quinta-feira, março 23, 2006
Uma novela sem pé nem cabeça – Capítulo 2 – por Rodrigo Pinto
Enquanto isso num casebre na zona leste de São Paulo, Clotilde....dorme profundamente.
Clóvis levanta-se meio tonto, de ressaca, se apóia no guarda-roupa e esfrega os olhos. Com raiva, desliga o irritante despertador comprado de um ambulante peruano que trabalha no Arouche. Vai cambaleando em direção ao banheiro, e no meio do caminho, esmaga uma barata com a sola do pé descalço. Resmunga alguma coisa, gira o registro e enfia a cabeça debaixo da água gelada. Enquanto refresca as idéias e cura a bebedeira, Clóvis lembra-se do estranho sonho que o assaltou naquela noite. Pensa em Clotilde. Sente alguma coisa. Não sabe explicar, mas aqueles devaneios do subconsciente queriam lhe dizer algo. Sabia que havia qualquer mensagem por trás daquelas cenas. Sem entender, pega uma toalha, enxuga-se, escolhe qualquer peça no armário e sai pra mais um dia de trabalho. Logo que abre a porta, dá de cara com uma testemunha de Jeová, um rapazote com cara de homossexual, engomadinho num terno velho, cheirando a naftalina. Sorrindo, estende um papelzinho com fotos coloridas de pessoas felizes, crianças brincando com leões e elefantes, céu azul e sol brilhando. Clóvis aceita o papel, enfia de qualquer jeito no bolso de trás da calça jeans e dizendo-se atrasado, dribla o fiel e corre em direção do ponto de ônibus mais próximo. Ainda ouve o rapazinho dizer ao longe: "Cuidado, quem não tem tempo para Deus, é porque está ocupado pelo Satanás!"
Nesse exato instante, Clotilde desperta assustada, o coração disparado e o suor escorrendo pelo rosto. Benze-se, e ajoelha para fazer a primeira oração do dia. Ela também havia sonhado. Sonhou com um rapaz, que lhe dizia coisas que não podia entender. Alertava sobre o futuro. Fazia gestos e gritava alucinado, naquela língua estranha. Rezou fervorosamente. Levantou-se e foi para a cozinha tomar café. Ao chegar lá, encontra sua mãe caída de rosto no chão, com pernas e braços numa posição impossível, contorcidos. Grita e leva as mãos à cabeça. Sente a presença do mal.
Clóvis levanta-se meio tonto, de ressaca, se apóia no guarda-roupa e esfrega os olhos. Com raiva, desliga o irritante despertador comprado de um ambulante peruano que trabalha no Arouche. Vai cambaleando em direção ao banheiro, e no meio do caminho, esmaga uma barata com a sola do pé descalço. Resmunga alguma coisa, gira o registro e enfia a cabeça debaixo da água gelada. Enquanto refresca as idéias e cura a bebedeira, Clóvis lembra-se do estranho sonho que o assaltou naquela noite. Pensa em Clotilde. Sente alguma coisa. Não sabe explicar, mas aqueles devaneios do subconsciente queriam lhe dizer algo. Sabia que havia qualquer mensagem por trás daquelas cenas. Sem entender, pega uma toalha, enxuga-se, escolhe qualquer peça no armário e sai pra mais um dia de trabalho. Logo que abre a porta, dá de cara com uma testemunha de Jeová, um rapazote com cara de homossexual, engomadinho num terno velho, cheirando a naftalina. Sorrindo, estende um papelzinho com fotos coloridas de pessoas felizes, crianças brincando com leões e elefantes, céu azul e sol brilhando. Clóvis aceita o papel, enfia de qualquer jeito no bolso de trás da calça jeans e dizendo-se atrasado, dribla o fiel e corre em direção do ponto de ônibus mais próximo. Ainda ouve o rapazinho dizer ao longe: "Cuidado, quem não tem tempo para Deus, é porque está ocupado pelo Satanás!"
Nesse exato instante, Clotilde desperta assustada, o coração disparado e o suor escorrendo pelo rosto. Benze-se, e ajoelha para fazer a primeira oração do dia. Ela também havia sonhado. Sonhou com um rapaz, que lhe dizia coisas que não podia entender. Alertava sobre o futuro. Fazia gestos e gritava alucinado, naquela língua estranha. Rezou fervorosamente. Levantou-se e foi para a cozinha tomar café. Ao chegar lá, encontra sua mãe caída de rosto no chão, com pernas e braços numa posição impossível, contorcidos. Grita e leva as mãos à cabeça. Sente a presença do mal.
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