quinta-feira, março 23, 2006

É TÃO DIFÍCIL ASSIM? capítulo 1 - texto de Rosa Pellegrino (um toque feminino no arauto)

É TÃO DIFÍCIL ASSIM?
Por Rosa Pellegrino

Disclaimer: grande parte dos personagens pertence a J. K. Rowling, os outros são de minha criação. Não pretendo lucrar nada com a história e/ou os personagens, apenas me divertir e entreter os leitores. Obrigada.
Par: Severus Snape/ personagem original.
Censura: livre.
Gênero: romance.
Spoilers: acho que nenhum.
Resumo: a nova professora de Defesa contra as Artes das Trevas gera um conflito no Mestre das Poções.
Agradecimentos: ao talentoso e encantador Alan Rickman...
Nota: não foi betada. Desculpem as falhas.

Capítulo 1

Mais um ano se inicia em Hogwarts. Já fazia dois anos que a famosa turma do Harry Potter se formou. Mas algumas coisas nunca mudam: o zelador Filch e sua gata Madame Nor-r-ra perturbando os alunos; o Pirraça fazendo suas travessuras, a Murta que Geme assombrando o banheiro desativado das meninas, a disciplina de Defesa contra as Artes das Trevas ainda parecia amaldiçoada...
Sim, os professores não duravam mais que um ano lecionando a matéria. Não que eles morressem, longe disso, mas sempre acontecia algo que acabava afastando os bruxos incumbidos de ensinar a Defesa. Neste ano, mais uma professora se candidatou e conseguiu a vaga. Tratava-se de Edrea Gray, uma bruxa notável. Sim, notável por ser tão jovem e já capaz de lecionar em Hogwarts.
Dumbledore a trata como filha. Fez questão de comunicar antes a todos os professores sobre a nova aquisição da escola de magia. E, como sempre, quem parece que não gostou nada da história foi Severus Snape, professor de Poções. Era notório o seu desejo em lecionar a disciplina que, mais uma vez, outro bruxo "a tomou", conforme seus próprios pensamentos.
Dumbie disse maravilhas de Gray, e os colegas ficaram muito curiosos, entre eles Remo Lupin e Sirius Black, também professores. "Deve ser outra bruxa doida", Snape lembrando da profª Sibila, que leciona Adivinhação, "ou talvez com segredos escusos", referindo-se a Lupin.
No 1º dia letivo de mais um ano em Hogwarts, após todas as cerimônias de praxe, Alvo Dumbledore finalmente apresentou a nova professora. Todos ficaram encantados. Todos? "Mal saiu das fraldas e leciona Defesa contra as Artes das Trevas?", vociferou em pensamento Snape, erguendo uma sobrancelha e percorrendo a bruxa da cabeça aos pés. Edrea Gray era muito branca, com cabelos curtos e escuros em um penteado jovial e moderno, não chegava aos 23 anos. Vestia calças pretas justas, camisa azul e botas de amazonas. Mas grande parte da composição era omitida pela capa verde que vestia.
Alvo fez questão de apresentar a Srta. Gray ao Snape. Este, por sua vez, deu o seu famoso meio sorriso gélido e depositou um leve selinho na mão da jovem bruxa. Gray já sabia da fama do Mestre das Poções e falou o mínimo possível com o homem alto e frio a sua frente.
Alvo parece ter percebido todas as sensações que percorreram o seu mestre das poções: "Tão jovem, tão inteligente é? Parece que vai ser interessante..." Snape começou a pôr a moça a prova: questionamentos sobre Defesa contra as Artes das Trevas. Um duelo de inteligência e... de egos.
"Por um acaso o senhor está me testando?? Não que eu realmente ligue para tal tipo de provocação, apenas sinto pelo Dumbledore, que depositou sua confiança em mim... assim como o fez à você!!" Após a derrota de Lord Valdermort, no último ano de Potter em Hogwarts, muita coisa veio a tona, inclusive o papel primordial de Snape na luta contra as trevas e da relação de confiança entre Dumbledore e ele.
Não deu tempo de Snape responder. Edrea já tinha dado as costas e se dirigido à porta de saída do Salão. Por sua vez, Snape ficou muuuito estarrecido e indignado. A passos largos seguiu a "atrevida" que o provocou. Dumbie apenas se limitou a um sorriso maroto, enquanto os outros professores acompanhavam curiosos a cena.
Edrea realmente pode comprovar o gênio dos mestres de poções após esse breve embate e prometeu a si mesma que o evitaria ao máximo. "Que deu naquele bruxo? Não fiz nada à ele, nem ao menos me conh..." Um braço forte a puxou para fitar um par de olhos negros e profundos. Edrea, por um momento, ficou hipnotizada. Foi um breve momento, pois a voz rouca e carregada de veneno sibilou: "Não brinque com fogo srta." Snape a puxou para mais próximo de si, Edrea viu um brilho intenso nos olhos dele e temeu pelo que poderia acontecer.
"Severus, deixe a moça em paz. Já vai amaldiçoá-la por ela lecionar Defesa??", dirigiu-se em um tom zombeteiro Sirius, que seguiu o casal e ficou um tanto arrependido por ter interrompido a cena. "O que será que o morcegão ia fazer com a gatinha??", pensou ironicamente Black.
"Sirius, vá caçar um osso no jardim", disse Snape um tanto contrariado.
"Ora, ora, Severus... conheço o seu rancor quanto a não ser escolhido para lecionar Defesa, mas atacar uma bruxinha tão encantadora..." Era a vez de Lupin atazanar Snape.
Ninguém viu, mas subitamente Edrea mostrou um pouco a que veio: transformou-se em um tigre e fugiu daquela situação o mais rápido que pode. "Um animago... Fantástico!!", disse Sirius seguindo com os olhos o belo animal que repentinamente sumiu ao cruzar a esquina do corredor.
"Tsk tsk... Não sabia que os ânimos aqui estavam tão... estimulados."
"Perdão Alvo, mas ela se mostrou muito... atrevida. Isso eu não admito", tentou se explicar Snape.
"Claro Severus... entendo." Era perceptível um sorrisinho. "E vocês dois? O que fazem aqui?", dirigiu-se Alvo à Sirius e Lupin.
"Notei que a bruxinha tirou o morcegão aí do sério", riu-se Sirius.
"É, se não tivéssemos chegado, talvez ele a amaldiçoasse", Lupin tentou parecer o mais sério possível, mas não conseguiu esconder o tom zombeteiro em sua voz.
"Voltem ao salão, a festa ainda não acabou", solicitou Alvo. "Menos você Severus." Sirius e Lupin se retiraram.
Snape fitou o velho amigo. "Sim Alvo, o que eu tenho que fazer?"
"Será que preciso dizer?", Alvo estava com um sorriso estranho, conclui Snape. "Certo Alvo, já trago ela".
Em um instante Alvo havia partido, antes mesmo de Snape perguntar aonde eram os aposentos da Srta. Gray. "Maldição!! Como vou achar essa zinha???"
Então, aquele momento lhe voltou à mente: ela em seus braços, olhando-o com um misto de raiva e receio... seu perfume o invadindo... seus olhos castanhos grudados aos seus... O som de risadas o trouxe a realidade e ele seguiu no corredor, como o tigre havia feito.
Suspirando, notou uma escada. Seguiu e chegou a uma encruzilhada. "Diacho, e agora?? Ah Alvo, sei que não me disse aonde é o aposento da bruxa só para eu me perd..." Foi então que ele ouviu uma música, calma, doce e incrivelmente melancólica. Seguiu em direção ao som e parou em frente a uma porta de mogno, com rosas e gatos talhados. Seus dedos longos percorreram as formas talhadas.
Deu duas batidas, a porta se abriu sozinha. Snape entrou silenciosamente no recinto. A música vinha do fundo do lugar. Olhou a sua volta. Era uma sala de aula. Seguiu até o outro lado da sala e mais uma porta o interrompeu. Uma porta bem maior, ainda de mogno, mas parecia um portal, com os mesmos gatos e rosas entalhados. Mais uns toques na porta. A música finda.
Edrea abre a porta e seus olhos lhe dizem tudo: um misto de espanto, raiva e receio... "Sr. Snape, em que posso ajudá-lo?", disse com a voz firme.
"Srta. Gray, peço-lhe desculpas pelos meus modos instantes atrás e, em nome de Dumbledore, convido-a a se juntar conosco na festa", disse Snape de modo frio e calculado.
"Alvo? Perdoe-me, mas só aceito o convite quando este é feito pessoalmente pela pessoa interessada", e fez um rápido movimento para fechar a porta na cara do Snape. Mas Snape foi mais rápido, bloqueou a porta com a mão esquerda e segurou o pulso de Edrea com a direita. Empurrou-a para dentro e trancou a porta.
Edrea ficou horrorizada, quis berrar, mas parece que Snape leu sua mente. "Não adianta gritar Srta. Gray, ninguém a ouvirá com aquela festa toda". Por alguns instantes que pareceram eternos, Snape ficou fitando-a, como se estivesse invadindo a sua alma e sua mente. Os olhos negros invadiam os de Edrea, que por sua vez tentava não demonstrar o quanto tremia.
Finalmente, Edrea acabou com o silêncio. "O que eu lhe fiz Sr. Snape? Faz minutos que fomos apresentados e o senhor me odeia!!"
Com aquele sorrisinho sarcástico mas incrivelmente sedutor, Snape se limitou a ceder seu braço para que pudessem ir ao salão comunal. Edrea apenas o fitou com olhos indecifráveis, ignorou a oferta e deixou-o sozinho.
Snape não freiou a curiosidade e percorreu o local. O lugar era acolhedor, com muitas samambaias pelas paredes, paredes verdes, uma mesa perto da janela, com tudo muito organizado. Foi então que ouviu um ruído. Um rosnar de felino. "E agora, voltou como um grande bichano??" disse ao nada, já que constatou que não era Edrea.
Qual não foi o seu espanto ao ver uma pantera negra vindo em sua direção, não se sabe de onde, com um par de olhos fixos nele. "Por Merlin!!" Foi apenas o que lhe passou na mente. Mas a pantera o surpreendeu. Sentou-se na sua frente, analisou o homem e, estranhamente, começou a ronronar e se entrelaçar nas pernas de Snape, fazendo-o quase cair com a força do bichano. Um tanto espantado, Snape começou acariciar a fera, que deitou-se ao seus pés, pedindo mais carinho. "Desculpe amiguinho, mas não posso ficar" disse e saiu sem olhar para trás.
Ao retornar ao salão, viu que Edrea deveria estar se divertindo muito, conversando com Sirius e Lupin. "Aqueles dois, não perdoam uma." A jovem se afastou dos dois falantes bruxos e se dirigiu a porta, rumo aos jardins. Mas não saiu. Admirou-o de lá mesmo. Não notou Snape se aproximar por trás.
"Que animal encantador a srta. tem", disse Snape ao pé do ouvido dela, com um tom baixo que a fez repentinamente tremer. "Como disse", virou-se Edrea, mas essa agora tinha o pânico estampado no rosto. "Disse-lhe que tens um animal encantador". Como se não acreditasse no que via em sua frente, Edrea observou Snape por inteiro e até o tocou no rosto, como se ele fosse um fantasma.
"Que houve?", sussurrou Snape.
"Fi... Firenze!! O que o senhor fez com ele?" Disse ao mesmo tempo em que partia para cima de Snape com os punhos cerrados batendo no peito do mestre das poções.
"Mulher, contenha-se!!", segurou os seus pulsos e a trouxe para perto dele. "Eu não fiz nada, qual é o seu problema?"
"Er..." tentou se desvencilhar mais uma vez de Snape.
"Perdão" e a soltou. "Vamos ao jardim", solicitou o bruxo.
Edrea o acompanhou murmurando "não entendo, eu não entendo..."
Chegando ao jardim, Snape se posta a sua frente e pergunta, com toda aquela pose de mestre das poções, "O que a srta. não entende?"
"Firenze... O que ele fez ao senhor?"
"Nada, ou melhor, se enroscou em minhas pernas e ronronou como um gatinho doméstico, pedindo carinho."
"O QUE??"
"Isso é tão terrível Srta. Gray?"
"Firenze não admite estranhos... ele tem a capacidade de ver o íntimo das pessoas e se não gostar do que vê as ataca, caso eu não esteja por perto é lógico... eu não o deixo sozinho por aí... só nos meus aposentos..." desatou a falar nervosamente.
Snape abriu um largo sorriso sarcástico. "É, pelo jeito o Firenze gostou do que viu." Divertiu-se ao vê-la com cara de confusa, tentando descobrir o que estava de errado. "Algum problema?"
"Ele também não aceita quem não gosta de mim", comentou Edrea enquanto se aproximava de Snape. "Qual é a sua?", perguntou ao mestre das poções, para total espanto dele.
"Qual é a minha? Não me faça rir srta. Gray. Apesar dos falatórios eu não sou um monstro e muito menos amaldiçoou quem é incumbido de lecionar Defesa."
Edrea corou e pediu desculpas. Virou-se para entrar, mas novamente o braço de Snape a pegou e, puxando-a, olhou-a nos olhos e disse num ronronar "Eu já havia lhe pedido desculpas pelos meus modos anteriormente. Espero que agora a srta. as aceite de bom grado." Edrea se limitou a concordar com a cabeça. Os sons e risadas fizeram Snape voltar a si próprio e a tomar controle de seu instinto. Soltou-a. "Vamos entrar." E seguiram para o salão. No restante da festa, evitaram o contato. Mas Edrea sentia os olhos negros a observarem freqüentemente. Mas não se atreveu a verificar se era verdade ou apenas efeito do vinho.

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu tive a oportunidade de ler em primeira mão. Rosa, ficou show de bola.
Queremos mais !!!

Anônimo disse...

O arauto precisava mesmo de um toque feminino!!
A história é bem instigante, consegue prender a atenção do leitor. O texto está repleto de detalhes, o que leva o leitor a enriquecer sua imaginação e viajar neste outro mundo.
Adorei, ficou muito bom mesmo.

Anônimo disse...

É gente, tem mais 6 capítulos, totalizando 27 páginas... E outra fic tb, mas isso é mais pra frente. Brigadão pelos reviews!

Minduin disse...

mandou bem Rosa!