quarta-feira, março 29, 2006

É TÃO DIFÍCIL ASSIM? capítulo 4 - texto de Rosa Pellegrino (um toque feminino no Arauto)

Capítulo 4



Eles não se viram até o jantar. Nessa hora, constatou uma Edrea distante e que não o olhou sequer por um segundo. "Menos mal" concluiu Snape.
"Severus, venha até meus aposentos após o jantar", Alvo o interrompera em seus pensamentos.
"Sim senhor."
Snape viu quando Edrea se retirou, antes de terminar o seu jantar. Depois acompanhou Alvo até os aposentos do velho amigo.
"Sente-se", indicou Alvo. "Sabe Severus, fiquei realmente muito preocupado com a sua atitude de hoje a tarde."
Severus fez uma cara de surpresa e indignação. "Aquela atrevida falou exatamente o QUE ao senhor?"
"A Srta. Gray" – frisou – "não me disse nada. Lupin veio até mim um tanto preocupado. Disse que nunca o virá tão transtornado, ainda por cima por causa de um cavalo!!"
"Aquele Lupin, além de intrometido é um fofoqueiro", disparou Severus.
"É tão difícil assim?"
"O que Alvo?"
"Boa noite Severus."
"Mas Alvo..."
"Boa noite" repetiu o sábio bruxo.
Snape se retirou mudo e foi direto para as masmorras.
Em seus aposentos, Edrea sentia-se um lixo... "É Edrea, a vida tem seus problemas meu bem... para quem nunca ligou para que os outros dizem, você está valorizando muito o que aquele amargurado faz contigo..." zombou o seu reflexo no espelho. "Ah vai pro inferno", vociferou para a imagem. Jogou-se na cama, sem trocar de roupa, acompanhada de uma garrafa de vinho. Firenze a olhava sem compreender. Aquela noite Edrea teve seu primeiro porre.
Firenze saiu após ver que a dona adormecera e se encaminhou às masmorras. Lá, arranhou a porta e rugiu para chamar a atenção.
Qual não foi o espanto de Snape ao se deparar com o bichão a sua porta, entrando sem cerimônia. "Olá Firenze! O que o traz aqui uma hora dessas?" O felino o surpreende novamente: senta-se a sua frente, fixa o olhar e o analisa como da primeira vez que se viram. Dando um muxoxo, Firenze finalmente se deita, cruza as patas e apóia a cabeçorra nelas, sem desviar o olhar inquiridor de Snape.
"O que eu fiz?" sussurra Snape. Mas ele já sabia a resposta. "Firenze, eu..." disse ao mesmo tempo em que ia ao bichão. Este desvia desdenhosamente o olhar e solta um som indefinível, algo como um 'humph'. Subitamente, a pantera se levanta e puxa Snape pela calça. "Ok Firenze, me mostre o que você quer." E seguiu o bicho.
Suas desconfianças estavam certas. Firenze o levava aos aposentos de Edrea. Ao chegar, nota que está tudo muito quieto, uma preocupação toma por fim todo o seu ser. Snape entra num local desconhecido, e avalia com uma ponta de satisfação se tratar do quarto da colega. O lugar estava quase que na penumbra, não fossem algumas velas que iluminam parcamente o recinto. Os olhos de Snape são atraídos magneticamente para a cama e vê que um corpo lá está. Se aproxima ao mesmo tempo em que Firenze sobe e se senta na cama. Era Edrea dormindo profundamente.
Seu pé bate em algo. Olhando para o chão, o bruxo se abaixa e pega uma garrafa vazia. Lê o rótulo, cheira a essência. "Até a última gota", comenta e volta suas atenções a Edrea. Foi então que uma mancha o atraiu mais ainda. A mão da bruxa jazia numa exagerada concentração de sangue no lençol.
Snape dá a volta na cama e consegue ver o motivo: cacos de cristal compunham a cena, alguns cravados profundamente na bela mão da moça, outros largados a sua volta. Snape olha rapidamente para o felino, que acompanhava tudo atentamente. O bruxo remove os cacos com um feitiço e começa os cuidados com a bruxa adormecida. Primeiro retira caco por caco e vê que a mancha não é à-toa: há cortes profundos. Depois conjura alguns ungüentos e toalhas. Limpa delicadamente a mão e aplica carinhosamente os remédios. Por fim envolve os ferimentos com curativos e sorri ao notar que o sangue estancara.
Volta-se para o outro lado da cama e olha atentamente cada detalhe daquele rosto adormecido, memorizando cada traço, como se fosse uma pintura renascentista incrível ou como se nunca mais pudesse vê-los novamente. Sem pensar, dirigi-se aos lábios da bruxa, mas a sua razão o freia novamente. "Por Merlin, qual é o seu problema Severus?" Contenta-se em depositar um beijo carinhoso na testa. Acena com a cabeça ao bichano e sai sem dizer nada.
De volta as masmorras, Severus estava totalmente imerso em um turbilhão de acontecimentos. Sua razão tentava, cada vez mais dificilmente, o trazer ao seu equilíbrio, mas o seu lado sempre oprimido das emoções teimava em se posicionar, dando um ultimato ao bruxo em estado de confusão. Aquela noite, Snape custou a dormir e quando o fez, o fez muito mal, acordando um traste na manhã seguinte.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não gostei.
Vai ver pq eu não gosto de Harry Potter.
Quero seus textos de volta, NOW!