quinta-feira, março 16, 2006

Valentia

O dia estava chuvoso, eu encostado no balcão sebento daquele buteco sujo esperava ela e viajava no som da água caindo no toldo de lona desbotada, um som que me lembrava muito o baixo de uma musica do Muddy Watters, pensei em perguntar ao paraíba que me serviu a cerveja meio sem gelo se ele também não achava isto, mas desisti primeiro porque ele com certeza não saberia quem era Muddy Watters, segundo porque poderia ser só uma viagem minha devido ao delicioso baseado que eu havia fumado minutos antes.
Olhei para o relógio no anúncio de Malboro colocado sobre o caixa. Será que ela viria mesmo? Há muito tempo ela deixara de atender meus telefonemas e agora do dia pra noite me liga desesperada dizendo que é muito importante me ver e toda aquela balela apaixonada.

Deixo estes devaneios de lado e peço outra gelada:
- Ô Ceará desce mais uma skol, e gelada desta vez hein !
O garçom muito relapso me traz outra cerveja “meio-gelada” penso em xingá-lo, mas ao olhar para o lado tenho a visão mais bela dos últimos meses é ela envergando um vestidinho preto quatro dedos acima do joelho, deixando toda aquela morenice ianomâmi dominar minha visão com seu 1,58 mt de altura, seu corpo bem-feito parece a sensualidade em forma de gente.
Toda essa visão dionisíaca se esvai no momento em que um brutamonte vestido com uma camisa do palmeiras passa por ela diz alguma gracinha e passa a mão em sua bunda, aquela bunda que eu estive sonhando em apertar o dia inteiro.
Ato continuo dou um salto e antes de tocar o chão da calçada em frente ao bar já quebrei a garrafa ainda cheia na cabeça do brucutu com tanta gana que ele desaba no chão. Somente após vê-lo desmontar sobre os músculos anabolizados é que me dou conta que o filho da puta está acompanhado de mais dois tapados, igualmente anabolizados. Passo a mão para trás do jeans que estou vestindo e saco o canivete estilo butterfly que sempre carrego, só o fato de desembainhá-lo com um pequeno malabarismo faz com que os mocorongos hesitem partir pra cima.

Digo quase entre dentes: - E aí? Quem quer me dar a honra de ser o primeiro, a sentir o aço desta gracinha aqui?

Ao longe escuto umas sirenes os otários me olham com ódio e eu prontamente retribuo o olhar. Eles ajudam o cara que levou a garrafada, agora com um talho na testa, a se levantar e saem andando.

Olho pra ela , e vejo seu sorriso maroto como que rindo da minha cara, olho para o garçon e ele me olha com um espanto de quem diz: - Este cara é maluco...

Vou até ela e digo: - você não perde a mania de andar com roupas curtas não é ? – e sorrio
Ao que ela responde: - E você nunca vai deixar de ser esquentado né?

A beijo com lascívia e peço outra cerveja...

2 comentários:

Anônimo disse...

Hehehehe, o meu grande amigo utilizando-se da sua literatura incomum para dar vazão às suas violências!
Tô gostando de ver!
Bjus

Anônimo disse...

IRADO, DEPOIS DE TANTO TEMPO, ME PARECE MELHOR AINDA CARA.