alvo entra e dirige um olhar paternal ao bruxo. "E então?" Sem levantar os olhos dos papéis, Snape diz, um tanto azedo, "E então o que Alvo?"
"Vamos meu filho, eu te conheço bem. Seu humor oscilou incrivelmente. Será a presença da nova prof..." Alvo não concluiu a frase, Severo o olha estreitamente. "Não diga coisas sem sentido meu prezado amigo... Por um acaso eu não tenho direito a mudanças no humor?" inquiriu sarcasticamente o mestre das poções.
"Certo, certo, não está mais aqui quem sugeriu essa loucura" – frisando essa última palavra. "Severus, saia um pouco e tome ar fresco, a tarde está magnífica e fará bem a você". Alvo se retira, sem dar tempo para que Severus rebata, novamente. "Por que ele sempre me deixa falando sozinho? Ou melhor, nem me deixa concluir?" Snape se alonga na cadeira, olha o teto, respira fundo e ruma para fora das masmorras.
"Ah, esse lugar é incrível", respirando a plenos pulmões o ar puro de Hogwarts, Edrea desce a escadaria do castelo. "Boa tarde srta. Gray."
"Ah, olá Hagrid, boa tarde!"
"O que está achando daqui?"
"É lindo Hagrid, magnífico! Um lugar muito acolhedor e cheio de coisas para se ver!"
"Que bom que gostou srta. Gray"
"Me chame de Edrea, Hagrid!"
"Ok, Edrea" e riu-se.
"Sabe Hagrid, estive pensando, vocês não têm cavalos?"
"Ó sim, temos um estaleiro. Vamos, deixe te mostrar."
Hagrid ficou muito feliz ao notar que Edrea parecia uma criança que ganhara um presente.
"Que maravilha!!"
"Pode escolher um e percorrer Hogwarts a vontade!! Só não vá à Floresta Escura, Dumbledore deve ter lhe avisado."
"Sim, rapidamente. Muito obrigada Hagrid!!"
"Disponha, estou na estufa cuidando de umas lesmas carnívoras, sabe como é..."
"Boa sorte com essas pestinhas."
"Obrigado!"
Hagrid se retirou e Edrea falou com seus botões "Bom homem, é bem a cara dele cuidar de criaturas perigosas... deve ser interessante acompanhar uma aula dele."
Nisso passeava pelo estaleiro e um cavalo em especial chamou a sua atenção. Um lindo garanhão castanho, com a crina brilhante e olhos doces. "Olá meu rapaz. Aceitaria dar um passeio comigo?", disse Edrea abrindo o portão. O cavalo a cumprimentou, dando confiança para que ela montasse. Colocando as luvas, a bruxa o montou e saiu em disparada do seleiro.
Snape passeava sem pensar em muita coisa e foi interrompido em seu silêncio por um grito. "Mas que diabos está acontecendo..." Viu Edrea sair freneticamente do estaleiro montada em seu cavalo!!! "Por Merlin, agora quer surrupiar o meu cavalo!!!" Rápido, como que por magia negra, ele se postou metros a frente da dupla e lançou um feitiço no cavalo.
"Petrificus!"
Com a parada repentina, Edrea perdeu o equilíbrio e foi arremessada para frente. Snape voou e a alcançou, antes que ela se espatifasse no chão. A tomando em seus braços, Snape sentiu a raiva se esvair. Ao identificar o seu "salvador" Edrea ficou uma fera, não a ponto de seus olhos perderem o aspecto humano, mas quase isso.
"O que deu no senhor?" tentando se desvencilhar dos braços perdeu o equilíbrio e quase caiu, não fosse Snape novamente.
"Eu ia fazer a mesma pergunta à senhorita...", olhando-a profundamente.
Recompondo-se e se afastando de Snape, Edrea segue "Eu estava apenas cavalgando. Pelo que sei isso não é proibido ou é Mestre das Poções?", sibilou sarcasticamente.
Com ar de desdém, o bruxo a olhou indolentemente "Não srta. Gray, não me referia ao fato de a srta. cavalgar, mas de surrupiar um cavalo que não lhe pertence", e, lembrando que Focus ainda estava petrificado, desfez o feitiço e se encaminhou ao garanhão.
"Está tudo bem meu amigo?" perguntou ao ouvido do cavalo e este retribuiu com um relinchar.
Edrea olhava aquela cena com um rosto de gozação e ao mesmo tempo provocação. Foi então que ela se assustou. Snape a olhou com todo o ódio possível e sacou sua varinha. "Não ensinaram a srta. que não se deve tomar o que é dos outros?" Por essa Edrea não esperava.
"Professor Snape, peço-lhe mil perdões, mas não tinha nenhuma plaquinha indicando que o cavalo era propriedade privada. Pensei que era da escola e.."
"CA-LA-DA!!"
Aquilo a fez saltar e tremer. Snape se aproximou a passos rápidos e firmes. A cabeça de Edrea estava a mil. "Sai daí, vai. Ah, qual é, você é um animago, ataca ele..." Não concluiu os pensamentos, Snape estava a menos de um palmo dela.
Ela sentia a respiração ofegante dele ricochetear a sua própria pele. Os olhos faiscando de ódio e de... hein?? Não terminou o raciocínio. Ouviu Lupin chamando-a. Snape guardou a varinha e dirigiu ao professor o olhar mais mortal que este já vira.
Lupin chegou correndo e, ofegante, perguntou o que estava acontecendo. Edrea se concentrou. "Relaxe Remo. Vou sugerir ao Dumbledore que ponha placas indicando de quem é cada cavalo..." e olhou Snape com indiferença. "Se me derem licença, vou ajudar o Hagrid com as lesmas carnívoras." E saiu de lá não se sabe como. Suas pernas pesavam, a cabeça girava e o perfume daquele bruxo insolente tomou suas narinas. "Maldição. Quanto mais eu fujo, mais assombração me aparece..."
"Severus, você estava prestes a lançar um feitiço na Edrea?"
"Lupin, cuide de suas coisas. E eu não ia lançar feitiço na srta. Gray, para o seu conhecimento... Agora me dê licença, vou cuidar do Focus."
Lupin jura que algo muito grande talvez tivesse ocorrido se ele não chegasse a tempo...
"O que houve Edrea? Parece que viu um bicho papão", era Hagrid preocupado com a fisionomia da amiga.
"Pior Hagrid, peguei o cavalo do Snape e ele viu... ficou possesso, parecia que enlouquecera... como eu ia saber?"
"Hum, não sei o que dizer Edrea. Snape é um cara fechadão, alguns diriam até cruel, o que discordo, mas realmente não conheço esse lado possessivo dele... realmente é estranho..."
"E as lesmas carnívoras? Como vai indo?" mudou rapidamente de assunto e constatou um Hagrid animado com os progressos do combate a praga.

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